{{channel}}
Avança programa de incentivo ao biogás no Rio Grande do Sul
Biocombustível é produzido a partir de resíduos de matéria orgânica
Lançado neste ano, o programa Biogás-RS está evoluindo para viabilizar os primeiros empreendimentos, apoiados pela iniciativa, de produção do biocombustível gerado a partir de resíduos orgânicos. Recentemente, a Secretaria estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) divulgou os nomes dos indicados por chamada pública para elaborarem projetos técnicos, estudos de viabilidade econômica, prestação de serviços e assistência técnica das ações que poderão contar com o incentivo. Até a primeira quinzena de janeiro, um novo edital deve ser aberto para selecionar os projetos que terão os juros do financiamento subsidiados da pelo governo gaúcho.
A iniciativa prevê recursos na ordem de R$ 50 milhões, que serão utilizados no abatimento dos juros bancários do Badesul, com limite de até R$ 500 mil por empreendimento, sendo o valor máximo financiado por projeto de R$ 2,5 milhões. A secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, frisa que esse diferencial só poderá ser obtido por ações que tiverem a participação em sua elaboração dos agentes avalizados pelo governo. Por enquanto, estão aptos a prestarem esse serviço a interessados em implantar plantas de biogás no Estado as empresas Auma Energia e Technique Assessoria e Planejamento e Rogério Dorneles Severo (pessoa física).
Marjorie ressalta que, ao indicar agentes com certificação técnica para integrar os projetos, aumenta a segurança que os biodigestores serão implementados adequadamente. “Tivemos a cautela de validar algumas tecnologias para que os empreendedores não pegassem o financiamento do Badesul e depois os projetos acabassem não sendo viáveis”, argumenta a secretária. Ela salienta que, além de ser uma alternativa de geração de energia, a produção de biogás permite uma destinação adequada de materiais como, por exemplo, dejetos de animais e resíduos urbanos, que são um problema ambiental.
Já o gerente de operações da Auma Energia, Rafael Couto de Castro Alves, informa que a companhia pode atuar implementado plantas de biogás e também fazendo a operação e manutenção desses empreendimentos. As soluções podem ser voltadas para a produção do biogás e geração de energia elétrica ou para o biometano, que pode ser aproveitado como combustível veicular.
Alves comenta que cada projeto tem seu escopo, mas um complexo destinado à produção de energia elétrica através do biogás, em média, absorve cerca de R$ 10 milhões a cada 1 MW instalado. Ele ressalta que a Auma Energia tem sede em Minas Gerais, contudo possui atuação nacional. “E o mercado do Sul apresenta muito potencial para o biogás”, afirma. Alves lembra que a suinocultura na região é muito forte, o que oferece oportunidades para o abastecimento dos biodigestores.
Rogério Dorneles Severo, que foi selecionado na chamada pública do governo gaúcho e também é diretor da Technique Assessoria e Planejamento, é outro profissional que vê muito potencial para a geração de biogás no Estado. Assim como residuos e dejetos da produção agrícola e da industria de processamento de proteína, ele cita também a possibilidade do aproveitamento de resíduos sólidos urbanos. Severo reforça que um dos objetivos do Biogás-RS é justamente apontar consultores e empresas que podem ser contratados para auxiliar os investidores a desenvolverem seus projetos adequadamente. “Existia essa possibilidade no programa de cadastrar tanto as empresas como os profissionais consultores dos projetos”, frisa.
Severo enfatiza que um dos maiores problemas para a expansão de empreendimentos nessa área sempre foi a questão do financiamento. No entanto, ele diz que cada vez mais unidades de biogás vêm sendo instaladas no País. Conforme dados da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), atualmente são 423 plantas de biogás voltadas para a geração de energia elétrica, com 341 MW de potência instalada (cerca de 8,5% da demanda média do Rio Grande do Sul), e cinco unidades de biometano com capacidade para a produção de 400 mil metros cúbicos ao dia do combustível (o que equivale a cerca de 15% da oferta que o gasoduto Bolívia-Brasil entrega em território gaúcho).