Bares e restaurantes continuam segurando preços em 2023, indica Abrasel

Números da inflação de março mostram que estabelecimentos resistem a aumentar o cardápio, mesmo em um momento de dificuldade para operar

Por JC

TOBIAS SCHWARZ/afp/jc
Alimentação, Buffet, hospital, comida Picture taken on January 19, 2021 shows food being prepared in the kitchen of the "Ernst von Bergmann" hospital in Bad Belzig, eastern Germany, ran by former Michelin Star decorated German chef Peter Fruehsammer. - Originally, he was only supposed to advise and coach here for a short time. But the project was so successful that Fruehsammer stayed. The better food is meant to be a sign of appreciation and gratitude to the health care workers. (Photo by Tobias Schwarz / AFP)
A inflação nos bares e restaurantes foi de 0,60% no mês, contra 0,71% do índice geral no País, segundo dados do IPCA divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE. No ano, o aumento na alimentação fora do lar acumula alta de 1,67%, também abaixo do índice geral, que foi de 2,09% no primeiro trimestre de 2023. Os números corroboram pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) feita em março, apontando que 60% dos bares e restaurantes não têm conseguido aumentar os preços para acompanhar o índice geral (32% fizeram reajustes apenas para acompanhar a inflação e 8% disseram ter conseguido aumentar acima do índice geral).
“Os três primeiros meses do ano foram para aguardar as movimentações do novo governo, ver o que vai surgir de programas, o que será desenvolvido como ajuda ao setor e qual rumo a economia brasileira vai tomar. É um compasso de espera. Ninguém mudou rumo de negócios, apenas focaram naquilo que já faziam", explica João Melo, presidente da Abrasel no RS, que completa: "A inflação deu uma variada, o que é sempre preocupante para o setor. Temos que ficar atentos. A dificuldade é compreender como isso vai impactar nos custos de cardápio, que não estão sendo repassados ao consumidor por conta do medo de perder público".
Na comparação dos últimos 12 meses, a inflação foi de 7,99%, acima da inflação geral (de 4,65%) e quase em linha com o aumento dos alimentos e bebidas (7,29%). O aumento ainda reflete uma recuperação na segunda metade de 2022, após o período de restrições em função da pandemia que ainda afetou o começo do ano passado. O subitem que mais teve aumento foi o lanche (12,34%), enquanto a refeição subiu abaixo da média, com 5,97%. Neste ano, a tendência se acentua, com o lanche subindo 2,72%, contra 1,17% no preço da refeição no primeiro trimestre.
“Estamos aguardando o que acontecerá a nível de nacional para poder planejar estratégias pro setor. Vai depender da taxa de juros, dos custos de importados e produtos baseados em dólar. Precisamos do apoio do governo e da economia aquecida, mas também analisando o próprio negócio, sem esperar a salvação vindo apenas do poder público”, completa o presidente da Abrasel no RS.