Diego Nuñez e Jefferson Klein
A construção do gasoduto Néstor Kirchner, que está em andamento na Argentina e prestes a ter sua primeira etapa concluída, permitirá escoar o gás de folhelho (também chamado de gás de xisto) de uma das maiores jazidas do mundo, a de Vaca Muerta. A obra beneficiará não apenas o país vizinho, mas também o Rio Grande do Sul, já que com o avanço da malha argentina de gasodutos o gás de Vaca Muerta terá condições de chegar à termelétrica de Uruguaiana a partir de outubro de 2023.
A usina, historicamente, sofre com a interrupção do fornecimento de gás natural argentino tendo que deixar de operar. No entanto, com a nova fonte de combustível, aumenta a perspectiva de que a térmica possa gerar energia a partir do próximo verão, a um custo mais acessível.
O tema do gasoduto foi um dos tópicos abordados durante o seminário sobre oportunidades que se apresentam entre Brasil e Argentina realizado nesta quinta-feira (2) na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Na ocasião, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Gabriela Royón, informou que, com as obras que estão sendo efetuadas, é possível alimentar a usina de Uruguaiana com uma demanda potencial de pelo menos 2,5 milhões de metros cúbicos de gás ao dia no último trimestre deste ano.
Devido à importância do empreendimento, o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, defende o financiamento por parte do Brasil para a construção do gasoduto na Argentina “O primeiro beneficiado com o gasoduto é o Rio Grande do Sul”, ressalta o dirigente. No entanto, o dirigente argumenta que essa ação tem que ser vinculada à questão do abastecimento do Brasil com o combustível argentino.
Flavia explica que está sendo negociado com o Bndes, assim como com outros fundos internacionais, a situação do financiamento. No caso do banco brasileiro, o foco é obter recursos para adquirir as chapas de aço para a implantação da segunda etapa do gasoduto, sendo que esses materiais seriam exportados do Brasil para a Argentina. Quando as duas fases do gasoduto Néstor Kirchner estiverem concluídas, o que deve acontecer em 2024, a estrutura terá um pouco mais de 1 mil quilômetros de extensão e absorverá cerca de US$ 6 bilhões em investimentos. O gasoduto terá uma capacidade para transportar até 44 milhões de metros cúbicos de gás ao dia (o que representa mais de 15 vezes a capacidade de atendimento do gasoduto Bolívia-Brasil – Gasbol – para o Rio Grande do Sul).
A secretária de Energia da Argentina afirma que a guerra da Rússia e Ucrânia demonstrou que a integração na área de energia é algo estratégico. Ela destaca que esse é um assunto discutido pelos argentinos com países como Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil. “A segurança energética é uma questão prioritária”, reforça.
Já o vice-governador Gabriel Souza ressalta que o Rio Grande do Sul está constantemente buscando novas fontes energéticas. Ele reitera que o Gasbol ingressa no Estado com uma capacidade limitada (em torno de 2,8 milhões de metros cúbicos ao dia). "Precisamos sim e queremos mais gás", frisa o vice-governador. Para o gás de Vaca Muerta entrar no Estado e não ficar apenas na fronteira com Uruguaiana, entre as opções avaliadas estão a concretização de um gasoduto entre o município da Fronteira Oeste e a região Metropolitana de Porto Alegre, a instalação de um gasoduto da cidade argentina de Punta Lara até a capital gaúcha e o fornecimento por gás natural liquefeito (GNL).
Também presente no evento da Fiergs, o embaixador da República da Argentina, Daniel Scioli, recordou que o encontro ocorrido em Buenos Aires, em janeiro, entre os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e argentino, Alberto Fernández, serviu para intensificar os laços de integração binacional entre os dois países. Ele acrescenta que cabe às duas nações melhorar as suas condições de infraestrutura, para diminuir custos e se tornarem mais competitivas. “É preciso produzir cada vez mais e agregar valor às mercadorias”, defende o dirigente. Na reunião dessa quinta-feira, o governador da Província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, salientou ainda as oportunidades da região. Ele citou a importância da efetivação da construção da ponte internacional sobre o rio Uruguai ligando o município gaúcho de Porto Xavier a San Javier, na Argentina.
A usina, historicamente, sofre com a interrupção do fornecimento de gás natural argentino tendo que deixar de operar. No entanto, com a nova fonte de combustível, aumenta a perspectiva de que a térmica possa gerar energia a partir do próximo verão, a um custo mais acessível.
O tema do gasoduto foi um dos tópicos abordados durante o seminário sobre oportunidades que se apresentam entre Brasil e Argentina realizado nesta quinta-feira (2) na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Na ocasião, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Gabriela Royón, informou que, com as obras que estão sendo efetuadas, é possível alimentar a usina de Uruguaiana com uma demanda potencial de pelo menos 2,5 milhões de metros cúbicos de gás ao dia no último trimestre deste ano.
Devido à importância do empreendimento, o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, defende o financiamento por parte do Brasil para a construção do gasoduto na Argentina “O primeiro beneficiado com o gasoduto é o Rio Grande do Sul”, ressalta o dirigente. No entanto, o dirigente argumenta que essa ação tem que ser vinculada à questão do abastecimento do Brasil com o combustível argentino.
Flavia explica que está sendo negociado com o Bndes, assim como com outros fundos internacionais, a situação do financiamento. No caso do banco brasileiro, o foco é obter recursos para adquirir as chapas de aço para a implantação da segunda etapa do gasoduto, sendo que esses materiais seriam exportados do Brasil para a Argentina. Quando as duas fases do gasoduto Néstor Kirchner estiverem concluídas, o que deve acontecer em 2024, a estrutura terá um pouco mais de 1 mil quilômetros de extensão e absorverá cerca de US$ 6 bilhões em investimentos. O gasoduto terá uma capacidade para transportar até 44 milhões de metros cúbicos de gás ao dia (o que representa mais de 15 vezes a capacidade de atendimento do gasoduto Bolívia-Brasil – Gasbol – para o Rio Grande do Sul).
A secretária de Energia da Argentina afirma que a guerra da Rússia e Ucrânia demonstrou que a integração na área de energia é algo estratégico. Ela destaca que esse é um assunto discutido pelos argentinos com países como Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil. “A segurança energética é uma questão prioritária”, reforça.
Já o vice-governador Gabriel Souza ressalta que o Rio Grande do Sul está constantemente buscando novas fontes energéticas. Ele reitera que o Gasbol ingressa no Estado com uma capacidade limitada (em torno de 2,8 milhões de metros cúbicos ao dia). "Precisamos sim e queremos mais gás", frisa o vice-governador. Para o gás de Vaca Muerta entrar no Estado e não ficar apenas na fronteira com Uruguaiana, entre as opções avaliadas estão a concretização de um gasoduto entre o município da Fronteira Oeste e a região Metropolitana de Porto Alegre, a instalação de um gasoduto da cidade argentina de Punta Lara até a capital gaúcha e o fornecimento por gás natural liquefeito (GNL).
Também presente no evento da Fiergs, o embaixador da República da Argentina, Daniel Scioli, recordou que o encontro ocorrido em Buenos Aires, em janeiro, entre os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e argentino, Alberto Fernández, serviu para intensificar os laços de integração binacional entre os dois países. Ele acrescenta que cabe às duas nações melhorar as suas condições de infraestrutura, para diminuir custos e se tornarem mais competitivas. “É preciso produzir cada vez mais e agregar valor às mercadorias”, defende o dirigente. Na reunião dessa quinta-feira, o governador da Província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, salientou ainda as oportunidades da região. Ele citou a importância da efetivação da construção da ponte internacional sobre o rio Uruguai ligando o município gaúcho de Porto Xavier a San Javier, na Argentina.
Primeira fase do gasoduto será finalizada até junho
O embaixador da Argentina no Brasil, o ex-vice-presidente do país vizinho Daniel Scioli, trouxe uma comitiva de ministros argentinos para Porto Alegre para estreitar os laços políticos e econômicos com o Rio Grande do Sul - que há dois anos é o principal parceiro comercial da Argentina dentre os estados brasileiros.
A comitiva se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB) no Palácio Piratini. O principal assunto foi a implantação do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, que permitiria a importação de gás da jazida de Vaca Muerta, em uma nova alternativa energética não só para o Estado, como para o Brasil.
RS e Argentina reforçaram o interesse na implantação do gasoduto. A nação busca a exportação deste recurso natural e o Estado, atualmente, importa cerca de 40% da energia que consome.
Paralelamente, a Argentina já trabalha na construção do Gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o transporte do gás de Vaca Muerta para diversas localidades do país e, inclusive, pode chegar até Uruguaiana.
Scioli informou que a primeira fase das obras, que ligará Vaca Muerta à província de Buenos Aires, deve ser concluída até junho. O funcionamento já permitiria elevar a importação de gás dos vizinhos territoriais. “A primeira parte finaliza agora em junho. Isso já permitirá exportar mais gás ao Brasil”, declarou o embaixador.
O ex-vice-presidente argentino informou também que a segunda fase, que ligará a província de Buenos Aires até o município de San Jerónimo, na província de Entre Rios, deve ser concluída dentro de um ano, com previsão de finalização em 2024.
“O gasoduto oferece uma dupla possibilidade de fornecimento gás para o Brasil. Hoje, o gás argentino é muito mais barato que o gás boliviano. Sem sombra de dúvidas seria um avanço muito importante. (O gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre) está em tratativas de execução. Já tem empresa interessada que fez a compra e a ideia é financiar via BNDES”, relatou o líder do governo Leite na Assembleia Legislativa, deputado estadual Frederico Antunes (PP), que participou do encontro e mantém relações com Scioli e a comitiva argentina.
Independentemente de um gasoduto capaz de ligar a matéria prima argentina à capital gaúcha, apenas o fato de o gás chegar até Uruguaiana já aumentaria o potencial energético do Estado. “Em Uruguaiana, temos uma usina termelétrica com capacidade de 650 megawatts que hoje não está em produção por falta gás. A meta é injetarmos gás nela através da produção da Argentina”, explica Antunes.
Outro assunto tratado entre Leite e os argentinos foram três pontes de ligação entre os países: a melhoria da ponte de Uruguaiana, a manutenção da concessão e funcionamento da ponte entre São Borja e Santo Tomé e a construção de uma nova ponte entre San Javier e Porto Xavier.
Hoje, São Borja e Uruguaiana concentram 99% do escoamento do comércio entre Brasil e Argentina. A partir da construção da ponte em Porto Xavier, a cidade poderia atingir uma participação de 20 a 30% dos produtos.
A comitiva se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB) no Palácio Piratini. O principal assunto foi a implantação do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, que permitiria a importação de gás da jazida de Vaca Muerta, em uma nova alternativa energética não só para o Estado, como para o Brasil.
RS e Argentina reforçaram o interesse na implantação do gasoduto. A nação busca a exportação deste recurso natural e o Estado, atualmente, importa cerca de 40% da energia que consome.
Paralelamente, a Argentina já trabalha na construção do Gasoduto Néstor Kirchner, que permitirá o transporte do gás de Vaca Muerta para diversas localidades do país e, inclusive, pode chegar até Uruguaiana.
Scioli informou que a primeira fase das obras, que ligará Vaca Muerta à província de Buenos Aires, deve ser concluída até junho. O funcionamento já permitiria elevar a importação de gás dos vizinhos territoriais. “A primeira parte finaliza agora em junho. Isso já permitirá exportar mais gás ao Brasil”, declarou o embaixador.
O ex-vice-presidente argentino informou também que a segunda fase, que ligará a província de Buenos Aires até o município de San Jerónimo, na província de Entre Rios, deve ser concluída dentro de um ano, com previsão de finalização em 2024.
“O gasoduto oferece uma dupla possibilidade de fornecimento gás para o Brasil. Hoje, o gás argentino é muito mais barato que o gás boliviano. Sem sombra de dúvidas seria um avanço muito importante. (O gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre) está em tratativas de execução. Já tem empresa interessada que fez a compra e a ideia é financiar via BNDES”, relatou o líder do governo Leite na Assembleia Legislativa, deputado estadual Frederico Antunes (PP), que participou do encontro e mantém relações com Scioli e a comitiva argentina.
Independentemente de um gasoduto capaz de ligar a matéria prima argentina à capital gaúcha, apenas o fato de o gás chegar até Uruguaiana já aumentaria o potencial energético do Estado. “Em Uruguaiana, temos uma usina termelétrica com capacidade de 650 megawatts que hoje não está em produção por falta gás. A meta é injetarmos gás nela através da produção da Argentina”, explica Antunes.
Outro assunto tratado entre Leite e os argentinos foram três pontes de ligação entre os países: a melhoria da ponte de Uruguaiana, a manutenção da concessão e funcionamento da ponte entre São Borja e Santo Tomé e a construção de uma nova ponte entre San Javier e Porto Xavier.
Hoje, São Borja e Uruguaiana concentram 99% do escoamento do comércio entre Brasil e Argentina. A partir da construção da ponte em Porto Xavier, a cidade poderia atingir uma participação de 20 a 30% dos produtos.
RS se mantém como principal parceiro comercial da Argentina
RS se mantém como principal parceiro comercial da Argentina com US$ 4 bilhões comercializados
O Rio Grande do Sul se consolida como o principal parceiro comercial da Argentina em território nacional. Pelo segundo ano consecutivo, o RS teve a maior balança comercial com os argentinos dentre os estados brasileiros. Entre importações e exportações, os gaúchos comercializam cerca de US$ 4 bilhões.
O resultado foi um incremento de 29% em relação ao período de 2021 - ano em que o RS ultrapassou São Paulo na comercialização com os argentinos. A comercialização total, na época, foi de US$ 3,1 bilhões.
Durante 2022, o Rio Grande do Sul importou US$ 2,75 bilhões da Argentina e importou US$ 1,25 bilhões ao País vizinho.
O Rio Grande do Sul se consolida como o principal parceiro comercial da Argentina em território nacional. Pelo segundo ano consecutivo, o RS teve a maior balança comercial com os argentinos dentre os estados brasileiros. Entre importações e exportações, os gaúchos comercializam cerca de US$ 4 bilhões.
O resultado foi um incremento de 29% em relação ao período de 2021 - ano em que o RS ultrapassou São Paulo na comercialização com os argentinos. A comercialização total, na época, foi de US$ 3,1 bilhões.
Durante 2022, o Rio Grande do Sul importou US$ 2,75 bilhões da Argentina e importou US$ 1,25 bilhões ao País vizinho.