Casa da maior fábrica da General Motors no Brasil, a cidade de Gravataí, na Região Metropolitana, não acredita que a empresa possa abandonar a planta. No fim da semana passada, a montadora soltou comunicado aos funcionários avisando que "investimentos e o futuro" do grupo no País dependem de melhora na lucratividade da GM no Brasil. Prefeitura e sindicato dos trabalhadores do município gaúcho, entretanto, defendem que o complexo de Gravataí não representa problemas ao grupo, e que vão aguardar desdobramentos sobre as decisões da GM.
"A companhia tem suas metas e ambições em nível mundial, mas sabemos que Gravataí é a unidade mais rentável da GM no País e uma das mais rentáveis do grupo no mundo", argumenta o secretário da Fazenda de Gravataí, Davi Keller. Somada às quase duas dezenas de sistemistas, a GM representa em torno de 40% da arrecadação de ICMS do município, demonstrando "a importância vital e o efeito devastador que teria a parada dela", segundo o titular.
Embora ressalte que não há conhecimento sobre o contexto da estratégia da multinacional, o secretário lembra que a montadora ainda possui em andamento o investimento de R$ 1,4 bilhão anunciado para a planta em 2017 com o objetivo de lançar uma nova família de produtos no ano que vem. "Sabemos que estão concluindo esse investimento vultuoso, que de fato aconteceu, não ficou só na promessa. Não me parece que fariam isso para um ano e meio depois deflagrar o fechamento das operações", imagina Keller, afirmando não haver evidências de quaisquer problemas quanto à planta gaúcha.
Com capacidade de produção de um carro por segundo, algo raro mesmo em escala mundial, a fábrica da GM em Gravataí é responsável pela montagem do Onix, carro mais vendido do Brasil por quatro anos consecutivos. Em 2018, o modelo teve 210 mil unidades emplacadas (o dobro do segundo colocado, o Hyundai HB20, que vendeu 105 mil unidades), ajudando a fazer da GM a líder em vendas de automóveis no Brasil no ano passado. Ao todo, o complexo emprega em torno de 5 mil pessoas, 3 mil delas apenas na montadora.
"A planta aqui está muito bem, produz, é enxuta. É o carro-chefe da companhia no Brasil", argumenta o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra), Valcir Ascari, que afirma que a entidade ainda não foi procurada pela empresa para discussão sobre o tema. No comunicado da GM, a direção da empresa afirmou que "o momento exige sacrifício de todos", e que o plano da empresa para o País requereria "apoio do governo, concessionários, empregados, sindicatos e fornecedores".
Ascari argumenta que o sindicato vai buscar conversar com a direção da companhia, mas que "outras plantas deverão ser discutidas antes dessa", afirma.
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