O governo lançou ontem uma nova família de cédulas do real que deve chegar às mãos dos brasileiros a partir de abril e maio. A estreia da nova família será com as notas de R$ 50,00 e R$ 100,00, cédulas que concentram cerca de 95% das falsificações do dinheiro brasileiro. A troca será feita gradualmente, conforme as notas velhas fiquem desgastadas e saiam de circulação. No primeiro semestre de 2011, começam a circular as novas notas de R$ 20,00 e R$ 10,00. Em dois anos, todas as notas terão suas novas versões na rua. A expectativa é que 100% do dinheiro em circulação já seja da nova família em 2013 ou 2014.
A grande novidade das novas cédulas é o tamanho diferenciado. Quanto maior o valor da nota, maior será o papel. A de R$ 10,00 será do tamanho atual, de 13,5 centímetros por 6,5 centímetros. Notas menores serão um pouco mais estreitas, com 12,1 centímetros na de R$ 2,00 e 12,8 centímetros na de R$ 5,00. Nos dois casos, a altura da cédula será a atual.
A cédula de R$ 20,00 será um pouco maior que as atuais, com 14,2 centímetros de largura e os mesmos 6,5 centímetros de altura. As demais serão maiores na largura e também na altura: a nota de R$ 50,00 terá 14,9 cm x 7 cm e os R$ 100,00 serão impressos em 15,6 cm x 7 cm.
Por serem de tamanhos diferentes e com diversos novos elementos de segurança, a impressão dessas cédulas custa, na média, 28% mais que o valor atual. Segundo o chefe do Departamento de Meio Circulante do BC, João Sidney de Figueiredo, o BC paga R$ 168,00 para imprimir mil notas atuais. Agora, passará a pagar cerca de R$ 200,00 para imprimir o mesmo número de cédulas da nova família.
Ele acredita, porém, que o custo maior será compensado com o tempo, já que as cédulas novas terão uma vida útil 30% maior, segundo previsão do BC. O maior tempo de vida será resultado de um processo de envernizamento das cédulas que será feito após a impressão. Atualmente, notas de maior valor - R$ 20,00, R$ 50,00 e R$ 100,00 - circulam entre 2,5 anos e três anos. As de menor valor - de R$ 2,00 e R$ 5,00 - têm vida de até um ano, geralmente.
O diretor de Administração do Banco Central, Anthero Meirelles, disse que com a renovação do maquinário da Casa da Moeda, a empresa estatal voltará a ser competitiva para produzir cédulas e moedas para outros países. Segundo ele, existe demanda para que a estatal brasileira exporte dinheiro, o que a Casa da Moeda não faz desde a segunda metade dos anos 1980. "Com esses equipamentos, a Casa da Moeda pode imprimir moedas de qualquer País", disse Anthero.
O presidente da estatal, Luís Felipe Denucci, disse que a prioridade é conquistar mercados na América Latina, especialmente nos países do Mercosul que não têm casas da moeda próprias. Depois da América Latina, o foco será a África Subsaariana, com prioridade para países de língua portuguesa. No ano passado, a empresa lucrou R$ 330 milhões, segundo Denucci, e para 2010, embora evite fazer projeções, o executivo avalia que um resultado em torno de R$ 400 milhões já será bom.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o real é uma moeda forte porque o Brasil é uma economia forte e a moeda reflete a solidez da economia. "Às vezes alguns empresários reclamam que a moeda é forte demais, mais isso é da vida, infelizmente a vida é assim", disse o ministro na solenidade de apresentação da nova família de cédulas do real.
Segundo ele, as mudanças são necessárias porque é preciso emitir cédulas mais seguras para evitar falsificações.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ressaltou que, com a consolidação da estabilidade econômica nos últimos anos, o real passa a ser tratado também como reserva de valor. "É natural que a população pense em manter moeda física em casa", disse o presidente do BC.
As novas cédulas do real tentam combater um dos principais problemas do dinheiro no Brasil: a falsificação. Dados do Banco Central mostram que, atualmente, existem 143 notas falsas para cada 1 milhão de cédulas em circulação. A taxa é três vezes superior à observada na Europa, já que a média do continente é ter 53 cédulas falsas a cada milhão. Em 2009, as apreensões de dinheiro falso fretiraram 408 mil cédulas de circulação que representavam R$ 23,5 milhões. Em número de notas falsas, houve redução na comparação com 2008, quando foram apreendidas cerca de 528 mil.