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Economia

- Publicada em 28 de Dezembro de 2021 às 15:34

Hidrovia trará incremento de renda, emprego e desenvolvimento, diz prefeito de Jaguarão

Telis vê a exploração do modal hidroviário como forma de recuperar a pujança das cidades fronteiriças

Telis vê a exploração do modal hidroviário como forma de recuperar a pujança das cidades fronteiriças


CNM/DIVULGAÇÃO/JC
Fernanda Crancio
Um dos municípios diretamente beneficiados pelo projeto de implantação da Hidrovia da Lagoa Mirim- que teve concessão autorizada pelo governo federal em novembro, e deverá ser a primeira pedagiada do Brasil, ligando o País ao Uruguai-, Jaguarão, na fronteira com a cidade uruguaia de Rio Branco, aposta na retomada do potencial do transporte hidroviário binacional para garantir incremento e desenvolvimento à economia local. Ao lado da construção de uma estação de transbordo de carga (ETC) no Porto de Jaguarão, ainda em fase de captação de investimentos pela empresa que detém sua concessão, o prefeito Favio Telis vê a volta da exploração do modal hidroviário como forma de recuperar a pujança das cidades fronteiriças e de desencadear novas possibilidades de investimentos, como a captação de empresas e atração de alternativas ao turismo náutico. Nesta entrevista, ele fala dos impactos da hidrovia para a região e projeta as possibilidades que virão a partir da consolidação da iniciativa.
Um dos municípios diretamente beneficiados pelo projeto de implantação da Hidrovia da Lagoa Mirim- que teve concessão autorizada pelo governo federal em novembro, e deverá ser a primeira pedagiada do Brasil, ligando o País ao Uruguai-, Jaguarão, na fronteira com a cidade uruguaia de Rio Branco, aposta na retomada do potencial do transporte hidroviário binacional para garantir incremento e desenvolvimento à economia local. Ao lado da construção de uma estação de transbordo de carga (ETC) no Porto de Jaguarão, ainda em fase de captação de investimentos pela empresa que detém sua concessão, o prefeito Favio Telis vê a volta da exploração do modal hidroviário como forma de recuperar a pujança das cidades fronteiriças e de desencadear novas possibilidades de investimentos, como a captação de empresas e atração de alternativas ao turismo náutico. Nesta entrevista, ele fala dos impactos da hidrovia para a região e projeta as possibilidades que virão a partir da consolidação da iniciativa.
Jornal do Comércio- Projeto debatido há décadas, a Hidrovia da Lagoa Mirim deve ter edital lançado no ano que vem. Como o senhor vê a possibilidade de a iniciativa realmente sair do papel e o que representará para a região?
Favio Telis- Com esse anúncio de Parceria Público Privada, através da abertura de possibilidade para que empresas privadas venham a assumir a dragagem, a hidrovia, e que ela seja pedagiada para se autossustentar, vejo como algo muito mais perto do que o que tínhamos antes. Inclusive, como forma de colocar em funcionamento os portos locais que já estão autorizados, tanto do lado uruguaio, em Tacuarí, quanto do lado brasileiro como Jaguarão. E isso é, sem dúvida nenhuma, um grande avanço nas tratativas, pois as conversas já vêm ao longo de tempos, e será fundamental tanto para a área econômica e de transporte de cargas quanto para a área do turismo náutico.
JC-Como avalia as possibilidades de desenvolvimento regional que o projeto traz?
Telis- No caso do transporte de cargas nos permitirá o transporte transversal em direção à Santa Vitória do Palmar e Chuí pela hidrovia, também para Pelotas e Rio Grande, será fundamental pra nós e para os demais municípios que serão beneficiados e ganharão com a implantação da hidrovia. A possibilidade de utilizar o sistema hidroviário para melhorias e desenvolvimento econômico dos municípios é extremamente ampla. Cada um terá, claro, de inovar e repensar seu conceito de transporte de cargas para implementar em seu município e pensar no futuro. Jaguarão e Santa Vitória, e os demais municípios ligados pela Lagoa Mirim e pela Lagoa dos Patos, cresceram e se desenvolveram há mais de 60 anos pela hidrovia, isso já foi pujante para o desenvolvimento da região. Agora, há grande possibilidade de se tornar realidade a reativação da hidrovia, que vai incrementar a renda, o emprego, incentivar a instalação de empresas e trazer desenvolvimento.
JC- Jaguarão é o segundo principal ponto de entrada de cargas uruguaias no Brasil, perdendo apenas pro Chuí. Tendo o modal hidroviário, qual impacto terá nesse transporte?
Telis- Chuí nos ganha exatamente por termos um rio (Rio Jaguarão) que precisa ser superado, precisamos investir em uma segunda ponte, que se já tivesse pronta poderia ter aumentado o número de transporte de cargas terrestre. Com isso, Chuí nos supera, mesmo não sendo o ponto mais curto do Brasil para se chegar ao Uruguai, mas o transporte terrestre pela fronteira seca se torna mais fácil. Através da hidrovia, poderemos incrementar ainda mais esse transporte. E tem outra coisa, nós estamos aqui, com o Rio Jaguarão e a Lagoa Mirim, liberando a hidrovia, com possibilidade de termos acesso para o mundo a partir daqui. Saindo daqui conseguiremos chegar ao Porto de Rio Grande e ao mar, podendo chegar a (transportar carga) para qualquer parte do mundo.
JC- Quais as principais cargas saindo de Jaguarão que poderão ser beneficiadas pela hidrovia?
Telis- As cargas de extração de madeira, soja, arroz e pecuária seriam beneficiadas.
JC- A prefeitura possui algum estudo ou projeto nesse sentido,  sobre o impacto da hidrovia na produção?
Telis- Tínhamos de uma empresa privada, inclusive a que obteve a concessão (para uma estação de transbordo de carga ) no porto. Pelo que se viu ali poderia se aumentar o transporte da carga de madeira e grãos, além de trazer mais produtos para os freeshops da região (Rio Branco e Chuy), isso tudo via barcaças seria possível, o que também beneficiaria o turismo. A empresa viu que há viabilidade econômica, e acreditamos que, por cima, só com o projeto no nosso porto geraremos, apenas na área portuária, cerca de 30 empregos diretos imediatos, fora os indiretos. Imagina com a hidrovia.
JC- Até então há limitação de carga na Ponte Internacional Barão de Mauá, que liga Jaguarão a Rio Branco, no Uruguai. Como a hidrovia impactará isso? Há alguma projeção do que se deixará de transportar via terrestre?
Telis- Na verdade, algumas cargas deixariam de ir até o Porto de Rio Grande e viriam automaticamente para o Porto de Jaguarão, mas não sei dizer o que deixará de ser transportado nas estradas. Com certeza reduzirá o que é transportado pelas BR-118 e BR-292, mas não se deixará de fazer o transporte também via terrestre.
JC- Atualmente, qual o volume de carga que passa pela ponte na fronteira a cada mês?
Telis- Não tenho o número no momento, mas tem dias que passam mais de 300 carretas na ponte, por exemplo.
JC- E como o senhor vê o potencial de exploração do turismo a partir da implantação da hidrovia?
Telis- Podemos pensar no turismo náutico, para passeios pela própria Lagoa Mirim, pelo Rio Jaguarão, pela outra fronteira, e para o transporte até Santa Vitória, Chuí, Pelotas. Teremos muitas possibilidades, ainda mais depois de termos o nosso porto.
JC- E qual a situação do projeto de melhorias no Porto de Jaguarão?
Telis- Já temos o porto autorizado e concedido pelo governo federal, uma empresa já obteve a concessão no ano passado, a área foi liberada e, no momento, buscam investidores pro projeto, que não tem valores tão baixos. Está na fase de captação de investimento. A empresa privada ficou de apresentar, assim que possível, o projeto para viabilizar o porto, ainda sem data prevista. Mas, claro, tudo isso ainda depende da dragagem da área e captação de investidores. E isso também será incentivado pelo próprio projeto da hidrovia.
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