TCE interrompe processo de privatização da Corsan

Governo gaúcho tinha meta de concluir desestatização da empresa em julho

Por Jefferson Klein

Governo tinha estipulado para julho venda de ações da empresa
A intenção do governo gaúcho de concluir o procedimento de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) ainda neste mês de julho talvez não seja concretizada. O Tribunal de Contas do Estado (TCE), em decisão publicada no seu Diário Eletrônico desta quinta-feira (7), determinou que a iniciativa, por enquanto, fosse suspensa.
Conforme processo que tramita no TCE e que tem como relatora a conselheira Heloisa Tripoli Goulart Piccinini, foi estipulado que o governo e a Corsan se “abstenham de dar prosseguimento ao processo de registro de oferta pública de distribuição primária e secundária de ações ordinárias de emissão da companhia, instaurado junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliário), sem a promoção de fundamentadas correções na modelagem econômico financeira adotada para a desestatização da entidade”.
Em fato relevante publicado na CVM, o governo do Estado havia informado que pretendia finalizar a privatização da Corsan, por meio da oferta pública inicial de ações de emissão da empresa, até julho deste ano. Em janeiro, a iniciativa, que estava prevista para ocorrer em fevereiro, já havia sido adiada. Na mensagem enviada à Comissão de Valores Mobiliário, o governo estadual reiterou que o objetivo da oferta de ações é atender ao novo marco legal do saneamento no Brasil, “universalizando a coleta e o tratamento de esgoto e proporcionando segurança no abastecimento de água da população gaúcha”.
Ainda conforme as informações prestadas à instituição ligada ao mercado de capitais, a operação “está sujeita à obtenção das aprovações necessárias, incluindo a concessão do registro da oferta por parte da CVM e do deferimento da listagem da companhia por parte da B3, além de condições políticas, macroeconômica e de mercado favoráveis, dentre outros fatores alheios à vontade da companhia e de seu controlador”. O governo do Rio Grande do Sul hoje é detentor de 99% das ações da Corsan e o plano de investimento da companhia, que atende a 317 municípios gaúchos, prevê um desembolso de R$ 12,5 bilhões até 2033.
Sobre o desdobramento da questão da privatização no TCE, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS), Arilson Wünsch, ressalta que é importante lembrar que se trata de uma liminar, e pode ser cassada a qualquer momento. No entanto, ele acrescenta que a medida “representa a grande luta dos trabalhadores e trabalhadoras da Corsan e da sociedade que também prima pela água pública e saneamento de qualidade”.
Já pelo lado da Corsan, em nota assinada nesta quinta-feira pelo diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Douglas Ronan Casagrande da Silva, a estatal afirma que a “companhia e seu acionista controlador, Estado do Rio Grande do Sul, estudam as medidas cabíveis e manterão o mercado e a sociedade em geral informados de eventuais repercussões”.