Em Novo Hamburgo, por exemplo, decreto municipal publicado nesta terça-feira (3) permite o funcionamento do comércio não essencial na proporção de um cliente por atendente, assim como a abertura de restaurantes à la carte e prato feito e de bufê, desde que o prato seja servido pelo funcionário do restaurante, com até 50% da capacidade do local ocupado. Pela regra estadual, estes serviços, na bandeira vermelha, só poderiam ser oferecidos no modelo de delivery ou pegue e leve.
De acordo com a prefeita Fátima Daudt, a abertura seria até mesmo um incentivo para a maior adesão ao controle da doença. Ainda que elogie o trabalho do governo do Estado no controle da pandemia, Fátima avalia que haveria, com a flexibilização, maior engajamento dos setores e a conscientização da população para os cuidados necessários, como usar máscara, lavar as mãos com frequência e manter o distanciamento social.
“Nós respeitamos este modelo de distanciamento adotado pelo governo do Estado, mas consideramos justificável uma adequação”, defendeu a prefeita de Novo Hamburgo.
Entre as melhorias na cidade que deveriam ser levadas em conta nas ações de combate à pandemia Fátima destaca o aumento no número de leitos clínicos e de UTI para atendimento de pacientes de Covid-19 e a acentuada queda nas internações clínicas e de UTI na cidade. E ressalta que, como a região está entrando na sétima semana em bandeira vermelha, os fortes impactos na economia levaram a necessidade de permitir o retorno pontual de algumas atividades.
Em Cachoeirinha, a flexibilização será ainda maior. De acordo com o prefeito Miki Breier, decreto que será publicado hoje, com validade a partir de amanhã, possibilitará que restaurantes, lancherias e padarias, assim como outros serviços classificados como não essenciais, poderão abrir com 50% da capacidade de atendimento. O mesmo valerá para a praça de alimentação e lojas de shopping center, assim como igrejas e templos localizados no município.
“Entendemos que depois de cinco meses ouvindo que as próximas duas semanas serão fundamentais não dá mais. As pessoas precisam trabalhar e garantir seu sustento”, defende Breier.
O governo do Estado, porém, deve seguir acionando o Ministério Público, como já fez em cidades da Serra na semana passada, para que notifique os prefeitos e suspenda a eficácia de quaisquer determinações municipais que conflitem com as normas estabelecidas no regramento estadual. Em nota, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) alega que essas flexibilizações poderão inclusive se constituir em crime por infringir determinação do Poder Público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, conforme estabelece o art. 268 do Código Penal.
“Vamos correr esse risco, e temos embasamento jurídico também para o que está sendo feito”, diz Breier.