O ano de 2023 tem verificado importantes ações na área de energia eólica offshore (no mar) no Rio Grande do Sul. Neste primeiro semestre, já houve o ingresso no Ibama de mais um projeto dessa natureza a ser instalado no Estado (hoje são 22), da empresa Chiri Renovables, visita do grupo Shizen ao governador Eduardo Leite para apresentar seus empreendimentos e buscar amparo para as suas iniciativas e o anúncio de que Porto Alegre sediará o primeiro Wind of Change - Encontro de investidores em Hidrogênio Verde e Eólicas Offshore/Nearshore (18 e 19 de abril, no Hotel Laghetto Moinhos). Além disso, a Petrobras e a Equinor firmaram acordo para avaliar a viabilização de sete usinas no Brasil, sendo duas delas na costa gaúcha.
No caso dessas companhias, foi assinada uma carta de intenções que amplia a cooperação entre ambas para analisar as condições técnico-econômicas e ambientais de estruturas com potencial de geração de até 14,5 mil MW (mais de três vezes a demanda média de energia do Rio Grande do Sul). No Estado, estão previstos para serem construídos os parques Atobá (a ser implementado entre São José do Norte e Mostardas) e Ibituassu (na região entre Capão da Canoa e Tramandaí).
O primeiro desses empreendimentos é planejado para ter uma capacidade instalada de 2490 MW e o segundo para 2010 MW. O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, considera a participação de uma empresa do porte da Petrobras no setor eólico offshore como um fator muito positivo para fortalecer o ambiente ao redor dessa proposta.
O dirigente reforça que o Estado tem vocação para trabalhar iniciativas nessa área. Atualmente, os gaúchos têm perdido espaço no desenvolvimento de empreendimentos eólicos onshore (em terra) para o Nordeste devido aos ótimos ventos e à presença da indústria do setor naquela região. No entanto, no que diz respeito aos complexos a serem instalados no mar, Sari argumenta que se trata de “um novo jogo”, porque o Sul pode ter um potencial de ventos até melhor do que o Nordeste e ainda conta com o porto de Rio Grande para dar apoio logístico a essa cadeia.
Para o dirigente, a operação dos primeiros parques eólicos offshore no Brasil já deve ser uma realidade a partir do começo da próxima década. Conforme ele, algumas questões, como a forma de comercialização e precificação da geração, serão pontos essenciais para o início do aproveitamento real dessa fonte de energia. Para discutir esse e outros temas, o Sindienergia-RS, em parceria com a companhia de eventos Viex, promoverá o Wind of Change - Encontro de investidores em Hidrogênio Verde e Eólicas Offshore/Nearshore.
A diretora de Operações e Sustentabilidade do sindicato, Daniela Cardeal, destaca que será um encontro de negócios e que abordará assuntos relevantes para essa área (como regulação, licenciamento ambiental, mercado, entre outros). Ela salienta que o tópico da energia eólica offshore transcorre paralelamente aos da transição energética e da produção de hidrogênio verde (que precisa de uma fonte de energia renovável para ser gerado).
Participarão do encontro na capital gaúcha representantes de empresas, governos, Ibama, Marinha, consultorias ambientais, entre outros. “Precisamos começar a desenvolver uma estrutura, uma cadeia de suprimentos para o setor”, defende Daniela. O presidente do Sindienergia-RS acrescenta que é preciso que o Estado estabeleça uma posição sobre esse tipo de geração de energia. “A ideia é firmar o Rio Grande do Sul como estado offshore”, finaliza Sari.