Parcerias para certificação de tecnologia, a produção de ônibus elétricos totalmente desenvolvidos pela empresa gaúcha Marcopolo e a realização de um seminário internacional são provas que a mobilidade elétrica entrou definitivamente em pauta no Estado. Nessa sexta-feira (26), o assunto foi amplamente discutido durante o evento "E-mobility: experiências sul-coreanas e brasileiras em PD&I” realizado no campus da Pucrs, em Porto Alegre.
O diretor dos Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (Labelo) da Universidade, Israel Teixeira, destaca que o encontro tinha como objetivo adensar o conhecimento na área da mobilidade elétrica. Foram tratadas questões como a segurança cibernética e das baterias dos veículos e como as ações que as empresas estão adotando hoje no setor. “A eletromobilidade é um movimento mundial, há uma convergência de interesses de todos os agentes, seja na área ambiental, na própria indústria automotiva, que quer apresentar novas soluções para seus clientes, e obviamente dos consumidores”, frisa Teixeira. Ele lembra que o Brasil já superou a marca de 100 mil veículos elétricos vendidos.
Além de promover o debate dessa sexta-feira, a Pucrs está envolvida na criação do laboratório E-mobility, que será a primeira estrutura brasileira para testes em baterias de íon-lítio, que vão equipar os veículos elétricos. “É necessário que esses itens sejam submetidos a ensaios de segurança”, aponta o diretor do Labelo. O complexo também fará a aprovação dos carregadores dos carros movidos à eletricidade.
A primeira fase do novo laboratório, que deve ser inaugurada ainda neste ano, será desenvolvida no campus da Pucrs, na Capital. Posteriormente, a perspectiva é de expandir a estrutura para outras áreas, como o Tecnopuc Viamão. Teixeira informa que juntamente com a Universidade estão participando da iniciativa o Inmetro e o grupo global de certificação de produtos PCN e o Korea Testing Laboratory, esses dois últimos agentes oriundos da Coreia do Sul. Ainda não há um número de investimento fechado para a realização do empreendimento, no entanto Teixeira adianta que serão valores expressivos, de pelo menos “dois dígitos”, ou seja, acima de R$ 10 milhões.
“A missão é, através desses ensaios, certificações e testes, fazer com que os produtos cheguem ao mercado de forma segura e energeticamente eficiente”, salienta o CEO da PCN para a América Latina, Kim Albuquerque Rieffel. Ele explica que é preciso garantir que uma bateria não terá o risco de explodir ou que o usuário possa levar um choque no momento de fazer o carregamento do seu carro.
Rieffel diz que a mobilidade elétrica já é uma realidade crescendo em países da Ásia, Europa e nos Estados Unidos. Ele acrescenta que no Brasil, conforme estudo encomendado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a projeção é que mais de 60% dos veículos a serem vendidos já na próxima década sejam elétricos.
Outra demonstração do avanço da eletromobilidade é dada pela Marcopolo. O gerente de engenharia da empresa, João Gabriel Magnabosco, informa que em agosto a companhia começou a produção industrial de 30 ônibus elétricos, totalmente feitos pela Marcopolo, que serão destinados a clientes espalhados pelo Brasil e América Latina. O lote será entregue ainda neste ano.
Um dos desafios na montagem de um veículo com esse, detalha Magnabosco, é o peso da estrutura de bateria, que é de cerca de três toneladas. Para equilibrar essa balança, ele revela que uma estratégia adotada foi usar alumínio, um metal mais leve, na fabricação do ônibus. “Há muita engenharia e pesquisa para chegar às soluções”, afirma o gerente de engenharia da Marcopolo. Magnabosco acrescenta que o preço do ônibus elétrico hoje é cerca de três a quatro vezes mais caro do que o do veículo convencional. No entanto, tem menor custo de manutenção, maior vida útil e menos despesas com combustível. Ele cita o caso de um proprietário de ônibus que gastava R$ 14 mil mensais em óleo diesel e passou a desembolsar R$ 2,6 mil quando trocou pela eletricidade. No circuito urbano, a autonomia do ônibus elétrico da Marcopolo é de cerca de 250 quilômetros.
Já o integrante da Tupinambá Energia e membro da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Clemente Gauer, adverte que a questão da infraestrutura de recarga é a missão crítica da mobilidade elétrica a ser resolvida. “Não é só agradar quanto aos quesitos de ESG (Environment, Social and Governance), mas dos motoristas também”, argumenta. No entanto, ele ressalta que pesquisas apontam que cerca de 80% dos proprietários de carros elétricos fazem o carregamento de seus veículos em suas residências. Desse jeito, podem fazer o abastecimento à noite enquanto dormem. Além disso, outra vantagem é poder conciliar, eventualmente, a recarga com um sistema solar fotovoltaico de geração de energia.
O coordenador de Engenharia na Suspensys Sistemas Automotivos, Carlos Eduardo Michelin, também considera que o desenvolvimento da mobilidade elétrica é um ponto pacífico no mundo. De acordo com ele, em 2021 eram cerca de 11 milhões de veículos desse tipo circulando no planeta. A questão ambiental e as legislações restringindo o uso de combustíveis fósseis devem acelerar esse processo. Já o representante da área de Relações Institucionais e Governamentais da WEG, Wagner Setti, destaca que a mobilidade elétrica pode aproveitar oportunidades em modais além do rodoviário. Ele recorda, por exemplo, que a Embraer já conduz experiências com aviões elétricos.
O diretor dos Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (Labelo) da Universidade, Israel Teixeira, destaca que o encontro tinha como objetivo adensar o conhecimento na área da mobilidade elétrica. Foram tratadas questões como a segurança cibernética e das baterias dos veículos e como as ações que as empresas estão adotando hoje no setor. “A eletromobilidade é um movimento mundial, há uma convergência de interesses de todos os agentes, seja na área ambiental, na própria indústria automotiva, que quer apresentar novas soluções para seus clientes, e obviamente dos consumidores”, frisa Teixeira. Ele lembra que o Brasil já superou a marca de 100 mil veículos elétricos vendidos.
Além de promover o debate dessa sexta-feira, a Pucrs está envolvida na criação do laboratório E-mobility, que será a primeira estrutura brasileira para testes em baterias de íon-lítio, que vão equipar os veículos elétricos. “É necessário que esses itens sejam submetidos a ensaios de segurança”, aponta o diretor do Labelo. O complexo também fará a aprovação dos carregadores dos carros movidos à eletricidade.
A primeira fase do novo laboratório, que deve ser inaugurada ainda neste ano, será desenvolvida no campus da Pucrs, na Capital. Posteriormente, a perspectiva é de expandir a estrutura para outras áreas, como o Tecnopuc Viamão. Teixeira informa que juntamente com a Universidade estão participando da iniciativa o Inmetro e o grupo global de certificação de produtos PCN e o Korea Testing Laboratory, esses dois últimos agentes oriundos da Coreia do Sul. Ainda não há um número de investimento fechado para a realização do empreendimento, no entanto Teixeira adianta que serão valores expressivos, de pelo menos “dois dígitos”, ou seja, acima de R$ 10 milhões.
“A missão é, através desses ensaios, certificações e testes, fazer com que os produtos cheguem ao mercado de forma segura e energeticamente eficiente”, salienta o CEO da PCN para a América Latina, Kim Albuquerque Rieffel. Ele explica que é preciso garantir que uma bateria não terá o risco de explodir ou que o usuário possa levar um choque no momento de fazer o carregamento do seu carro.
Rieffel diz que a mobilidade elétrica já é uma realidade crescendo em países da Ásia, Europa e nos Estados Unidos. Ele acrescenta que no Brasil, conforme estudo encomendado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a projeção é que mais de 60% dos veículos a serem vendidos já na próxima década sejam elétricos.
Outra demonstração do avanço da eletromobilidade é dada pela Marcopolo. O gerente de engenharia da empresa, João Gabriel Magnabosco, informa que em agosto a companhia começou a produção industrial de 30 ônibus elétricos, totalmente feitos pela Marcopolo, que serão destinados a clientes espalhados pelo Brasil e América Latina. O lote será entregue ainda neste ano.
Um dos desafios na montagem de um veículo com esse, detalha Magnabosco, é o peso da estrutura de bateria, que é de cerca de três toneladas. Para equilibrar essa balança, ele revela que uma estratégia adotada foi usar alumínio, um metal mais leve, na fabricação do ônibus. “Há muita engenharia e pesquisa para chegar às soluções”, afirma o gerente de engenharia da Marcopolo. Magnabosco acrescenta que o preço do ônibus elétrico hoje é cerca de três a quatro vezes mais caro do que o do veículo convencional. No entanto, tem menor custo de manutenção, maior vida útil e menos despesas com combustível. Ele cita o caso de um proprietário de ônibus que gastava R$ 14 mil mensais em óleo diesel e passou a desembolsar R$ 2,6 mil quando trocou pela eletricidade. No circuito urbano, a autonomia do ônibus elétrico da Marcopolo é de cerca de 250 quilômetros.
Já o integrante da Tupinambá Energia e membro da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Clemente Gauer, adverte que a questão da infraestrutura de recarga é a missão crítica da mobilidade elétrica a ser resolvida. “Não é só agradar quanto aos quesitos de ESG (Environment, Social and Governance), mas dos motoristas também”, argumenta. No entanto, ele ressalta que pesquisas apontam que cerca de 80% dos proprietários de carros elétricos fazem o carregamento de seus veículos em suas residências. Desse jeito, podem fazer o abastecimento à noite enquanto dormem. Além disso, outra vantagem é poder conciliar, eventualmente, a recarga com um sistema solar fotovoltaico de geração de energia.
O coordenador de Engenharia na Suspensys Sistemas Automotivos, Carlos Eduardo Michelin, também considera que o desenvolvimento da mobilidade elétrica é um ponto pacífico no mundo. De acordo com ele, em 2021 eram cerca de 11 milhões de veículos desse tipo circulando no planeta. A questão ambiental e as legislações restringindo o uso de combustíveis fósseis devem acelerar esse processo. Já o representante da área de Relações Institucionais e Governamentais da WEG, Wagner Setti, destaca que a mobilidade elétrica pode aproveitar oportunidades em modais além do rodoviário. Ele recorda, por exemplo, que a Embraer já conduz experiências com aviões elétricos.
CEEE Grupo Equatorial adquire carros elétricos e instalará pontos de carregamento em rodovias gaúchas
Cada veículo custou à distribuidora R$ 240 mil
CEEE Grupo Equatorial/Divulgação/JC
Uma empresa que está saindo da teoria para adotar medidas práticas quanto à mobilidade elétrica é a CEEE Grupo Equatorial. A distribuidora de energia está investindo cerca de R$ 18 milhões na iniciativa chamada de Rota Elétrica Mercosul, além da aquisição já feita de cinco veículos movidos à eletricidade.
A engenheira eletricista e analista de Operações de Pesquisa & Desenvolvimento da companhia, Ilana França dos Santos, detalha que a rota prevê a instalação de 11 pontos de carregamento para carros elétricos, que ficarão em pontos como paradouros e postos de combustíveis localizados em estradas do Rio Grande do Sul. Essas estruturas estarão distribuídas nos municípios de Torres, Osório, Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro, Cristal, Pelotas, Arroio Grande, Jaguarão, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (dois pontos), abrangendo uma área de 916 quilômetros de extensão. Essa disposição permitirá a continuidade de uma ligação com os estados do Paraná e Santa Catarina, assim como com o Uruguai, que contam também com estações de recarga, de outras empresas.
A partir de dezembro, a CEEE Grupo Equatorial começará as instalações dos equipamentos e a expectativa é de que em janeiro de 2023 as estruturas já estejam prontas para os usuários aproveitá-las. As estações da Rota Elétrica Mercosul terão capacidade de fazer recargas rápidas, em 30 minutos. Em média, as estações com recarga semirrápida levam de 4 horas a 8 horas e as lentas, de 8 horas a 12 horas.
A ação da distribuidora gaúcha está sendo realizada em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nesse primeiro momento, não haverá custo para o motorista carregar seus automóveis nos pontos implementados. Paralelamente a essa iniciativa, a CEEE Grupo Equatorial comprou cinco modelos elétricos Renault ZOE-E TECH. Ilana informa que, inicialmente, a autonomia desses veículos é estimada em 385 quilômetros. “Mas, a tendência é de ir diminuindo aos poucos, então consideramos, de uma forma em geral, cerca de 300 a 340 quilômetros”, frisa.
Ela ressalta que, em média, um veículo elétrico é cerca de 80% mais caro do que o convencional (dependendo da marca e do modelo). No caso de cada carro adquirido pela CEEE Grupo Equatorial, o custo por unidade foi de R$ 240 mil. Ilana adianta que a tendência, com a evolução tecnológica e ganho de escala de produção, é essa diferença cair. Além disso, o veículo elétrico tem como vantagem gerar menor impacto ambiental e ter menos gastos com manutenção.
A engenheira eletricista e analista de Operações de Pesquisa & Desenvolvimento da companhia, Ilana França dos Santos, detalha que a rota prevê a instalação de 11 pontos de carregamento para carros elétricos, que ficarão em pontos como paradouros e postos de combustíveis localizados em estradas do Rio Grande do Sul. Essas estruturas estarão distribuídas nos municípios de Torres, Osório, Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro, Cristal, Pelotas, Arroio Grande, Jaguarão, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (dois pontos), abrangendo uma área de 916 quilômetros de extensão. Essa disposição permitirá a continuidade de uma ligação com os estados do Paraná e Santa Catarina, assim como com o Uruguai, que contam também com estações de recarga, de outras empresas.
A partir de dezembro, a CEEE Grupo Equatorial começará as instalações dos equipamentos e a expectativa é de que em janeiro de 2023 as estruturas já estejam prontas para os usuários aproveitá-las. As estações da Rota Elétrica Mercosul terão capacidade de fazer recargas rápidas, em 30 minutos. Em média, as estações com recarga semirrápida levam de 4 horas a 8 horas e as lentas, de 8 horas a 12 horas.
A ação da distribuidora gaúcha está sendo realizada em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nesse primeiro momento, não haverá custo para o motorista carregar seus automóveis nos pontos implementados. Paralelamente a essa iniciativa, a CEEE Grupo Equatorial comprou cinco modelos elétricos Renault ZOE-E TECH. Ilana informa que, inicialmente, a autonomia desses veículos é estimada em 385 quilômetros. “Mas, a tendência é de ir diminuindo aos poucos, então consideramos, de uma forma em geral, cerca de 300 a 340 quilômetros”, frisa.
Ela ressalta que, em média, um veículo elétrico é cerca de 80% mais caro do que o convencional (dependendo da marca e do modelo). No caso de cada carro adquirido pela CEEE Grupo Equatorial, o custo por unidade foi de R$ 240 mil. Ilana adianta que a tendência, com a evolução tecnológica e ganho de escala de produção, é essa diferença cair. Além disso, o veículo elétrico tem como vantagem gerar menor impacto ambiental e ter menos gastos com manutenção.