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Indústria do plástico busca aumentar prática da reciclagem
Próximo de chegar aos 40 anos de atividades (que serão completados na quarta-feira, 6), o Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS) se prepara para as novas demandas que um mercado sustentável apresenta para o futuro do setor. Conforme o presidente da entidade, Gerson Haas, a atenção nos próximos anos estará voltada para a inovação e a economia circular. O volume de plástico descartado que será destinado à reciclagem, por exemplo, deve saltar de cerca de 25% para mais de 50%, no Estado e no País, até 2030, projeta o dirigente.
Jornal do Comércio (JC) - Quais os desafios que se apresentam para as empresas que produzem plástico nos próximos anos?
Gerson Haas - O foco será a economia circular, inovação e reciclagem. Tem que reciclar, se não reciclarmos, vamos chegar em um ponto que não vai dar mais para continuar produzindo. O Brasil vai dar exemplo, isso foi muito falado no ENAI (Encontro Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria), que o País é a bola da vez para mostrar ao mundo como se faz economia circular. O País e o setor do plástico vão ganhar dinheiro com isso.
JC - Quanto do plástico descartado hoje é reciclado no Brasil e no Rio Grande do Sul?
Haas - Algo em torno de 23% a 25%, ainda é muito baixo. Tem regiões em que esses percentuais são um pouco maiores e outras um pouco menores. A Serra gaúcha, os municípios de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, aquela parte tem mais reciclagem, em Porto Alegre tem menos.
JC - Por que ocorrem essas diferenças?
Hass - No caso da região da Serra a reciclagem é mais incentivada, tem mais coleta seletiva, há muitas recicladoras, ali chega a patamares de 32% a 35% (a reciclagem). Em Caxias do Sul tem uma recicladora que transforma 3 mil toneladas ao mês.
JC - Qual a projeção de crescimento das taxas de reciclagem do plástico nos próximos anos, no Estado e no País?
Hass - A ideia é passar de 50% até 2030. Os empresários do Brasil têm muito interesse nisso, é uma fonte de renda muito boa. A tecnologia e a inovação estão chegando para que isso seja feito de uma forma mais automatizada, facilitando a separação tanto de plásticos, como de papéis, vidros e metais. Precisamos só de um apoio mais forte do poder público, precisamos dessa liderança, com multas e legislação, começando com a coleta seletiva, que dá mais dinheiro do que enterrar os resíduos.
JC - O custo das resinas termoplásticas vem pressionando os transformadores de plástico no Brasil. De quanto foi o aumento da matéria-prima no primeiro semestre e qual a expectativa para a segunda metade do ano?
Hass - A tendência agora é de uma queda. O mercado internacional já baixou, mas por enquanto aqui os preços ainda se mantiveram. Tivemos dois aumentos recentes, um há 60 dias e outro faz três meses. No ano, o incremento é de cerca de 20% até o momento. Porém, acredito que a perspectiva é de cair para os próximos meses, porque se não baixar no cenário interno, deve entrar muito material importado. Claro que tem muitas variáveis envolvidas, como o preço do petróleo.
JC - A principal fornecedora nacional de resinas petroquímicas é a Braskem, que há muito tempo tem o seu nome citado em uma provável venda. O senhor crê que essa movimentação acontecerá ainda neste ano?
Haas - Acho que vai ficar para 2023, porque 2022 é um ano eleitoral. Mas, há muito interesse nessa venda, uma hora vai sair.
JC - Essa alienação seria boa ou não para os clientes da companhia, os transformadores?
Haas - A gente não sabe se a Braskem será vendida de maneira fatiada ou completa. Acreditamos que será fatiada e aí será bom para o setor, porque aumentará a concorrência.