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Dólar fecha abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez no ano
Inflação ao consumidor nos EUA aquém do esperado para março impulsiona ativos de risco e Ibovespa sobe 0,64%
O dólar emendou o segundo pregão de queda firme na sessão de ontem e rompeu a barreira de R$ 5,00 no fechamento pela primeira vez desde início de junho de 2022, em dia marcado por perdas da moeda americana no exterior. O real apresentou o melhor desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, seguido de perto pelo peso colombiano. Operadores voltaram a relatar fluxo de recursos estrangeiros para ações e renda fixa local, além de fechamento de câmbio por exportadores e desmonte de posições defensivas no mercado futuro.
Já favorecidas pela alta das commodities diante de sinais positivos da economia chinesa, divisas emergentes, em especial latino-americanas de países com juros altos, ganharam impulso extra nesta quarta-feira com a divulgação do resultado abaixo do esperado do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em março. Embora o processo de desinflação ainda seja lento, cresce a percepção de fim iminente do aperto monetário, com provável alta residual de 25 pontos-base em maio.
Por aqui, ainda reverberam nas mesas de operação a desaceleração forte do IPCA em março e a possibilidade de inclusão de travas extras à expansão de gastos na proposta do novo arcabouço fiscal, em meio a sinais de que o presidente Lula teria arbitrado a favor da equipe econômica na disputa com a ala política do Planalto.
Tirando uma alta bem pontual e limitada nos primeiros minutos de negócios, o dólar operou em baixa firme ao longo do dia. Com mínima a R$ 4,9176 (-1,79%) no fim da manhã, a moeda encerrou a sessão em baixa de 1,31%, cotada a R$ 4,9417 - menor valor de fechamento desde 9 de junho de 2022 (R$ 4,9156). A divisa já apresenta perdas de 2,30% na semana e de 2,50% em março, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 6,41%.
O Ibovespa, por sua vez, parecia que reconquistaria a linha dos 107 mil pontos nesta quarta-feira, nível não visto em fechamento desde 23 de fevereiro, e no melhor momento, à tarde, chegou a tocar os 108 mil na máxima, também o maior patamar intradia desde 23/2. Após salto de mais de 4% na sessão anterior, quando havia registrado o maior ganho diário desde o começo de outubro, a referência da B3 subiu ontem 0,64%, aos 106.889,71 pontos, entre mínima de 106.216,58 e máxima de 108.277,02, saindo de abertura aos 106.217,90 pontos.
Na semana, o índice avança 6,02% e no mês, 4,91%, reduzindo a perda do ano a 2,59%. O giro foi a R$ 59,8 bilhões na sessão, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, em recuperação de volume que havia se esboçado na véspera, quando retomou a casa dos R$ 30 bilhões.
Desde o exterior, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, abaixo do esperado para março, deu suporte ao apetite por ativos de risco, sustentando novo dia de realinhamento de preços na B3, que na terça-feira tinha experimentado o entusiasmo em torno da leitura sobre o IPCA de março, com o acumulado em 12 meses abaixo do teto da meta, algo que não era visto havia alguns anos.
"A desaceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, praticamente em linha com o esperado, de 6% ao ano em fevereiro para 5% ao ano em março, foi bem importante para os movimentos do mercado pela manhã, com os juros das Treasuries de 10 anos retirando prêmio", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, observando que a inflação ao consumidor nos EUA chegou a atingir 9,1% ao ano em junho passado.
À tarde, contudo, os índices acionários de Nova York se firmaram em baixa, nas mínimas do dia, após a ata do Federal Reserve referente à sua mais recente reunião de política monetária. O Fed projeta que os Estados Unidos deverão passar por uma "recessão leve", que deverá iniciar no fim deste ano, em resposta aos "efeitos econômicos dos recentes desdobramentos do setor bancário", seguida de uma recuperação da atividade nos dois anos seguintes.