Setor de turismo corporativo cresce e chega ao segundo semestre otimista

Segmento apresentou melhora de faturamento e movimentação na primeira metade de 2022

Por Mariana Guazzelli Costa

Setor encerrou a primeira metade do ano com bons resultados
Apesar dos altos custos operacionais impulsionados pela inflação, do aumento dos combustíveis e do conflito na Ucrânia, o setor de  turismo corporativo vem conseguindo superar os obstáculos iniciados com a pandemia. Prova disso é que o segmento encerrou o primeiro semestre de 2022 com bons resultados para o mercado de eventos e viagens corporativos, e projeta números também positivos para os próximos meses.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) aponta que o segmento faturou, somente no mês de maio, R$ 1,093 bilhão em relação a abril- mês que já havia sido positivo, com uma movimentação de quase R$ 875 milhões- um crescimento de 25%, evidenciando a recuperação registrada desde o início do ano.
Apesar do impacto positivo no faturamento, esse aquecimento do turismo corporativo não seguiu a mesma proporção no número de tíquetes emitidos, em comparação com o ano de 2019. “Nós estamos com um tíquete menor ainda de emissão. Isso não só no internacional, mas também no mercado doméstico. Em maio, nós fechamos ainda 35% abaixo em número de bilhetes emitidos”, explica Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp.
Ainda assim, a expectativa para o segundo semestre continua positiva para o setor de viagens corporativas. “No mercado doméstico, nós imaginamos que no segundo semestre tenhamos, tanto um crescimento do ponto de vista de faturamento, quanto um empate do ponto de vista de emissão de bilhetes, em comparação com 2019”, declara.
Segundo a lista de eventos corporativos credenciados junto à Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio Grande do Sul (Abav RS) e a Secretaria Estadual do Turismo (Setur), existem cerca de 20 eventos programados para este segundo semestre, entre julho e dezembro. Desses eventos, pelo menos 11 serão realizados no Rio Grande do Sul.
Na capital gaúcha, o Porto Alegre & Região Metropolitana Convention & Visitors Bureau (POACVB) contabiliza 7 eventos para o segundo semestre de 2022, estimando um total de 14,7 mil pessoas. Segundo a presidente da entidade, Adriane Hilbig, a expectativa é de um semestre bastante movimentado para o setor. “Porto Alegre, tem no seu DNA os eventos de negócios, então, a cadeia toda gira em torno disso. Nós temos uma projeção para um segundo semestre cheio atividades e de eventos, em função também dos 250 anos da cidade, que também trouxeram muitos eventos para a nossa Capital, que aconteceram no primeiro semestre e acontecerão neste segundo”, declara Hilbig.

Hotelaria também se beneficia com a retomada dos eventos de negócios

Para o setor hoteleiro, o aquecimento do mercado do turismo corporativo também impacta positivamente e  de maneira significativa. Segundo dados fornecidos pelo Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (Shpoa), a taxa de ocupação dos hotéis da cidade cresceu 27,99%, em maio, em comparação com maio de 2019.
“Nos primeiros três meses do ano, o movimento da cidade de Porto Alegre, pela nossa experiência, foi dado por um pouco de turismo de lazer e um pouco pelas empresas de pequeno porte. Mas, de março a maio, as grandes empresas começaram a voltar a viajar, assim como voltaram os grandes eventos e as convenções. E isso resgatou o movimento da cidade”, declara Alexandre Gehlen, vice-presidente Institucional do SHPOA e diretor geral da ICH Administração de Hotéis.
Maio, inclusive, foi o mês da realização do South Summit na Capital, que contribuiu para o aumento da demanda turística e da rede hoteleira da cidade.
Quanto à expectativa para esse segundo semestre, Gehlen declara um otimismo cauteloso para o setor hoteleiro.
“Para quem estava na indústria, que sofreu dois anos do jeito que que a gente sofreu, em função da pandemia, os últimos três meses de crescimento, com gente voltando a viajar, é um sinônimo de otimismo. Mas eu falo em otimismo cauteloso, porque estamos frente a um cenário desafiador, em termos de inflação. Ainda assim, eu acho que a malha aérea tem que ser a nossa linha aliada. Ela não pode falhar e a inflação ainda pode atrapalhar um pouco em termos de custos”, explica Gehlen.