A região mais turística do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil registra a maior queda no varejo durante a pandemia de coronavírus. Os dados da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) mostram pela primeira vez um recorte regional e apontam recuo de 45% na região das Hortênsias, onde ficam Gramado e Canela, duas principais economias do cluster de turismo, em um período de 28 dias, desde 16 de março, quando começaram as medidas de restrição.
Os dados do boletim da Receita Estadual registram queda de 43% nos últimos 14 dias no fluxo do setor na região, que também é composta por Nova Petrópolis e São Francisco de Paula. A comparação é com o mesmo período desde 2019. Gramado e Canela estão com hotéis e demais equipamentos ligados a hospedagem e até parques fechados para reduzir riscos de transmissão, até porque o maior movimento viria de turistas, que estão em suas regiões.
Na semana passada, começou a ser feita uma flexibilização em atividades do comércio e serviços, após liberação do governo estadual. As duas cidades não registraram nenhum caso até agora de coronavírus.
Logo depois das Hortênsias, a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) com redução de 33% em quase um mês de distanciamento social. Estão ainda na faixa de queda acima de 30% as regiões da Serra, na área de Caxias do Sul, e Produção, que abrange municípios como Passo Fundo.
A depressão nas vendas ficou entre 20% e 30% em mais 15 regiões entre o Centro, vales, Missões e Campanha. Quedas inferiores a 20% estão em áreas com cidades menores e mais distantes de zonas mais populosas. Também devido a fluxo menor, como o Litoral. Os níveis de queda na comercialização se mantiveram nos últimos 14 dias, com dados de emissão de notas fiscais eletrônicas até dia 17. A reabertura do comércio começou com mais força depois dessa data e deve ter reflexos no próximo boletim.
O levantamento mostrou ainda redução de redução de 18,8% na emissão diária de notas no período de 16 de março a 17 de abril. O confronto com o mesmo período de 2019 indicou R$ 400 milhões a menos nas transações. O valor valor médio diário foi de R$ 2,14 bilhões em 2019 e passou a R$ 1,74 bilhão em 2020. Na última semana medida, de 11 a 17 deste mês, detecta-se uma queda maior nas notas, de 13,1%, ante 10,6% da semana anterior, de 4 a 10 de abril, que sofreu influência dos gastos do começo do mês, segundo a Sefaz.
No período de 16 de março a 17 de abril, as vendas do varejo despencaram 27%. Nos últimos 14 dias, houve leve amenização do tombo, mas ainda foi grande, de 25%. O maior mergulho foi em 6 de abril, quando a queda na emissão de notas do setor chegou a 29%.
No varejo de combustíveis, desponta uma reversão do quadro negativo ao menos em um item, do óleo diesel. Pela segunda semana seguida da apuração, o diesel tem aumento no volume vendido diariamente. A alta na semana recente foi de 22,6%, depois de subir 2,5% na semana anterior e ter quedas em duas semanas seguidas. No acumulado, a alta é de 8%. O litro mantém a queda, chegando a R$ 3,16. Em 16 de março, o litro valia R$ 3,47.
A gasolina tem um comportamento deprimido ainda. A queda na venda em volume foi de 22,7% na última semana, seguindo o patamar anterior. Em 28 dias, o recuo é de 27,3%. O valor médio do litro chegou a R$ 4,07. Em 16 de março, a gasolina comum era vendida R$ 4,62. O setor também sofre o impacto da queda internacional do preço do petróleo, com patamares negativo e nunca vistos nesse mercado.
O varejo é o segmento lidera a queda, com recuo de 27,7% na última semana e de 25,8% no período. A indústria teve redução de 16,6% nas vendas de 11 a 17 de abril e de 19,7% em 28 dias. O atacado era o que apresentava menos danos, tanto que teve alta de 4,8% nas vendas na largada do mês. mas na última semana teve queda de 21,8%. Em 28 dias, o setor acumula recuo de 9,8%.