Se tudo ocorrer conforme o planejado, o edital de revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre, deve ser publicado nesta quinta-feira (18). O documento vem sendo preparado há 14 meses, já que envolve interesses públicos e privados. Ainda conforme o cronograma, o leilão do espaço tem data reservada na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, para 26 de setembro. Em dezembro, portanto, a empresa vencedora assinará o contrato para transformar uma das paisagens mais icônicas da capital gaúcha. “Será dentro da administração do atual governo”, avisa João Lauro, líder do consórcio Revitaliza.
Os detalhes foram apresentados por ele durante um passeio a bordo do barco Cisne Branco ao lado de Eduardo Fayet, responsável pela comunicação do consórcio, Osmar Lima, chefe do departamento de projetos públicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Marcelo Spilki, secretário executivo de parcerias do governo do Estado. De acordo com a apresentação, a Parceria Público Privada (PPP) será administrativa, o que significa que a população poderá acessar a área sem precisar pagar entrada.
O terreno das docas, que compreende 65 mil metros quadrados e está avaliado em R$ 145 milhões, passará para a iniciativa privada e receberá torres residenciais e comerciais, cuja construção levaria 10 anos. Os armazéns, no entanto, serão concedidos por 30 anos, onde estão previstas estruturas para um centro tecnológico para incubação de empresas, área de gastronomia e de atrações culturais.
Com custo operacional previsto em R$ 20 milhões por ano, a expectativa é que as atrações gerem uma receita anual de R$ 50 milhões. O investimento previsto para que ocorra a revitalização é de R$ 355 milhões.
Um dos requisitos para a empresa vencedora do leilão é que tenha em seu quadro um profissional com experiência em restauração do patrimônio histórico por se tratar de um espaço tão importante para a cultura do Rio Grande do Sul. Os organizadores revelam, ainda, que os guindastes, espalhados ao longo do Cais, serão transferidos para uma área que se chamará Praça dos Guindastes.
Assunto polêmico na cidade, o objetivo é que um dos trechos do muro da Mauá seja removido. “Faremos a substituição do muro por uma barreira móvel contra eventos de enchente no mesmo nível de proteção do atual, de 3 metros”, antecipa João.
Osmar, do BNDES, afirma que o banco participa da iniciativa para oferecer qualidade técnica para a estruturação do projeto. “É algo que atrai muitos interesses conflitantes, mas elaboramos uma forma de compatibilizar isso e que reflete o debate público. Vai beneficiar a cidade e o Estado”, acredita.
Secretário do governo, Marcelo garante que foram ouvidos todos os interessados e se chegou a uma convergência. “Com o Cais, esperamos conseguir que os turistas passem uma ou duas noites em Porto Alegre antes de subirem a Serra”, frisa.
O Cais Mauá vai das docas até a Usina do Gasômetro. Atualmente, o grupo do consórcio mantém uma agenda de apresentações a empresas interessadas em abraçarem a proposta.
Projeção de como ficará um prédio na área das docas no Cais Mauá