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AGRONEGÓCIOS

- Publicada em 03 de Dezembro de 2009 às 00:00

Safra gaúcha pode ter quebra de quatro milhões de toneladas


Federarroz/Divulgação/JC
Jornal do Comércio
O estrago que as chuvas causaram nas lavouras gaúchas será responsável por uma quebra de safra que pode chegar a 4 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de 22 milhões de toneladas para 18 milhões de toneladas de grãos produzidos no Rio Grande do Sul entre o arroz, o milho e o trigo.

O estrago que as chuvas causaram nas lavouras gaúchas será responsável por uma quebra de safra que pode chegar a 4 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de 22 milhões de toneladas para 18 milhões de toneladas de grãos produzidos no Rio Grande do Sul entre o arroz, o milho e o trigo.

A situação do arroz é a mais grave, pois a expectativa inicial de produção de cerca de 8 milhões de toneladas para a safra 2009/2010 pode se limitar a cerca de 5 milhões de toneladas, caso o clima permaneça chuvoso e o solo inundado. O último levantamento do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) mostra que a área plantada atinge 69,33% ou 732,4 mil hectares, apresentando pouca evolução em relação ao percentual semeado na segunda quinzena de novembro, quando os números foram de 69,21%. Em 2008, no mesmo período, já tinham sido plantados 93,5% da área ou o correspondente a 1,033 mil hectares, ou seja, mais de 300 mil hectares do que a atual safra.

Os dados sobre as expectativas quanto à quebra de safra foram divulgados ontem, durante o balanço de final de ano da Farsul. Os prejuízos totais em grãos e pecuária leiteira podem gerar perdas financeiras de

R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão só no arroz.

O presidente da comissão de grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, disse que os prejuízos também são contabilizados no milho, cuja redução de área chega a 20% no Estado, e no trigo, com previsão de quebra de 300 mil toneladas. Como forma de diminuir a apreensão dos produtores, foi aprovada a prorrogação do prazo previsto no zoneamento agroclimático, que se encerraria no dia 10 de dezembro e que será estendido até o dia 20 deste mês. A intenção é evitar que as culturas fiquem descobertas de seguro. "Trata-se de um paliativo, mas que vem em boa hora", afirmou o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.

Ao avaliar a conjuntura nacional e os principais setores do setor agropecuário gaúcho, o presidente foi incisivo ao falar sobre os índices de produtividade. "É ridículo instituir esses índices. É um new type de reforma agrária e nos negamos a discutir esse assunto, que é imoral." Sobre o posicionamento do setor pecuário frente ao mercado internacional, o presidente lamentou a dificuldade de exportar para a União Europeia, em função do pequeno número de propriedades habilitadas. "São apenas 1,7 mil fazendas em todo o Brasil, quando o ideal seria que mais de 20 mil estivessem enquadradas." Em relação à soja, o dirigente acredita que a oleaginosa não terá preços muito altos, o que pode ser compensado em termos de rentabilidade. "Houve uma redução nos custos de produção pela queda dos preços dos fertilizantes."

Arrozeiros pedem R$ 220 milhões para recuperação das lavouras

Os prejuízos causados até agora pelas chuvas devem obrigar os orizicultores gaúchos a replantarem cerca de 70 mil hectares com a cultura. Para isso, representantes do setor produtivo solicitaram ontem ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, recursos de R$ 220 milhões. Esse valor também será destinado para recomposição de barragens e estradas e para plantação de áreas que estão paradas por causa do mau tempo, que equivalem a 300 mil hectares. "Precisamos desses recursos para ontem", disse o presidente do Irga, Maurício Fischer.

No total, foram semeados 732 mil hectares, dos quais 240 mil estão alagados. A área total a ser plantada no Estado é de 1,5 milhão de hectares.

O presidente da Federarroz, Renato Rocha, informou que foi solicitado um valor extra de R$ 1,45 mil por hectare por produtor para replantio e de R$ 500,00 por hectare para produtores de áreas alagadas que ainda não iniciaram a plantação. O presidente do Irga acredita que, caso as chuvas cessem e os produtores consigam plantar os 300 hectares que ainda faltam, a quebra no arroz deva ser de 1 milhão de toneladas. "No entanto, se as lavouras continuarem alagadas, impossibilitando o plantio da área que falta, é bem possível que se confirmem os números divulgados pela Farsul", disse. Do montante solicitado, cerca de R$ 70 milhões serão destinados pelo Banco do Brasil a título de custeio antecipado ao produtor.

A situação dos arrozeiros do Estado está crítica, na avaliação do secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, João Carlos Machado, que também participou da comitiva. "Apesar de a cultura ser dependente de muita água, as chuvas atrapalharam o processo porque é necessária a utilização de defensivos antes do momento da irrigação, o que não ocorreu em muitos casos."

Os produtores entregaram ao ministro uma lista de reivindicações como redução em 50% a taxa de juros do custeio das culturas de verão para a safra 2009/2010 em razão da gravidade da situação atual e prorrogação das parcelas de financiamento de investimentos vincendas em 2010.

Dólar e desaceleração mundial forçam queda nas exportações de frangos

Dólar em baixa e desaceleração das compras mundiais, como mercados da Rússia, Venezuela e Japão, são os culpados pelo fraco desempenho das exportações brasileiras de frango em 2009. Os números de novembro, divulgados ontem pelo presidente-executivo da Associação Brasileira de Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, em Porto Alegre, validam ainda mais o ano de queda. Os primeiros 11 meses fecharam com recuo de 1,74% no volume exportado, somando 3,3 milhões de toneladas, ante 3,6 milhões de toneladas do mesmo período de 2008. A receita registrou tombo de 19,16%, somando US$ 5,3 bilhões de janeiro a novembro de 2009 ante US$ 6,9 bilhões do ano anterior.

"O câmbio foi uma desgraça este ano", resumiu Turra, convidado do evento Tá na Mesa, da Federasul. Para o dirigente, a cotação deveria ser de R$ 2,20 para assegurar equilíbrio mesmo com menor demanda externa. Mas Turra admitiu que dificilmente este patamar será alcançado, indicando que os exportadores terão de buscar formas de manter o comércio. Já a demanda local se mantém aquecida.

O que evitou maior frustração para o setor foi a diversificação de mercados, como maiores vendas para a China, a partir de acordo bilateral com o governo brasileiro. O país asiático - que estreiou como comprador - aumentou em 1.142% as encomendas entre janeiro e outubro, no confronto com o mesmo período de 2008. Já a Rússia recuou 56,84%, Venezuela, 45,21%, e Japão, 32,42%. Os japoneses são os maiores clientes brasileiros, com importação de 252,2 mil toneladas nos dez primeiros meses de 2009. Mesmo com o saldo até novembro, o presidente-executivo projetou que as vendas externas fecharão 2009 no mesmo nível de 2008, que somou 3,645 milhões de toneladas.

O volume embarcado deve crescer 1% ante avanço médio anual de 11% nos últimos oito anos. "Isso só vai ocorrer graças ao sucesso da estratégia da Abef de abrir novos mercados", atribuiu. Para inverter a situação em 2010, a associação elaborou um plano estratégico com foco em 30 mercados. "Alguns mercados, como o chinês, têm tarifas de importação ainda muito elevadas. Mas com melhoria no câmbio, poderemos ampliar os volumes exportados em 2%", apostou Turra.

A Índia é alvo da cobiça das indústrias, mas a dificuldade se ergue também nos custos tarifários, de 100%. A Abef anunciou a diversificação da atuação, passando a representar também empresas exportadoras de ovos in natura e industrializados, cujo potencial é grande e a presença externa brasileira é acanhada. A receita externa brasileira com estes produtos foi de módicos US$ 60 milhões em 2008, contra US$ 7 bilhões do frango.

O presidente-executivo da entidade preveniu que, para compensar a receita menor com as carnes de aves em 2009, os exportadores terão de aumentar em 10% a renda no próximo ano. Se isso não ocorrer, a Abef projeta medidas como redução de produção para evitar problemas de manutenção e competitividade do segmento. O setor também reivindica desoneração de tributos federais (Pis/Cofins), já estendida aos bovinos, como forma de reduzir os custos de produção.

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