Grupo japonês Shizen é o mais novo interessado em geração eólica offshore no RS

Capacidade prevista para ser desenvolvida na costa gaúcha é superior a 56,7 mil MW, a maior do País

Por Jefferson Klein

Estado já conta com 24 usinas a serem implementadas em alto-mar
A mais recente atualização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto a projetos eólicos offshore (no mar) aguardando licenciamento ambiental no País aponta um aumento das iniciativas dessa natureza a serem desenvolvidas na costa gaúcha. Em abril eram 17 empreendimentos e em agosto passaram a ser 21, sendo que os quatro complexos mais novos incorporados à lista são da Shizen Energia do Brasil, empresa de origem japonesa.
Há quatro meses, o Rio Grande do Sul registrava projetos eólicos offshore que somavam uma capacidade de 44.719 MW e agora são 56.719 MW (o que é mais de cinco vezes a potência de todas as usinas instaladas em solo gaúcho). O resultado coloca o Estado como líder no ranking nacional de iniciativas desse tipo tramitando no Ibama, tanto em número como em capacidade instalada. No total do País, são 66 complexos que constam no órgão ambiental e que chegam a 169.441 MW.
O acréscimo dos 12 mil MW no Rio Grande do Sul são decorrentes de quatro empreendimentos da Shizen, cada um de 3 mil MW: Farol de Mostardas, Querência, Taim e Barra do Chuí. Os parques estão previstos para serem construídos entre as regiões de Mostardas e Santa Vitória do Palmar. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, a proximidade com o porto de Rio Grande pode ser um diferencial para esses empreendimentos. O crescimento da energia eólica offshore, futuramente, também pode ser um argumento de apoio à implantação de um porto em Arroio do Sal, iniciativa conhecida como Porto Meridional, para atender a demandas do setor no Litoral Norte.
Sari ressalta que o Estado tem se mostrado muito promissor para a geração eólica offshore. Ele cita que, além da questão logística, por contar com um porto diferenciado (o de Rio Grande), e do alto potencial de ventos, empreendimentos na costa gaúcha não devem implicar maiores impactos em outros setores como, por exemplo, o de turismo. No entanto, o dirigente lembra que uma questão que terá que ser resolvida mais adiante é a sobreposição de projetos que pleiteiam as mesmas áreas para instalarem seus parques eólicos. O presidente do Sindienergia-RS salienta que esse assunto ainda precisará ser regularizado.
“O grande desafio será criar uma segurança jurídica para os investidores, porque o offshore é uma tendência mundial, não só no Brasil”, enfatiza Sari. Outro tema que necessitará atenção será a demanda por navios para o transporte de equipamentos. Quanto aos impactos ambientais, Sari diz que os estudos sobre o assunto já evoluíram. Ele revela que o Sindienergia-RS pretende trazer representantes do Ibama ao Estado para debater esse tema, envolvendo comunidades pesqueiras e outros grupos que são abrangidos nesse processo.
Sari defende ainda a atualização do atlas eólico do Rio Grande do Sul, detalhando melhor a situação offshore, assim como o potencial onshore (em terra) e em lagoas. O representante do Sindienergia-RS antecipa que a tendência é que os ventos no Litoral Sul sejam um pouco superiores aos verificados na costa Norte gaúcha.