Na flexibilidade estão as soluções. É com essa visão que a nova presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), Suzana Vellinho, quer conduzir a sua gestão. Apostando na cooperação, na cultura da inovação e em um modelo mais moderno de liderar, no qual o erro é permitido para que, a partir dele, seja possível aprender e avançar rapidamente. "Me sinto desafiada e feliz por esse momento que estou vivendo nessa vida", comenta.
Nesta entrevista, ela fala sobre o foco de sua gestão e sobre a importância de ações voltadas para a capacitação.
Jornal do Comércio - O Rio Grande do Sul está vivendo um momento importante na direção do empreendedorismo e da inovação. Como esse cenário impacta tudo que está sendo pensado, também, por entidades como a ACPA?
Suzana Vellinho - Quando o movimento acontece, ele impacta todos. Eu sempre gosto de citar iniciativas como o South Summit Brazil e o Instituto Caldeira como exemplos de tantas outras que acontecem em Porto Alegre. Em projetos como esses, as discussões não giram em torno do que normalmente se discute em outros fóruns. Não se fala apenas da intervenção do estado na economia, da carga tributária. Esses projetos fazem acontecer as mudanças, e fazem isso de mãos dadas. São avanços que acontecem junto com os concorrentes, e que só são fortes porque trazem no DNA a visão de que o erro faz parte de quem quer inovar e que se cooperarmos uns com os outros, seremos mais fortes. Estamos somando competências e empenho. Sou muito otimista porque acredito que temos condições de manter um diálogo firme e forte.
JC- Como a inovação está presente na estratégia da ACPA?
Suzana - Para a composição da nova diretoria, gestão 2022/2024, convidei alguns empresários para compor a vice presidência e concedi autonomia para que eles fizessem o convite aos seus diretores. Com isso, trouxemos pessoas com competências relacionadas à inovação, com uma liderança envolvida no ecossistema de dirigentes jovens e agregadores. Entendo que a inovação passa pelo ser humano. A tecnologia está a serviço do ser humano. É a aproximação do público interno, público externo, associado, enfim, uma junção de diálogo. Inovação passa por aproximarmos, por gerarmos empatia e por dialogarmos. Por isso a diretoria é múltipla para que as diversas linguagens se fusionem na atual gestão.
JC - Quais os projetos nesta área que a entidade está desenvolvendo?
Suzana - Estamos em estudos, buscando novas ferramentas para capacitar os associados e integração entre eles, pois a troca de experiências é a ação mais enriquecedora que um ecossistema empresarial pode ter. A associação tem o grande desafio de promover encontros, pois acreditamos que as respostas surgem do networking. Temos que integrar, cooperar e buscar a disrupção do modelo de que temos que acertar sempre. Os novos modelos são mais flexíveis do que os velhos. Na flexibilidade encontramos as soluções.
JC - Qual o maior desafio para os varejistas tornarem os seus negócios cada vez mais digitais?
Suzana - A pandemia da Covid-19 provocou o fechamento de 75 mil comércios no nosso País em 2020, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). E desenhou um novo cenário: fomos incitados ao novo, ao disruptivo, a reinventar métodos. O digital avançou exponencialmente e passou a ser o viabilizador da continuidade dos nossos negócios. O estar desconfortável passou a ser confortável, o incontrolável virou mola mestra para a conexão.
JC - Qual a importância da inovação para o varejo?
Suzana - Inovar é importante para o movimento da vida. Se não estivermos em busca da mudança, do alinhamento e aperfeiçoamento das ações, muito pouco conquistamos. O mundo vive em constante mudança e inovar nada mais é do que mudar o que não faz sentido para o meu negócio. Quem não inova e não busca conhecimento corre o risco de ficar defasado das necessidades da sociedade.
JC - Como a entidade tem procurado atuar para apoiar os empreendedores na direção do digital?
Susana - Dentro da nossa agenda de eventos, entre eles o MenuPOA, buscamos aproximar o empresário da linguagem e experiência vivida por outros empresários e por especialistas da área. Estamos finalizando o nosso planejamento estratégico no qual estão contempladas ações voltadas para a capacitação. Micro e pequenos empresários são nosso foco. Queremos nos aproximar, por exemplo, dos empresários do Mercado Público e mostrar que falamos a linguagem deles e que podemos ajudá-los a resolver as suas necessidades. Se eu conseguir capacitar o micro e pequeno, vou ficar muito feliz. O médio e grande tem capacidade financeira melhor, mas os micro e pequenos precisam fazer o faturamento acontecer todos os dias para sobreviver.
JC - Qual é a missão da ACPA?
Suzana - Somos uma entidade a serviço dos nossos associados como prestadores de serviço. Esta é nossa missão e razão de ser. O trabalho que estamos desenvolvendo nesse início de gestão, junto com os dirigentes e público interno, é estar cada vez mais próximos do associado, buscar saber o que eles necessitam e como apoiá-los de forma prática em seus negócios. Estamos desenvolvendo uma pesquisa com três eixos que vão nos nortear nas ações relacionadas ao associado, instituições e poder público. Olhamos com atenção para os empresários das empresas de micro e pequeno porte, percebendo suas dores e dificuldades, seus anseios e desejos.
JC - E quais as principais metas e desafios da sua gestão para que seja possível atingir isso?
Suzana - Assumo a ACPA com um time de vice-presidentes e diretores, profissionais fortes e reconhecidos, com o propósito de ampliar o quadro associativo, gerar novos negócios, fortalecer a sustentabilidade da entidade e incrementar relacionamentos empresariais e institucionais.