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Economia

- Publicada em 27 de Janeiro de 2021 às 18:27

Restrição a eventos gerou perdas de R$ 4,65 bi e fechou mais de 450 mil vagas no País

Cadeia de eventos está paralisada desde março de 2020, em função da pandemia

Cadeia de eventos está paralisada desde março de 2020, em função da pandemia


CESAR LOPES/PMPA/JC
Fernanda Crancio
Os impactos da paralisação do setor de eventos e entretenimento ao longo da pandemia geraram perdas na ordem de de R$ 4,65 bilhões em arrecadação de impostos federais e deixaram mais de 450 mil profissionais da área desempregados no Brasil, o equivalente a demissões em 80 fábricas da Ford, segundo levantamento da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape).
Os impactos da paralisação do setor de eventos e entretenimento ao longo da pandemia geraram perdas na ordem de de R$ 4,65 bilhões em arrecadação de impostos federais e deixaram mais de 450 mil profissionais da área desempregados no Brasil, o equivalente a demissões em 80 fábricas da Ford, segundo levantamento da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape).
O estudo, desenvolvido a partir de dados da Receita Federal e do Ministério da Economia, reflete a sangria dos empresários e trabalhadores do setor e a importância do segmento para a economia nacional. Somente em empregos formais nas áreas beneficiadas pelas atividades culturais e de lazer- como operadores de turismo, empresas de montagem de estruturas para eventos, bares e restaurantes, hotelaria, publicidade, segurança privada e serviços gerais -, foram perdidas 335,4 mil vagas em 2020.
“Os empregos afetados no segmento superam em quase 80 vezes os perdidos com o fechamento das fábricas da Ford no País. Se as medidas de apoio do governo, implantadas no início da pandemia, forem cessadas e não houver outras medidas emergenciais que protejam o setor, corremos o risco de dobrar esse número”, avalia o presidente da Abrape, Doreni Caramori Júnior.
Dados do Sebrae nacional apontam que o setor, representado por mais de 561 mil empresas, fatura no Brasil cerca de R$ 209,2 bilhões por ano e contribui significativamente para o PIB nacional, o que reforça a necessidade de contar com apoio do governo federal para a retomada gradual das atividades, após quase 11 meses sem atividades a pleno, principalmente diante do encerramento, em dezembro, do auxílio emergencial concedido pelo Planalto.
Nesse sentido, a Abrape articulou junto ao Congresso Nacional a elaboração de um Projeto de Lei que busca promover crédito, preservar empregos e colaborar para a manutenção do capital de giro das empresas, o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Entre as medidas, também prevê a manutenção da suspensão e redução dos contratos de trabalho do setor, fundamentais para garantir a sobrevivência do setor enquanto as atividades seguem restritas, e meios para cobrir o endividamento contraído pelo segmento no período sem operar.
Protocolado em 22 de dezembro do ano passado, pelo deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), o projeto (PL 5638/2020) está em tramitação, e concentrará o foco dos empresários do setor a partir da volta do recesso do Legislativo Federal, em fevereiro. “A aprovação do Programa é essencial para promover crédito, preservação dos empregos, manutenção do capital de giro das empresas, financiamento de tributos e desoneração fiscal. Somente dessa forma, será possível evitar o colapso total do setor”, ressalta o presidente da Abrape.
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No texto do PL, Carreras defende a urgência de sua aprovação, diante da representatividade do setor no meio produtivo e da necessidade de apoio às empresas que dele dependem. Ele destaca que o segmento foi e continua sendo um dos mais prejudicados pela pandemia, com trabalhadores sem renda desde março do ano passado. "É impossível estimar o prejuízo sofrido pelos empresários do setor. Falência, desemprego e queima de capital de giro são alguns dos problemas enfrentados. Mas não são só os empreendedores que são impactados, com eles é impactada uma cadeia gigantesca de fornecedores, prestadores de serviços, colaboradores e informais", aponta o texto.
A presidente da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes), Cláudia Fattore, reforça que o setor de eventos segue sendo um dos mais prejudicados pela pandemia, e que a retomada não é imediata, o que aumenta a necessidade de buscar apoio governamental. "Qual a saída para o setor de eventos desde o encerramento do auxílio emergencial? Mesmo os empresários que conseguiram obter o Pronampe, por exemplo, não conseguirão pagar a primeira parcela, em fevereiro, por falta de receita, já que as atividades não voltaram. Nesse sentido, precisamos da aprovação do PL para dar subsistência às famílias que ainda não recuperaram a dignidade de seu trabalho", comenta.
Ela lembra, ainda, que no Rio Grande do Sul o setor de eventos já se mobilizou junto ao governo estadual e obteve a inclusão na linha de crédito oferecida pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) aos empreendedores da economia criativa. Agora, os empresários buscam adequar esse benefício às necessidades dos pequenos empreendedores e os que atuam na informalidade.
Representante do Grupo Live Marketing RS, Rodrigo Machado enfatiza que todos os outros setores já retomaram suas atividades, menos o de eventos, o que dá ainda mais peso às demandas do segmento. "Essa atenção do Congresso não apenas se faz necessária como é crucial. Pessoas estão endividadas, não têm o que receber, e os empresários têm compromissos com os funcionários, apesar de seguirem sem renda. E mesmo que voltemos a trabalhar, não será com mais de 50% da capacidade de nossos negócios", completa, lembrando que a busca por manutenção do auxílio emergencial do governo federal é pauta prioritária do grupo gaúcho, e já levada ao presidente da República.

  

Principais medidas do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos:

  • Obrigar as instituições financeiras federais a disponibilizar para as empresas do setor de eventos linhas de crédito específicas para o fomento de atividades, capital de giro e para a aquisição de equipamentos;
  • Condições especiais para renegociação de débitos das empresas do setor;
  • Manutenção da suspensão e redução dos contratos de trabalho do setor, uma vez que as atividades ainda não voltaram e não há condições de reintegrar os trabalhadores.
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