O governo gaúcho espera que o consórcio Cais Mauá do Brasil deixe "amigavelmente" esta semana a área do antigo porto de Porto Alegre. O consórcio foi notificado há mais de um mês para tirar a estrutura de seu escritório do prédio da antiga Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), hoje sob comando da Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul (Portos RS). Antes do feriado da Sexta-Feira Santa, o
consórcio emitiu nota indicando que vai sair.
"Se não tomarem providências de saírem naturalmente, vamos agir. Mas nossa expectativa é que saiam amigavelmente esta semana", aposta o superintendente da Portos RS, Fernando Estima, lembrando ainda que a ordem para a saída já foi dada e que o prazo legal já foi ultrapassado. No começo de março, o governador Eduardo Leite fez o
comunicado de que o consórcio seria notificado para sair.
"É uma questão de dias. A gente já encaminhou juridicamente e se necessário for alguma ação de despejo, mas eles deram sinal (que pretendem sair) ao não ingressar com contestação judicial dentro do prazo", assinala Estima. "Isso mostra que o fundo está abandonando o barco."
Na etapa final da concessão, o LAD Capital estava como gestora do fundo de investimento responsável por lastrear os aportes que seriam feitos, caso o contrato tivesse se mantido.
Estima diz que os gestores da LAD "nem têm ido ao escritório no cais". A segurança privada que tem no local já é bancada pela Portos RS. Segundo ele, será necessário fazer uma perícia, a ser providenciada esta semana. O levantamento não ocorreu devido ao feriado e a
restrições da pandemia de coronavírus.
O consórcio teve diversos acionistas, começando por espanhóis, que foram, aos poucos, reduzindo sua participação a uma condição mais simbólica. Essas trocas de gestão e a revisão de prazos levaram à incerteza sobre a capacidade dos empreendedores em cumprir os aportes e as obras da concessão com prazo de 25 anos.
Na assinatura do contrato no desfecho do governo de Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010), havia previsão de investimento de R$ 550 milhões entre restaurações de áreas do patrimônio histórico, como os armazéns do antigo porto, e a construção de um shopping center e torres com áreas comerciais e hotel.