Piratini cobra urgência em solução para calçados

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A novela envolvendo as barreiras para o ingresso dos calçados na Argentina ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (25). Uma comitiva do Rio Grande do Sul foi a Brasília para tratar do tema da retenção no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e cobrar uma solução urgente para as barreiras impostas pelos argentinos não só à indústria calçadista com também ao parque moveleiro gaúcho.
O presidente do Badesul, Marcelo Lopes, coordenador do grupos do setor calçadista e do moveleiro no Programa Setorial de Competitividade, representou o Estado no encontro com o secretário-executivo do MDIC, Alessandro Teixeira, e com o presidente da Apex-Brasil, Maurício Borges. A reunião também contou com a presença dos deputados federais Ronaldo Zülke e Renato Molling do deputado estadual Luis Lauermann, além de representantes das empresas Piccadily, West Coast (ambas do setor de calçados) e Kappesberg (de móveis).
Ficou acertado que um diagnóstico completo das perdas para a economia do Estado será enviado para o MDIC negociar a dissolução das barreiras com Buenos Aires. O levantamento será realizado com o apoio da (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) e da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados).
De acordo com Lopes, o objetivo da viagem a Brasília foi encontrar uma saída imediata para o impasse que já se estende por boa parte de 2011. De fevereiro até agora, 3,4 milhões de pares de sapatos não conseguiram atravessar a fronteira, somando um embaraço de US$ 8 milhões. Muitos deste calçados estão há mais de 200 dias parados. "O bom funcionamento do Mercosul é estratégico, mas os setores de calçados e móveis têm sofrido bastante. Precisamos garantir que a situação seja normalizada, e os nossos produtos consigam entrar no país sem restrições", explicou Lopes.
Os prejuízos se avolumam. A Kapesberg tem R$ 10 milhões aguardando licenças para entrar no país. A queda nas exportações de móveis para a Argentina em 2011 já atinge os 17%. A West Coast concentra um quinto das exportações para o país vizinho, e a Piccadily gera 500 empregos que dependem das vendas para a Argentina. A interpretação dos empresários gaúchos é que os argentinos estão forçando, com as barreiras, o deslocamento das empresas para lá.
Os setores moveleiro e calçadista integram as prioridades de desenvolvimento da atual política de desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O Sistema de Desenvolvimento Econômico do Estado está em fase final de organização de um programa setorial que vai diagnosticar o estágio de competitividade da economia gaúcha e propor ações específicas para estimular a geração de negócios. "Estamos em busca de novas oportunidades para a nossa economia, mas sem esquecer dos setores tradicionais e das empresas já enraizadas no nosso Estado", explicou o secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik.