Um dos pontos mais tradicionais da gastronomia porto-alegrense, o restaurante Copacabana irá fechar suas portas para a clientela. Localizado na Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, o "Copa", como é conhecido pelos frequentadores mais próximos, mantinha em funcionamento no local há dois meses e meio apenas a parte administrativa, quando passou a operar com o sistema de tele-entrega no bairro Três Figueiras.
A decisão de encerrar as atividades no restaurante foi tomada de comoção. Marcelo Sanzi, 41 anos, um dos proprietários ao lado da irmã gêmea Melissa, conta que depois da divulgação do fechamento nas redes sociais, pessoas que realizaram festas ao longo da vida no Copabacana ligavam chorando em pleno domingo (10) ao meio-dia, horário que segue como o mais movimentado durante a semana.
"Festas de formatura, da família. Gente preocupada que estava perdendo um espaço que era como se fosse um 'avanço' da casa", ressalta.
Desde o começo da pandemia, o atendimento vem sendo prestado somente por tele-entrega. Foto: Luiza Prado/JC
Antes mesmo da pandemia, Sanzi reforça que o restaurante já vinha sofrendo com a sua localização, sendo alvo constante de pichações e de roubos durante a madrugada, período em que está fechado. E desde que passou a conter apenas a operação administrativa há dois meses e meio, aconteceram três furtos.
Ainda que o "entorno depreciativo" tenha sido uma das razões para deixar a Cidade Baixa, a pandemia serviu como uma "sacudida", nas palavras de Sanzi, para que a decisão de fechar fosse tomada visando um futuro melhor. A partir de fevereiro, o Copacabana também possuirá atendimento de tele-entrega na rua Dea Coufal, zona sul de Porto Alegre, operando de forma concomitante ao delivery do bairro Três Figueiras.
Parte da mudança para o bairro Ipanema já começou, e, na terça-feira (12), mais equipamentos serão levados à unidade. Desde 1997 operando com tele-entrega de maneira ininterrupta, o serviço se mostrou essencial à sobrevivência do Copacabana em meio à pandemia. Um pouco antes dela, representava cerca de 40% do faturamento, porcentagem que dobrou nos últimos meses.
Ao menos, a "sacudida" manteve a ideia de retornar como restaurante presencial em pé, possivelmente, na Avenida Nilo Peçanha, no final de 2021 ou começo de 2022. Mas, por enquanto, o cenário segue como tudo iniciou: incerto, e o empresário define o sentimento que deve perdurar para muitas pessoas.
"Essa pandemia devastou. Não adianta a gente se lamentar, nós precisamos lutar para reconstruir".