Temor de mais demissões na Americanas no RS mobiliza sindicatos

Entidades acompanham caso e aguardam desfecho da varejista

Por Bárbara Lima

B3 excluiu a varejista de todos os índices, incluindo o Ibovespa
Temendo possíveis demissões em filiais da Lojas Americanas no Rio Grande do Sul, sindicatos de comerciários e lojistas de Porto Alegre se reuniram para avaliar ações que minimizem os prejuízos a trabalhadores. A Americanas tem 65 lojas no Estado, 14 delas na Capital. No Brasil, são 44 mil empregados.
A Americanas está em recuperação judicial desde o dia 19 de janeiro, após ser constatado um rombo financeiro de R$ 44 bilhões.
Apenas um caso de funcionário demitido foi registrado até agora e ocorreu na unidade da rua dos Andradas, no Centro Histórico da Capital, a maior da marca no Estado. O presidente do Sindicado dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec-POA), Nilton Souza Neco, disse que o empregado tinha três anos de casa.
"Queriam que ele assinasse sem receber", disse o sindicalista. O trabalhador foi desligado cinco dias antes da varejista entrar em recuperação judicial (RJ). "Por isso, ele não recebeu a rescisão, apenas FGTS e seguro desemprego. Para receber a rescisão, por conta da recuperação judicial, terá de solicitar na Justiça", explicou.
Neco e o presidente do Sindicato dos Lojistas da Capital (SindilojasPOA), Arcione Piva, avaliaram medidas, no encontro desta quarta-feira (1º), entre elas o acesso a vagas de trabalho. 
“Estamos atentos à situação que vem ocorrendo e na torcida para que não hajam demissões”, comentou Piva.
O SindilojasPOA disponibilizou ao Sindec-POA o programa Sindivagas, serviço para conectar trabalhadores do varejo aos lojistas.
“Os candidatos podem se cadastrar gratuitamente para novas oportunidades no mercado de trabalho através do nosso site”, disse o presidente do sindicato patronal.
Para o presidente da entidade ligada aos comerciários, a situação é crítica.
"É preocupante. Vamos trabalhar para que o maior número de empregos seja preservado, mas sabemos que, no momento em que há reestruturação, sempre há demissões", ponderou Neco.
O sindicalista ressalta ainda a falta de informação sobre possíveis cortes ou fechamento de atividades na Capital e no Estado.
"A empresa tem seis meses para apresentar o plano de recuperação, então é tudo muito vago ainda", observou ele.
Em nota, a Americanas informou que não iniciou "nenhum processo de demissão de funcionários".
A companhia disse ainda que "apenas interrompeu alguns contratos de empresas fornecedoras de serviços terceirizados".
"A Americanas atua nesse momento na condução de seu processo de Recuperação Judicial, que tem como um dos objetivos garantir a continuidade das atividades da empresa, incluindo o pagamento dos salários e benefícios de seus funcionários em dia. O plano de recuperação definirá quais serão as ações da empresa para os próximos meses e será amplamente divulgado assim que for finalizado", informou a companhia na nota. 

Funcionários em filial da Americanas em Porto Alegre mostram tranquilidade 

Na loja do Shopping Praia de Belas, uma das maiores da Capital, o quadro de indefinição do futuro da bandeira não afeta, por enquanto, o ânimo dos funcionários. A reportagem constatou, nessa terça-feira, o baixo movimento também. 
Apenas dois caixas operadores estavam abertos e quase nenhum colaborador circulava pelos corredores imensos, que estavam em silêncio onde antes a clientela costumava ouvir músicas animadas.
Dois funcionários confirmaram que nenhum membro da equipe havia sido demitido por conta da situação da varejista na Justiça. Quando perguntados pela reportagem se estavam apreensivos com o futuro, um deles disse que "estava tranquilo" e outro respondeu que "foram informados de que tudo iria continuar normal".

Americanas fecha televendas; Rio tem ato por manutenção dos empregos

A partir desta quarta-feira (1º), os clientes que ligarem para o serviço de televendas da Americanas podem esperar por esta mensagem: "Prezado cliente, nosso serviço de televendas foi encerrado. Você pode aproveitar as nossas ofertas no nosso aplicativo ou site. Obrigada".
Segundo a assessoria da rede, os contratos da área eram terceirizados. 
Na próxima sexta-feira (3), centrais sindicais farão um ato unificado na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em defesa dos empregos e direitos dos trabalhadores da Americanas. A manifestação ocorre às 10h, em frente a uma das unidades da marca, na Rua do Passeio, 42, Centro do Rio.
O presidente do Sindec-POA informou que até o momento não há previsão de manifestações na Capital.