Maior incidência de feriados em dias úteis deve prejudicar o comércio gaúcho em 2023, afirma a FCDL

Impacto negativo na atividade comercial do Estado pode chegar a cerca de R$ 2 bilhões em 2023

Por Cláudio Isaias

Saída de Porto Alegre rumo ao litoral pela rodovia Freeway BR 290. O movimento de carros é intenso e a via expressa já apresenta sinais de congestionamento em diversos pontos. Na foto: Motoristas enfrentam engarrafamento da estrada para passara o feriadão de final de ano na praia.
Quem quiser se programar para viajar, ir para a praia ou para a Serra ou ainda visitar parentes terá uma grande oportunidade em 2023: o próximo ano será marcado por diversos feriados nacionais, dois municipais e um estadual. O próximo ano está sendo chamado como o ano dos feriadões. No entanto, o impacto negativo na atividade comercial do Rio Grande do Sul pode chegar a cerca de R$ 2 bilhões, de acordo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS).
A incidência de muitos feriados em dias úteis no ano de 2023 deve interferir também, negativamente, no desempenho do comércio no Brasil e no Rio Grande do Sul. No caso da atividade comercial gaúcha, cada dia parado representa uma perda de quase R$ 185 milhões, segundo levantamento da FCDL/RS. "O custo econômico dos feriados é grande e prejudica bastante a competitividade brasileira no contexto internacional. Um calendário recheado de períodos de interrupção da produção e restrição a atividade comercial causa prejuízos para a indústria e para o comércio", destaca o presidente da FCDL/RS, Vitor Augusto Koch.
No próximo ano, no Rio Grande do Sul, haverá 11 feriados em dias úteis, sendo oito nacionais, um estadual (20 de setembro) e dois municipais (em cidades que celebram o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes e de Corpus Christi). "Portanto, o impacto na atividade comercial gaúcha pode chegar a cerca de R$ 2 bilhões", ressalta Koch. O presidente explica que a Federação defende a alteração da disposição dos feriados nacionais, colocando-os apenas nas segundas-feiras, com exceção do Natal e Ano novo. Koch ressalta que esta ideia já foi colocada em prática na década de 1980 e obteve bons resultados. "Feriados na terça, quarta ou quinta-feira, entendemos que são prejudiciais tanto para o comércio quanto para a indústria. Acabam tendo um efeito de desmobilização do setor produtivo por materializar os feriadões", aponta.
Conforme Koch, o faturamento perdido não se recupera no outro dia. "Vale lembrar que as perdas financeiras das empresas prejudicam a sustentabilidade delas e podem acabar prejudicando os indicadores de empregabilidade", explica.
Segundo a Fecomércio/RS, os feriados costumam alterar o comportamento das vendas do comércio varejista, pois uma parcela das vendas deixa de ser realizada em decorrência do fechamento das lojas, da redução de movimento habitual do trânsito de pessoas para o trabalho/escola e da própria alteração da rotina que impacta em mudança de hábitos das pessoas, que não é recuperada pelo setor. Para a federação, com os feriados próximos aos finais de semana - que, em 2023, são em maior número do que em 2022 -, parte da demanda local tende a ser absorvida por regiões de maior apelo turístico dentro do próprio Estado, como o Litoral durante o verão e a Serra no inverno, impactando positivamente o comércio dessas localidades, além de, obviamente, ter efeitos positivos na demanda hoteleira e de serviços prestados a famílias nessas regiões.
O presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, afirma que os feriados, especialmente os prolongados, são muito positivos para o turismo e nem sempre para o comércio, quando as lojas ficam fechadas. "Se, por um lado, a gastronomia, o lazer e o entretenimento têm ganhos, o varejo acaba ficando de fora das primeiras opções de consumo", destaca. De acordo com Piva, neste caso, os lojistas precisam construir ações e promoções para conquistar os consumidores. "Sejam por preços atrativos, ações promocionais, benefícios ou vantagens, para que o consumidor perceba e não deixe de aproveitar", comenta.
Já o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, diz que a extensão dos feriados é positiva para os supermercados, sobretudo para os localizados em regiões turísticas, como Serra e Litoral. "Embora ainda haja incertezas sobre como se comportará o mercado a partir de 2023, certamente haverá oportunidades para o varejo nestas datas especiais", acrescentou.
A presidente da Associação Brasileira de Agência de Viagens (Abav/RS), Lúcia Bentz, por sua vez, observa que as perspectivas para os feriados de 2023 são ótimas tendo em vista que as todas as realocações da pandemia já estão sanadas. "É um novo momento tanto para hotéis quanto para companhias aéreas que estão preparadas para receber os turistas em 2023", comenta.