A prefeitura de Porto Alegre não está nada contente com o posicionamento do governo do Rio Grande do Sul sobre o pedido para liberação de eventos de grande porte na Capital gaúcha, feito há quase dez dias. O Gabinete de Crise estadual, em reunião nessa quinta-feira (22), não chegou a emitir uma posição final e ainda pediu mais esclarecimentos ao município.
Um deles é sobre a capacidade da prefeitura em fiscalizar os eventos. Diante da indefinição do Estado, os representantes do município deixaram o encontro com um sentimento de decepção:
"Pouco frustrado é elogio ao governo do Estado. Este plano, em parte, vem sendo construído desde o início da gestão. Desde as eleições, viemos propondo conciliar a pandemia com a atividade econômica dentro de protocolos. Se tivessem enviado estes questionamentos antes, tenho certeza que a reunião teria sido diferente", reage o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Vicente Perrone.
Desde começo de julho, o Paço Municipal vem pressionando o Palácio Piratini para flexibilizar as restrições a eventos impostas pelos protocolos adotados na pandemia do novo coronavírus.
Em 14 de julho, a prefeitura
propôs um calendário de reabertura gradual, começando com eventos de até mil pessoas e aumentando gradativamente até chegar a uma capacidade máxima de 25 mil pessoas. O maior número seria alcançado em oito a dez semanas, dependendo do ritmo e cobertura da vacinação contra a Covid-19.
Perrone esperava que a reunião com o Estado tivesse caráter definitivo. O documento foi enviado pelo Piratini na madrugada desta sexta-feira (23) e deve ser respondido até o final do dia, garante ele.
A maior parte dos questionamentos gira em torno da capacidade da Capital em fiscalizar os eventos que pretende liberar. A proposta do plano é que sejam realizados até cinco eventos por dia, com acesso de mil pessoas cada, inicialmente.
Segundo os protocolos apresentados, todo o público deve realizar um teste de antígeno até 30 horas antes do evento. Para ingressar, a pessoa precisa apresentar exame negativo para o vírus.
Perrone destaca que o procedimento vai “ampliar a capacidade de testagem da cidade em 150%, comparado a cerca de 2 mil pessoas que conseguimos testar hoje". Em cinco dias, com 5 mil testes diários, haveria capacidade de testar 25 mil pessoas, o que corresponde a quase 2% da população, estima o secretário-adjunto.
Perrone reclama também de uma certa falta de diálogo com o governo. O secretário-adjunto afirma que “parece que o Estado quer manter um protagonismo na decisão das regras e nós queremos participar de forma equânime dessas decisões”.
Uma proposta mais incisiva pela liberação de eventos de grande porte ocorre paralelamente à identificação da variante delta em solo gaúcho e em plena pandemia ainda em curso na Capital. A aposta da prefeitura é que a velocidade da campanha de vacinação seja mantida e ainda ampliada no próximo mês.
“Para agosto, está prevista uma carga de gigantesca de vacinas que podem começar a chegar já nos próximos dias, e isso nos dá tranquilidade e segurança de acreditar que a realização destes eventos seja possível”, afirmou o Perrone.
O governo estadual informou, por nota, que vai aguardar as tratativas avançarem e confirmou o envio do ofício “a reunião técnica teve o objetivo de debater dúvidas a respeito da proposta apresentada pelo município para reabertura gradativa de grandes eventos”. Até agora três casos da variante foram detectados.
Confira os questionamentos feitos pelo Gabinete de Crise à prefeitura de Porto Alegre:
- Sobre os protocolos para a presença de público, além da questão do limite no número de pessoas, haverá ajustes ou flexibilização dos protocolos?
- A prefeitura terá possibilidade de fazer o acompanhamento posterior dos participantes nos eventos? De que forma seria este acompanhamento, a começar pelo evento teste?
- Como se dará o funcionamento para testar o público, de forma mais detalhada, em especial em grandes grupos, como em eventos de 20 mil pessoas?
- Como será realizada a observação, segurança e fiscalização dentro dos espaços?
- Como a prefeitura fará o acompanhado do entorno do local do evento para evitar aglomerações, como ocorriam antes e após jogos de futebol, por exemplo?
- Como serão os protocolos para o sistema de transportes públicos para a realização dos eventos propostos?