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Porto Alegre, domingo, 18 de maio de 2025.

Empreendedorismo

- Publicada em 26 de Janeiro de 2014 às 00:00

Músicos falam dos desafios de viver da arte na era digital


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
No romantismo, viver de música, poesia e literatura era mais do que uma opção profissional, era um estilo de vida. No século XXI, com a introdução das tecnologias e a facilidade de disseminação dos mais diversos conteúdos, ficou cada vez mais difícil e caro viver da produção cultural e artística, principalmente na área musical. Jovens ainda investem nessa trajetória em busca do sucesso, mas tropeçam na questão da pirataria, do download gratuito e do direito autoral na internet.

No romantismo, viver de música, poesia e literatura era mais do que uma opção profissional, era um estilo de vida. No século XXI, com a introdução das tecnologias e a facilidade de disseminação dos mais diversos conteúdos, ficou cada vez mais difícil e caro viver da produção cultural e artística, principalmente na área musical. Jovens ainda investem nessa trajetória em busca do sucesso, mas tropeçam na questão da pirataria, do download gratuito e do direito autoral na internet.

Luciana Pegorer, presidente da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), é uma das principais interessadas nessa jornada, que novos empreendedores têm feito para alcançar um lugar privilegiado no mercado de trabalho. “Hoje é possível ao artista sem gravadora atingir seu público e dar início a um trabalho remunerado. Da mesma forma, uma pessoa pode trabalhar com música sem estar empregada em uma grande gravadora, emissora de rádio ou agência de artistas”, conta. Ela explica que, atualmente, a prestação de serviço no espaço musical abre um leque de oportunidades, como produtores e designers, entre outras. 

É o caso de Felipe Martil, 32 anos, conhecido como o DJ Yog Kaiser Mars. Formado em telecomunicações, ele decidiu se dedicar ao ramo da vida noturna e entrou no nicho como amador. “Virei produtor de tanto observar e me envolver com os processos gerais das festas”, brinca. Para ele, um dos facilitadores foi a internet: “É a base de todo nosso trabalho. Captação de público e a interação com eles se dão no cruzamento diário de relações públicas e marketing, focado na linguagem das pessoas que queremos frequentando nossas festas.”

Aos 23 anos, o cantor e compositor Pablo Dias viu na música uma oportunidade de sobreviver e mudar o mundo. Desde pequeno, ele sonhava com essa possibilidade e teve apoio da família para buscar esse caminho. “Ouço as pessoas falando que os jovens de hoje não têm motivo para rebeldia e, então, não têm inspiração. Discordo, acho que o mundo está longe de ser perfeito. Cresci aprendendo sobre como nosso modo de vida não é sustentável e minhas músicas falam sobre isso”, afirma.

No entanto, Dias lamenta que ainda não consiga se sustentar só da venda online e merchandising. “Em termos financeiros? Não, não valeu. Em termos de portas que me foram abertas, sim. Ganho muito pouco dinheiro através de vendas com essas ferramentas, a maior parte da minha receita vem de CDs vendidos pessoalmente”, explica. Martil também concorda que, apesar dos diversos mecanismos disponíveis pela rede, eles ainda não oferecem um sistema de renda estável.

O produtor vê vantagens, como a fragmentação da música e a independência do álbum. “O processo em si eu considero muito válido, sem apego ao conceito de que a pessoa precisa escutar o álbum na sua totalidade, na ordem que o artista estipula que deva ser a audição, como acontecia até a década passada. A fragmentação da música, despida de um pacote álbum, existe desde o início da indústria fonográfica, através dos singles. E eu, como DJ, que toco seleções de músicas, e não audições de álbuns, raciocino justamente dessa forma.”

Artistas investem nas plataformas virtuais, que crescem apoiadas em um público ávido por novidades 

O mercado físico ainda lidera as vendas de música no Brasil, mas, como os meios digitais ocupam cada vez mais lugar de destaque no consumo cultural, artistas e produtores buscam tirar vantagens das novas plataformas. “O Youtube já representa um ganho significativo para muitos”, reconhece Luciana Pegorer, presidente da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI). Já outros canais ainda precisam aumentar a base de usuários. No caso do iTunes, diz Luciana, isso pode ser conquistado quando for possível comprar música em reais com cartão de crédito nacional. 
 
Para a presidente da ABMI, o iTunes é um caso específico em que não há empenho e interesse da Apple em investir na moeda brasileira. Sem falar na mecanização do sistema, como coloca o cantor e compositor Pablo Dias: “Acredito que essas ferramentas passam a ser úteis quando o artista não consegue mais suprir a demanda de pedidos. Por enquanto, ainda consigo dar atenção para quase todas as pessoas que se interessam e se comunicam comigo pela internet. É muito mais legal comprar um álbum que será enviado diretamente pelo artista do que comprar uma cópia digital em um site famoso”.
 
Em 2013, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) divulgou um estudo no qual o mercado digital de música teve um aumento de 9% em relação ao ano anterior. A carga tributária, segundo Luciana, é um dos responsáveis pelo tímido acréscimo. “Inúmeros impostos em cascata nos tornam pouco competitivos no ramo internacional e, internamente, deixam o produto caro, dando espaço para a pirataria. Tivemos uma grande vitória, ano passado, reduzindo os impostos em cima do produto de música brasileira”, revela. Apesar das dificuldades, o mercado musical tem um público específico e que cresce conforme seu ritmo, apoiado em novidades e cada vez mais focado no empreendedorismo online. 
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