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Empresário Paulo Vellinho morre aos 95 anos em Porto Alegre
Empresário presidiu a Fiergs e a Abinee
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Morreu nesta quinta-feira (8) em Porto Alegre, o empresário Paulo D'Arrigo Vellinho, aos 95 anos. Referência no empreendedorismo gaúcho, ele contribuiu de forma decisiva para o crescimento da Springer, uma das empresas pioneiras no ramo de ar-condicionado, além de ter sido dirigente de entidades empresariais. Foi presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
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Morreu nesta quinta-feira (8) em Porto Alegre, o empresário Paulo D'Arrigo Vellinho, aos 95 anos. Referência no empreendedorismo gaúcho, ele contribuiu de forma decisiva para o crescimento da Springer, uma das empresas pioneiras no ramo de ar-condicionado, além de ter sido dirigente de entidades empresariais. Foi presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
O prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB), foi um dos primeiros a se manfeistar publicamente nesta tarde. Pelo Twitter, Melo lamentou o falecimento de Vellinho, "grande empresário, visionário e empreendedor, foi um cidadão grandioso que contribuiu para a construção e transformação da indústria no País."
Em entrevista ao Jornal do Comércio em 2021, o empresário relembrou momentos da sua longeva carreira, na ocasião em que se celebrava a primeira edição do Prêmio ACPA Paulo Vellinho, criado pela Associação Comercial de Porto Alegre para reconhecer lideranças em diferentes setores da economia e área pública.
O falecimento ocorreu durante a tarde desta quinta, no Hospital Moinhos de Ventos, segundo informou nota da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), presidida por Suzana Vellinho, filha do empresário. A causa da morte não foi divulgada.
“Com uma longa, exemplar e brilhante trajetória empreendedora de mais de 60 anos, Paulo Vellinho participou ativamente do processo de industrialização do País. Entre os destaques de sua caminhada profissional está a liderança à frente da Springer, a partir dos anos 50, empresa vencedora num competitivo mercado, mesmo localizada no extremo Sul brasileiro”, destaca a nota da associação.
“Quem hoje não passa sem o conforto de um aparelho de ar-condicionado neste tórrido verão quase sempre ignora que foi a indústria gaúcha Springer Refrigeração (posteriormente Springer Admiral), sob o comando do empresário Paulo Vellinho, a pioneira na fabricação desse equipamento na América Latina em 1958. Ele lembra que num primeiro momento a novidade foi rejeitada pelo mercado, com base em mitos e preconceitos segundo os quais o aparelho ‘provocava pneumonia e matava criancinhas e cardíacos’. A plena aceitação dos consumidores só ocorreu com o lançamento de uma campanha publicitária baseada no testemunho de personalidades reconhecidas”, contou o colunista do Jornal do Comércio Affonso Ritter, em janeiro de 2019.
A trajetória completa deste gaúcho que teve grande influência no mercado nacional pode ser conferida na biografia “Paulo Vellinho - O realizador de um sonho chamado Springer” (Fronteira, 370 páginas), do experiente e consagrado jornalista Mario de Santi, que traz as memórias deste que é um dos maiores empreendedores brasileiros.
Paulo Vellinho começou a trabalhar aos 18 anos, como vendedor autônomo em um pequeno negócio que mesclava comércio e indústria artesanal, depois foi executivo de um minúsculo fabricante de refrigeradores domésticos. Vellinho transformou a pequena oficina de refrigeração em uma grande empresa, associada à Admiral e a nomes do tamanho da Carrier e da Midea; e viveu intensamente os precários anos 1950, a tumultuada década de 1960, com suas crises e transformações, os anos 1970, do milagre econômico e das crises do petróleo, a perdida década de 1980, a virada nos anos 1990 e os primeiros anos do século XXI, com as polêmicas experiências político-econômicas. A crítica da biografia escrita por De Santi foi publicada no JC em janeiro de 2018 por Jaime Cimenti.
Para compor a biografia, o autor passou um ano inteiro conversando semanalmente com Vellinho. "Era uma pessoa fantástica, de uma generosidade muito grande e um jeito de tratar com as pessoas fora do comum. Era uma pessoa muito querida, agradável, gentil e generosa", relata De Santi, em entrevista concedida após o conhecimento do falecimento do empresário gaúcho.
Para ele, a grande contribuição de Vellinho para a economia do Rio Grande do Sul foi elevar uma pequena empresa sediada no bairro da Azenha para se transformar em uma marca reconhecida em todo território nacional e até internacionalmente.
"Ele foi aos Estados Unidos em 1957, com menos de 30 anos, e trouxe tecnologia e qualidade de produção que não havia. Ele não tinha nada para fornecer. Foi na coragem. Naquela época a (norte-americana) Admiral cobrava 25 mil dólares par se associar com alguém e conceder licença de tecnologia. Ele não tinha esse dinheiro e 'ganhou no grito'. Conseguiu convencer presidente da empresa", relembra o escritor.
Em outubro de 2018, Vellinho foi uma das personalidades retratadas no Caderno Especial Medicina & Saúde do JC, que versava sobre longevidade. Na ocasião, destacou que um dos segredos da vida longa era se dedicar com paixão a todas as tarefas do dia e viver sem angústias. "Minha longevidade está ligada ao fato de eu ter feito com prazer tudo o que fiz, sempre harmonizando trabalho e família", disse.
O empresário também enfatizou na época a importância dos cuidados com a saúde e o convívio com os jovens. "Faz parte da vitalidade o convício com gerações mais novas. O jovem me inspira."
O velório do empresário ocorre nesta sexta-feira (9), a partir das 11h30, no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre (Av. Oscar Pereira, 423, Igreja São Joaquim). A encomendação será às 15h30.