Depois de conseguir mais dias, como o sábado, e horas para funcionar, setores empresariais ampliaram pedidos em nova reunião com o prefeito Nelson Marchezan Júnior, nesta quarta-feira (9). Abrir cinemas, acabar com limite de vagas para estacionar em supermercados e o sonhado domingo entraram na lista dos segmentos. Na semana passada,
o sábado foi liberado.
Comércio pediu a ampliação dos horários de funcionamento nos dias permitidos - de segunda a sábado, com primeira reabertura nesse dia no fim de semana passado.
O presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, abordou o pleito de forma bem cuidadosa: "Vamos dar um jeitinho no horário até as 17h. Os consumidores não conseguem comprar. Mais uma hora é importante, até as 18h. Podemos abrir mais tarde", propôs Kruse. O pleito é do comércio de rua, que abre às 10h.
Para os shopping centers, a expectativa é seguir até as 22h, em vez de 20h. Também foi solicitada a equiparação de centros comerciais ao padrão de shopping. Este item deve ser previsto em um regramento específico, adiantou o prefeito.
O vice-presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Claudio Zaffari, que é um dos diretores do grupo Zaffari, que tem operações dos Bourbon Shopping, observou que a abertura até as 22h geraria mais equilíbrio, pois hoje os custos de segurança e demais insumos se mantêm no mesmo nível após as 20h, para atividades de alimentação e segmentos essenciais, como supermercados e farmácias.
"Duas horas para equilibrar custos. A resposta da população tem sido muito comedida", afiançou o vice-presidente da Agas, referindo-se ao fluxo e adesão a cuidados que são adotados.
O setor de alimentação apontou a liberação do domingo como uma alternativa para compensar o movimento ainda fraco em muitos restaurantes, mesmo à noite. Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel-RS, fez o pedido. "Muitos restaurantes estão longe do que precisa para sobreviver. Ninguém pensa em ganhar dinheiro, mas sobreviver", arrematou Fernanda.
Foi cogitado adotar a liberação de calçadas para alguns segmentos, mas a cautela é com o impacto, que gerou aglomeração quando isso foi permitido em alguns bairros. Fernanda citou que São Paulo começa a aplicar algumas ideias que podem servir de referência.
Decreto em vigor limita o uso de estacionamentos de supermercados a 50% das vagas. A intenção é dosar a aglomeração e fluxo às lojas. Zaffari da Agas, que já havia pedido retirada dessa limitação, reforçou na sessão desta quarta citando que os "pequenos supermercados trouxeram a reclamação" à entidade. Segundo Zaffari, são poucas vagas, o que gera dificuldades para as operações.
"Pedimos a mudança no decreto, achamos que não precisa mais (limitar)", ressaltou o dirigente supermercadista. Ele já havia relatado em outros encontros virtuais que as restrições de vagas estavam gerando reclamações de clientes revoltados em não poder ocupar todos os espaços.
Os cinemas já têm protocolos próprios para reabrir tão logo receberem o sinal verde. No Rio Grande do Sul, nenhuma sala está funcionando, pois é necessária a liberação do governo estadual. Na Capital, 71 salas estão fechadas. "Não tem delivery de cinema. A dificuldade é muito grande", define Ricardo Difini Leite, diretor da rede GNC Cinemas e presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras de Cinema (FENEEC). "Conseguimos abrir com segurança e mais do que muitas atividades já abertas", observa Leite.
Nos protocolos, há indicação de restrição de assentos para o público, que vai começar com bloqueios na venda de bilhetes e mudança nos intervalos das sessões para evitar aglomerações. "É visão equivocada de que cinema é área de aglomeração", contrapôs.
As respostas do prefeito aos pleitos
Marchezan Júnior opinou que o panorama atual de funcionamento é adequado para evitar retrocessos e reforçou que a meta é reabrir atividades que até agora não haviam voltado desde março, como escolas e setor de eventos.
"A pretensão é de manutenção e avanço (flexibilizações). Manter o que está no mínimo e estudar avanços em setores que não abriram. Todos o números de 30 dias nos remetem a isso", argumentou o prefeito.
Indicadores como ocupação de leitos de UTI e mesmo demanda por testagens nos serviços de saúde balizam o quadro de estabilidade. "Se continuar como está, a gente acredita que não vai mais retroceder", afirmou Marchezan.
O secretário adjunto da Saúde, Natan Katz, chegou a dizer que o nível de ocupação das UTIs das últimas oito semanas e "todos os outros indicadores" acenam para um provável decréscimo da pandemia.
Sobre os estacionamentos, Marchezan diz que vai reexaminar a restrição. Sobre ampliar horário das lojas em shopping, o prefeito manteve a ideia de não oferecer mais opções de destino para comprar para um mesmo turno. Sobre os cinemas, não houve sinalização.