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Químicos

- Publicada em 08 de Maio de 2023 às 18:36

Abiquim critica demora na retomada do Regime Especial da Indústria Química

Setor espera por regulamentação da Lei 14.374 ainda em 2023

Setor espera por regulamentação da Lei 14.374 ainda em 2023


BRASKEM/DIVULGAÇÃO/JC
Suspenso no ano passado, o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) é considerado como um instrumento fundamental para a competitividade das empresas brasileiras desse setor. A perspectiva era que o apoio a esse segmento fosse recuperado pela Lei 14.374, que trata de incentivos tributários para centrais petroquímicas e companhias químicas, mas apesar da norma ter sido sancionada em 2022, ainda não foi regulamentada.
Suspenso no ano passado, o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) é considerado como um instrumento fundamental para a competitividade das empresas brasileiras desse setor. A perspectiva era que o apoio a esse segmento fosse recuperado pela Lei 14.374, que trata de incentivos tributários para centrais petroquímicas e companhias químicas, mas apesar da norma ter sido sancionada em 2022, ainda não foi regulamentada.

“A gente pediu ao governo federal que regulamentasse a lei e não foi feito até agora, já estamos no quinto mês do ano e nada”, lamenta o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro. Apesar disso, o dirigente espera que o Reiq possa ser retomado ainda em 2023. O regime prevê redução do PIS e da Cofins incidentes sobre a compra de matérias-primas químicas básicas da primeira e da segunda geração, como nafta, eteno, butadieno, polietileno e polipropileno.
Cordeiro ressalta que, apesar da tendência da recuperação do incentivo, o benefício não será da mesma intensidade que foi no passado. Para 2023, a perspectiva com a retomada do Reiq era que as alíquotas de PIS e Cofins na aquisição de matérias-primas químicas fossem de 1,39% e 6,4%, respectivamente. Outra preocupação da Abiquim é quanto à oferta competitiva de insumos considerados essenciais para a cadeia produtiva, como o gás natural.
Nesse sentido, o presidente-executivo da entidade salienta que nesta segunda-feira (8) foi anunciada a parceria entre Equinor, Repsol e Petrobras para explorar um enorme campo de gás, no bloco BM-C-33, que fica na Bacia de Campos, na costa do Rio de Janeiro. É esperada uma produção de cerca de 16 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia através desse campo (o que representa em torno de 15% do volume do combustível consumido atualmente no País). “A indústria química vem dizendo há um bom tempo, com o setor produtor de óleo e gás, que o Brasil é uma nação rica em gás natural”, frisa Cordeiro. Ele lembra que esse combustível é um insumo fundamental para a indústria química, tanto como matéria-prima como para a geração de energia elétrica.
De acordo com o dirigente, aproximadamente um terço do consumo industrial de gás natural no País é devido ao segmento químico. Além das reservas brasileiras, o representante da Abiquim cita que há expectativas de novas ofertas na região, com a jazida de Vaca Muerta, na Argentina. “O que acontece é que o gás (nacional e importado) não chega a preços competitivos para a indústria hoje, infelizmente”, diz Cordeiro. Ele informa que o combustível vendido no Brasil custa cerca de US$ 18 o milhão de BTU, enquanto nos Estados Unidos tem o preço estipulado entre US$ 3 e US$ 5. O dirigente espera que, com o aumento da oferta de gás, o preço do insumo caia no País, podendo chegar a patamares de US$ 6 a US$ 7.
O integrante da Abiquim enfatiza que o setor químico precisa planejamento e diretrizes, pois se trata de um mercado de longo prazo, com investimentos vultosos, e por isso o papel do governo é fundamental. “O governo tem que desenhar uma política pública de oferta de gás natural, a preço competitivo, para a indústria”, defende. Nesse contexto, Cordeiro é um dos apoiadores do programa Gás Para Empregar, formatado pelo governo federal, que projeta o aumento da oferta de gás natural da União no mercado doméstico.
Ele complementa que a indústria química prevê, entre as contrapartidas à iniciativa, investimento na ordem de R$ 70 bilhões que envolve aportes em plantas de metanol, fertilizantes, petroquímicas, entre outros. O número é elevado, contudo se trata de um setor que movimenta montantes consideráveis. O faturamento líquido da indústria química brasileira no ano passado foi de US$ 187 bilhões. Já o déficit da balança química brasileira em 2022 foi na casa de US$ 64,8 bilhões, um incremento de 40,3%, em relação ao ano anterior.

Processo de venda da Braskem avança

Uma das maiores empresas da indústria química nacional, no caso especificamente do segmento petroquímico, a Braskem, encontra-se cada vez mais próxima de ter sua alienação consolidada. Nesta segunda-feira (8), em fato relevante encaminhado pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi informado o recebimento de uma proposta de compra, não vinculante, “a qual será avaliada em conjunto com as demais partes interessadas”.
A nota não menciona quem teria feito a investida, mas informações da Agência Estado indicam que a Adnoc, estatal de petróleo de Abu Dhabi, e o fundo de private equity (investimento em empresas) norte-americano Apollo querem comprar o controle da Braskem. Para tentar avançar com o negócio, ofereceram perto de US$ 7,2 bilhões – R$ 36 bilhões pelo controle de uma das maiores petroquímicas do mundo, atualmente nas mãos da Petrobras e da Novonor (antiga Odebrecht).
Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, ainda há muitos rumores sobre o assunto. “Passaram os últimos três, quatro anos, no mínimo, se fazendo especulação da venda ou não da Braskem”, recorda. Ele argumenta que o ponto mais importante para o setor são as decisões de investimento da empresa, independentemente de quem seja seu controlador.