Térmica a carvão Pampa Sul é vendida por R$ 450 milhões e assunção de dívida de R$ 1,8 bilhão

Empreendimento gaúcho será repassado da Engie para fundos de investimentos

Por JC

Usina localizada no município de Candiota foi adquirida por dois fundos de investimentos
Em comunicado enviado na noite desta quinta-feira (15) à Comissão de Valores Mobiliários (CMV), a Engie Brasil Energia informou que assinou o contrato de compra e venda de 100% das ações que possui na termelétrica gaúcha Pampa Sul que fica no município de Candiota. Os fundos de investimentos Grafito e Space X, geridos pelas empresas Starboard e Perfin, respectivamente, pagarão R$ 450 milhões pela usina a carvão e ainda assumirão o endividamento do complexo na ordem de R$ 1,8 bilhão, gerando um benefício econômico total da venda, para a Engie, de aproximadamente R$ 2,2 bilhões.
A unidade tem capacidade instalada de 345 MW e pode gerar energia suficiente para atender cerca de 1,3 milhão de pessoas. A entrada em operação comercial do complexo ocorreu em junho de 2019 e tem a sua energia contratada até 31 de dezembro de 2043. O complexo já recebeu mais de R$ 2 bilhões em investimentos até hoje.
“A venda é muito positiva para os planos da Engie de direcionar esforços e investimentos aos empreendimentos de energia renovável e infraestrutura de transmissão. Após o fechamento da operação, avançaremos em nossa estratégia, nos consolidando como a maior empresa de energia limpa do setor elétrico brasileiro, totalizando 8.096 MW de capacidade instalada própria proveniente de fontes renováveis”, afirma o diretor-presidente e de Relações com Investidores da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini
A termelétrica Pampa Sul é o último ativo a carvão remanescente no portfólio da Engie Brasil Energia e a venda está alinhada à meta do Grupo Engie de liderar a transição energética para uma economia neutra em carbono. A partir de 2013, a Engie descomissionou duas usinas, Alegrete e Charqueadas, ambas no Rio Grande do Sul, e, no ano passado, registrou a venda do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina. “Esses movimentos foram acompanhados de massivos investimentos em energia eólica e solar, além de infraestrutura de transmissão, que são os nossos vetores de crescimento para contribuir com uma matriz cada vez mais renovável para o país”, destaca Sattamini.
Planos futuros dos compradores para a térmica Pampa Sul
As empresas Starboard e Perfin são gestores de fundos de investimento em participações independentes, especializados em renda variável, ativos de infraestrutura e em situações especiais, e continuarão contando com a experiência das equipes de administração e operação da usina. Os compradores também estão comprometidos com uma estratégia ESG de longo prazo.
“A usina termelétrica Pampa Sul nos traz a possibilidade de atuar em uma transição energética de forma sustentável e responsável, onde equilibramos todas as bases do ESG. Criamos frentes importantes para cumprimento de diretrizes de investimento em tecnologias que possibilitem aumento da eficiência da planta, bem como a busca pelo descomissionamento antecipado sem prejuízo aos stakeholders envolvidos”, declara o diretor da Starboard, Marcus Bitencourt.
“Essas frentes serão amparadas por experientes profissionais no setor, com uma visão de longo prazo, em linha com nossas boas práticas de governança. Serão investidos cerca de R$ 150 milhões na usina termelétrica Pampa Sul com o objetivo de alcançar uma redução das emissões de carbono em até 5% (75.000 mil toneladas de CO2 equivalente/ano). As companhias também irão destinar parte significativa de sua verba de P&D para o desenvolvimento de pesquisas sobre tecnologia de captura e armazenamento de carbono”, acrescenta o CIO da Perfin, Ralph Rosenberg,.
“Além disso, um dos diferenciais dessa transação é nosso compromisso com o descomissionamento da planta antes do fim da outorga. Esta será a primeira vez que uma usina terá seu fim antecipado por exigência de parceiro financeiro e planejamento do controlador, visando à redução das emissões”, destaca Rosenberg.
Sobre a usina termelétrica Pampa Sul
O projeto da usina termelétrica Pampa Sul foi viabilizado no leilão A-5, realizado em novembro de 2014, quando a Engie, na época Tractebel, vendeu 294,5 megawatts médios de energia da futura usina termelétrica em Candiota, no Rio Grande do Sul. O contrato de fornecimento de 25 anos motivou o investimento de R$ 1,9 bilhão para a sua implementação.
Operando desde 2019, com a consolidação operacional do ativo, a Engie decidiu retomar seu processo de venda em 2021, motivado pelos planos da empresa de se tornar 100% renovável, em linha com seu objetivo de acelerar a transição para uma economia neutra em carbono, direcionando suas atividades para geração de energia renovável, gás natural e infraestrutura.
A operação da UTE Pampa Sul ocorre normalmente, atendendo o despacho do ONS (Operador Nacional do Sistema). Ao todo, trabalham na usina 113 colaboradores diretos e cerca de 500 terceirizados, sendo a maioria proveniente dos municípios da região.