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Economia

Missão RS ao Cazaquistão

- Publicada em 11 de Abril de 2023 às 15:55

Cazaquistão pode entrar no mapa de negócios do Rio Grande do Sul

Primeira agenda oficial da comitiva liderada pela Fiergs foi reunião com Ministério das Relações Exteriores do Cazaquistão

Primeira agenda oficial da comitiva liderada pela Fiergs foi reunião com Ministério das Relações Exteriores do Cazaquistão


Dana Karagulova/Divulgação/JC
Guilherme Kolling, de Astana (Cazaquistão)O Cazaquistão é pouco noticiado na imprensa brasileira. Nas últimas semanas, por exemplo, o país da Ásia Central foi citado na área esportiva. A tenista Elena Ribakyna, uma das melhores do mundo na atualidade, representa o Cazaquistão e conquistou o torneio feminino de Indian Wells, além de ter ficado em segundo lugar na disputa em Miami, ambos campeonatos disputados nos Estados Unidos.
Guilherme Kolling, de Astana (Cazaquistão)

O Cazaquistão é pouco noticiado na imprensa brasileira. Nas últimas semanas, por exemplo, o país da Ásia Central foi citado na área esportiva. A tenista Elena Ribakyna, uma das melhores do mundo na atualidade, representa o Cazaquistão e conquistou o torneio feminino de Indian Wells, além de ter ficado em segundo lugar na disputa em Miami, ambos campeonatos disputados nos Estados Unidos.
Outra nota que ganhou o noticiário esportivo, no fim de março, foi a surpreendente vitória da seleção masculina de futebol do Cazaquistão sobre a Dinamarca nas eliminatórias da Eurocopa – também por ter sido uma virada heroica e inusitada, a equipe cazaque perdia em casa por 2 x 0 da tradicional seleção dinamarquesa e buscou a vitória de 3 x 2 aos 43 minutos do segundo tempo.

Pois agora o Cazaquistão pode ir além das páginas esportivas e ganhar o noticiário econômico no Brasil, especialmente em solo gaúcho. “O Cazaquistão pode entrar definitivamente no mapa de negócios do Rio Grande do Sul”, resumiu o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Gilberto Petry, que também é vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e saiu entusiasmado após a primeira reunião com representantes do governo local.
Petry, que está à frente da delegação gaúcha, classificou como muito bom o encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores do Cazaquistão, Almas Aidarov, na tarde desta terça-feira, 11 de abril, primeiro dia da missão empresarial para prospectar negócios. “Fomos muito bem recebidos pelo vice-chanceler do Cazaquistão, com uma equipe jovem e focada”, informou após o encontro, realizado de forma reservada, sem a presença da imprensa.


O presidente da Fiergs avalia que o país asiático está muito interessado em ampliar o comércio exterior bilateral, e pode se tornar um parceiro do Rio Grande do Sul. “O Cazaquistão é um grande desconhecido, pelo menos para o Brasil. E eles têm oportunidades muito boas, contam com recursos naturais, minérios. Esse encontro abre boas perspectivas. Eles ainda têm dependência da Rússia e estão buscando alternativas (no comércio).”

As conversas tiveram início através de embaixadas e entidades representativas da indústria. Diplomatas do Cazaquistão e representantes da QazIndustry, equivalente à CNI, demonstraram otimismo na última agenda do dia, essa aberta aos jornalistas, especialmente por se tratar da primeira missão brasileira ao país asiático. As conversas tiveram início através das embaixadas e se consolidaram com a realização do 1º Encontro do Comitê Bilateral Brasil-Cazaquistão, realizado no ano passado na Fiergs em Porto Alegre.

Um dos executivos da QazIndustry vê como fundamental essa aproximação, com troca de cartões, conversas olho no olho e mapeamento de oportunidades de negócios. Um dos momentos importantes para essa consolidação está na agenda desta semana.
Setor de fertilizantes pode abrir portas

Nesta quinta-feira, será realizado em Astana o 2º Encontro do Comitê Bilateral Brasil-Cazaquistão e há expectativa de avanços para a concretização de negócios. O comércio exterior entre os dois países foi de US$ 190 milhões em 2022, cifra que tem muito potencial para crescer, com negócios em diversos setores.

Um deles é o de fertilizantes. O empresário Mário Darós, sócio da Fertilizantes Piratini, integra a comitiva gaúcha e vê o Cazaquistão com um grande potencial de crescimento em sua fabricação de fertilizantes.

“O Brasil é dependente da importação de fertilizantes. Tem um consumo de 42 milhões de toneladas ao ano e produz a menor parte disso, tem necessidade de importar. O Rio Grande do Sul importa matérias-primas e elas são processadas para cada cultura”, explica, citando as unidades misturadoras instaladas no Estado, que também dependem de matéria-prima. “A indústria de fertilizantes do Cazaquistão está crescendo muito. Eles têm interesse em exportar e nós temos interesse em comprar”, observou, ressalvando que é preciso avaliar a questão logística para isso, especialmente a distância de portos.
Possibilidades para empresas gaúchas

O Cazaquistão tem linhas de trem que atravessam o país e chegam a nações vizinhas. Inclusive, há ligação ferroviária direta até um porto da China, onde o país tem um acordo para operar terminal portuário próprio no território do gigante asiático.

Além do setor de fertilizantes, o presidente da Fiergs cita especificamente grandes empresas gaúchas que poderão fazer negócios, caso da Tramontina, que já vende produtos no Cazaquistão e planeja ampliar, e da Marcopolo, que atua no mercado asiático e poderia vender ônibus ao Cazaquistão. Petry cita ainda a BSBios, de Passo Fundo, que está em contato com a missão e não descarta enviar representante ao encontro de quinta-feira.

A reunião bilateral foi marcada propositalmente para o fim da tarde, em função do fuso horário, assim, além de industriais brasileiros que estarão presencialmente em Astana, outros poderão acompanhar de forma remota, através de transmissão online. São esperados ainda representantes da WEG, de Santa Catarina, e da Embraer.

A companhia aérea nacional, Air Astana, que tem o governo como principal acionista, está ampliando sua frota de aviões, comprou três aeronaves da Airbus no ano passado e, segundo informações publicadas em sua revista de bordo, planeja um novo lote de mais seis aeronaves até 2025, com a expansão de sua malha internacional.

O embaixador do Brasil no Cazaquistão, Rubem Corrêa Barbosa, que participou de jantar nesta terça-feira à noite entre a delegação brasileira e a QazIndustry, observa que a Embraer já tem aeronaves operando nas rotas regionais da Air Astana e que também poderá ampliar negócios. A fabricante de aviões brasileira vai participar do encontro bilateral desta quinta-feira.