A assinatura de memorando de entendimento entre a Neoenergia e o governo do Estado para a implantação de um parque eólico offshore (no mar), assim como para uma planta de hidrogênio verde, marcou um importante momento para o desenvolvimento desses projetos. A cerimônia foi realizada, nesta quarta-feira (31), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a Expointer. No caso do complexo que gerará energia a partir dos ventos no litoral gaúcho, a cerca de 10 quilômetros das praias de Capão da Canoa e Xangri-lá, a expectativa da empresa é que o empreendimento possa entrar em operação em um prazo de sete a dez anos.
O diretor Adj. de Hidráulica & Offshore Renováveis da Neoenergia, Marcelo Lopes, explica que essa previsão leva em conta o tempo de elaboração do projeto de engenharia, dos estudos ambientais e a construção. Ele lembra que a regulamentação do setor offshore no Brasil ainda está sendo consolidada e é preciso definir o modelo de como será comercializada a geração dessa energia.
O parque eólico da Neoenergia no Estado, chamado de Águas Claras, terá 3 mil MW de potência (suficiente para abastecer até 5 milhões de família) e será composto por 200 aerogeradores, que terão 155 metros de altura e serão instalados a profundidades de 20 a 50 metros. Por enquanto, Lopes prefere não estimar o aporte que essa iniciativa absorverá. No entanto, ele informa que a Neoenergia tem um plano de investimento na ordem de R$ 35 bilhões nos próximos cinco anos.
Quanto à logística para a implantação do projeto no litoral gaúcho, Lopes adianta que o porto de Rio Grande representará uma estrutura estratégica que será aproveitada. Ele salienta que o mundo está investindo em energia eólica offshore. “E o Brasil também irá acompanhar esse movimento”, enfatiza o dirigente.
Segundo Lopes, atualmente são cerca de 50 mil MW eólicos offshore gerados no planeta e a perspectiva é que chegue a 220 mil MW em 2030 e a 1 milhão de MW em 2050, boa parte dessa capacidade alavancada pela China. Além do parque eólico offshore, a Neoenergia estuda a implantação de uma planta-piloto para produção de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul. O diretor de Gestão de Energia e Operações Térmicas da Neoenergia, David Benavent, explica que, no momento, o parque offshore é um negócio separado dessa iniciativa (apesar de para a produção de hidrogênio verde, é necessário antes a geração de energia renovável, por isso a denominação “verde”).
Benavent adianta que, inicialmente, a produção de energia para a fabricação do hidrogênio deverá ser proveniente de parques eólicos onshore (em terra) ou de usinas solares. A perspectiva é que a unidade seja instalada próxima a um porto, para facilitar a possibilidade de exportação do combustível. O diretor da Neoenergia comenta que entre os possíveis mercados para o hidrogênio verde estão a produção de fertilizantes, segmento de transportes e indústria química.
Já o governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, frisa que o acordo firmado nesta quarta-feira representa transição energética, sustentabilidade, ganho para o meio ambiente e geração de desenvolvimento econômico e social. Ele destaca que é algo que vislumbra o futuro. “A energia eólica offshore será algo importantíssimo”, conclui o governador.