Transformação não respeita tradição e, sim, inovação. É preciso aprender continuamente, tomar risco, se desafiar nos negócios e requalificar a força de trabalho para usar bem a tecnologia. O alerta é da presidente da Microsoft Brasil, Tânia Cosentino. "Empresas de grande reputação e liderança viraram pó porque não foram capazes de enxergar a ruptura que estava vindo", avalia a executiva.
Esse movimento de evolução, porém, tem que ser genuíno para trazer resultados. "Existem muitas companhias que estão indo para a transformação digital porque é fashion, mas essa é a pior armadilha", alerta. Tânia esteve ontem em Porto Alegre onde participou de um encontro na Processor, empresa parceira da multinacional, e depois falou sobre transformação digital, inteligência artificial e uso responsável da tecnologia no Tá na Mesa, na Federasul. Ela comentou que nos últimos anos temos visto uma sequência de novas tecnologias que chegam ao mercado com poder de impactar a economia e gerar ganhos exponenciais.
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Desde a possibilidade de ter a internet na palma da mão por meio dos smartphones, passando pela explosão dos sensores conectados em coisas como roupas e ar condicionado e até fábricas - a Internet das Coisas. Milhões de dados são gerados, processados e armazenados. Isso tudo gera oportunidades para os serviços cognitivos e a sua capacidade de transformar informações em insights. Não importa se é um grande banco, indústria ou governo, pequeno comércio e até mesmo um indivíduo. "O grande salto é o empoderamento que a Inteligência Artificial traz para o humano tomar decisões, amplificando a sua capacidade de atuar, executar tarefas e tomar decisões", acrescenta.
De fato, poucas inovações tem um poder tão transformador como a Inteligência Artificial. E está mais do que na hora desta tecnologia começar a ser encarada como habilitadora de novas oportunidades para o País. "IA poderia fazer o Brasil começar a ter produtividade, pois ainda não temos hoje, se for adotada pelas indústrias e governo, e especialmente no setor agrícola", projeta Tânia.
A expectativa é que esta tecnologia possa adicionar seis pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 10 anos. Para esse movimento ser vencedor, porém, é preciso avançar na educação. "A aplicação efetiva de Inteligência Artificial trará maior PIB, renda média e poder de consumo da população. Mas, se não requalificarmos as pessoas, isso poderá se transformar em um problema, pois os benefícios serão apenas de uma parcela pequena, causando desigualdade", analisa a executiva.
Diversas empresas hoje em dia disponibilizam tecnologias que são capazes de atender rapidamente das grandes corporações as de menor porte. Ou seja, as ferramentas estão disponíveis. A questão é como internalizar isso e mudar a cultura. Para a executiva, educação, diversidade e inclusão são fundamentais para habilitar essa transformação cultural.
"Se não tivermos perfis diversos que representem sociedade e os clientes, podemos ficar cegos pelo seu próprio sucesso e não sermos capazes de enxergar necessidade que um determinado grupo tem", diz. Pessoas que pensam diferente vão fazer perguntas e provocações que podem mudar o curso da área de desenvolvimento de uma corporação, por exemplo. "Quando você traz diversidade para dentro da sua empresa, consegue olhar mercado como ele, ampliar a sua capacidade de inovação e desenvolver produtos que ampliem as oportunidades de negócios", conclui.