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- Publicada em 09 de Outubro de 2022 às 13:00

Chuveiro brasileiro ganha espaço em países da África

No interior de São Paulo, em Jaú, um jovem de apenas 13 anos, muito curioso, que adorava mexer com parafernálias elétricas, teria criado o primeiro chuveiro elétrico

No interior de São Paulo, em Jaú, um jovem de apenas 13 anos, muito curioso, que adorava mexer com parafernálias elétricas, teria criado o primeiro chuveiro elétrico


ANA PAULA APRATO/JC
O ano era 1927. A Primeira Guerra Mundial já havia terminado há quase dez anos, e um novo conflito global ainda iria demorar a acontecer em 1939. No Brasil, o presidente era Washington Luiz. Os jornais cresciam como meio de comunicação, assim como o rádio, uma novidade inventada cinco anos antes.
No interior de São Paulo, em Jaú, um jovem de apenas 13 anos, muito curioso, que adorava mexer com parafernálias elétricas, teria criado o primeiro chuveiro elétrico. Francisco Canhos trabalhava na padaria do pai, mas aproveitava o tempo livre para aperfeiçoar a sua invenção. Começou a produzir o modelo artesanalmente, cuja tecnologia aprimorou ao longo do tempo, e o oferecia de porta a porta na cidade.
Foi só em 1943, aos 29 anos, que ele fundou a Eletrometalúrgia Jauense, dedicada à fabricação dos chuveiros Canhos para todo o país. A novidade, de simples concepção - um aparelho que aquece a água por energia elétrica, por meio de uma resistência - foi se tornando popular, ao mesmo tempo em que crescia a indústria da higiene pessoal nos Estados Unidos, com a exportação de sabonetes, xampus e cremes dentais. A hora do banho ganhava outro significado na sociedade pós Segunda Guerra Mundial.
Quase cem anos depois dos primeiros testes de Canhos, a indústria brasileira se dedica a tornar mais popular na África a invenção nacional. As duas maiores fabricantes nacionais do aparelho - Lorenzetti e Fame - vêm aumentando as exportações do produto para países do continente.
"É o sistema de aquecimento de água mais acessível do mundo, com chuveiros a partir de R$ 40, o preço de uma pizza", diz a gerente de exportação da Fame, Maria Prado. "Chegamos a países como o Sudão, em que a população mais pobre simplesmente não tinha uma alternativa barata para tomar banho quente."
Apesar de ter desbravado o mercado no Sudão, a Fame teve que interromper as vendas recentemente, por conta da instabilidade política no país.
Mas a empresa segue firme nas exportações para Etiópia, África do Sul, Costa do Marfim, Tanzânia e, especialmente o Quênia. Maria ressalta que levar o chuveiro para outros mercados não é fácil: envolve uma mudança em costumes já consolidados. "Especialmente em se tratando da cultura do banho, que muda de país para país", afirma.
O Quênia é a porta de entrada da Lorenzetti para o continente. "Temos um distribuidor no país, que vende para vários outras nacionalidades, como Uganda e Angola", diz Eduardo Coli, presidente da empresa.
A Lorenzetti faturou R$ 2,2 bilhões no ano passado. "O chuveiro é um produto barato, bom e econômico, que sai do Brasil para 45 países", diz Coli.
Cerca de 13% da produção de chuveiros da Lorenzetti é exportada, em especial para países da América Latina. "A maior parte das vendas é de modelos mais em conta, no formato de sino, que custam entre R$ 50 e R$ 80 no Brasil." Segundo ele, as vendas no continente africano poderiam ser ainda maiores se a remarcação de preços não fosse tão alta. Ele também reclama da pirataria da China. "Eles copiam os modelos brasileiros e colocam qualquer marca para vender na África."
Na Fame, as exportações representam 7% do faturamento, não revelado. Os produtos também têm maior presença na América Latina. "O Peru é o maior importador de chuveiro elétrico do mundo, mas outros mercados importantes são Bolívia, Paraguai, México, Costa Rica, Guatemala, Equador e Cuba", afirma Maria.
Países africanos ainda não estão no foco da Dexco, dona da marca Hydra Corona. A empresa informou, em nota, que se dedica à consolidação da marca nas Américas. Entre os principais importadores estão Paraguai, Guatemala, Bolívia, México, Peru e Costa Rica. Os números do mercado de chuveiros no Brasil não são auditados. Mas, segundo a Lorenzetti, líder do setor, as vendas de chuveiros giram em torno de 25 milhões de unidades por ano, o que movimenta pouco mais de R$ 3 bilhões ao ano no varejo.
Uma das maiores varejistas de material de construção do país, a Leroy Merlin, afirma que no acumulado de janeiro a julho deste ano, houve crescimento de 2,3% na venda de chuveiros eletrônicos e de 33% na de resistências elétricas. "Apesar do aumento maior nas resistências, esta é uma compra pontual. Percebemos que a troca do chuveiro por um modelo melhor tem aumentado significativamente", diz Jaime Fender, gerente de produto da varejista.
Ele destaca que os chuveiros costumam "queimar" mais no inverno. É a principal época do ano para venda da categoria e de resistências.
Equipamento gasta menos água, mas consome mais energia
"O chuveiro costuma ser o aparelho da casa que mais consome energia elétrica, mas consome menos água, por ter menor vazão", diz Danilo Delmaschio, fundador da empresa O Empreiteiro.
"A ducha, por sua vez, consome mais água e também exige um maior investimento no sistema de aquecimento próprio - a gás, como é comum na Europa, ou de caldeira, como nos EUA", afirma. Mas, ao longo do tempo, o investimento no sistema de aquecimento é compensando pelo consumo menor de energia, diz.
Delmaschio destaca como ideal o uso do chuveiro híbrido, ou flex, que utiliza a energia elétrica para aquecer a água e, quando ela atinge a temperatura desejada, passa a ser esquentada pelo aquecedor a gás ou solar.
A Hydra Corona, por exemplo, aposta em chuveiros digitais híbridos, que custam cerca de R$ 700. Nestes aparelhos, o usuário pode escolher a temperatura exata do banho e o consumo de água é controlado.
Uma tecnologia que Chico Canhos, falecido em maio de 1988, talvez nem pudesse imaginar. O inventor só fez o pedido de patente nos anos 1940, mas já era tarde, outras empresas já estavam fabricando.
Em dezembro de 1952, Lorezo Lorenzetti - filho do fundador da companhia, Alessandro - fez o pedido de registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). A carta patente foi expedida em novembro de 1961.
Folhapress

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