A prévia do Censo 2022, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz algumas informações interessantes sobre o movimento populacional no Rio Grande do Sul nos últimos 12 anos. Entre os aspectos em destaque, está o crescimento do número de habitantes no Litoral Norte e na Serra.
Os dados ainda podem mudar, já que o Censo não está finalizado, mas o diretor do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (SPGG), Pedro Zuanazzi, aponta algumas hipóteses para esta migração. Tendo em vista a tendência de redução na natalidade, uma das possibilidades seria a tendência de envelhecimento da população.
“O Litoral possui uma grande quantidade de domicílios de uso ocasional. Assim, a opção de se mudar pra lá é mais fácil para os proprietários de imóveis. Junta-se a isso a associação à qualidade de vida de morar na praia”, explica o especialista.
Um dos municípios litorâneos que mais registrou aumento, na comparação com o último estudo realizado em 2010, foi Imbé – que subiu em 53,1% o número de moradores, passando de 17.670 para 27.053 nesta última contagem. Seguido de Capão da Canoa (alta de 47,6%), Xangri-Lá (30,1%), Tramandaí (24,7%), Torres (20,3%).
Com perfil similar de ter uma grande quantidade de residências para temporadas, a Serra passou a ser alternativa fixa, especialmente após a pandemia. Gramado cresceu 38,3%, assim como Caxias do Sul (36,3%), Canela (36%) e Bento Gonçalves (20,6%).
Para o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Paulinho Salerno, os movimentos migratórios dentro das próprias regiões também devem ser levados em conta nesta análise. “Cidades como Santa Maria, Santa Cruz e Passo Fundo são exemplos disso, pois recebem grande fluxo de pessoas vindas das cidades-satélites nos arredores”, relata.
Na direção contrária desta teoria está Uruguaiana, que perdeu 10.335 habitantes (-8,24%) de 2010 a 2022. Na avaliação do prefeito da cidade, Ronnie Mello, as explicações podem estar no grande lapso temporal entre os dois Censos e nas vidas perdidas para a Covid-19, “o que pode ter acarretado um reflexo sem precedentes para centenas de famílias”. Independentemente da causa, Mello informa que a administração busca reverter este quadro com o investimento na qualificação profissional da população.
“Ofertamos cursos gratuitos em diversas áreas, por meio do Programa Qualifica Uruguaiana. Estas ações visam reter a migração de mão de obra jovem nos estabelecimentos comerciais e serviços da cidade, bem como a criação de leis que visam incentivos fiscais e desburocratização para abertura de empresas em nosso território”, completa o prefeito.
O exemplo positivo é o crescimento de 70% no número de residentes da pequena Araricá, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em seu quarto mandato, o prefeito Flávio Luis Foss acredita na proximidade da Capital e o investimento na qualidade de vida local como sendo os principais fatores deste incremento. Foss elenca ações como o turno integral das escolas até o final do Ensino Fundamental, a inexistência de fila na saúde, incentivo à industrialização e regularização da maioria dos terrenos que estavam sem escritura.
“Além disso, apostamos no turismo, com a chegada de um parque de águas em breve e a inclusão de restaurantes. Logo teremos até sushi na cidade”, orgulha-se o prefeito.