A literatura no Rio Grande do Sul acaba de ganhar um retrato inédito. A pesquisa Mapeando a Cena Literária, realizada pela organização sem fins lucrativos Nonada Jornalismo em 2024, revelou a força, a diversidade e também as dificuldades enfrentadas por quem movimenta o mercado editorial gaúcho.
Com mais de 450 agentes entrevistados — entre escritores, editoras, livrarias e feiras literárias —, o levantamento mostrou que a sustentabilidade financeira ainda é um dos principais entraves para o setor. Entre os dados mais expressivos, 93% dos escritores afirmaram que a escrita é um trabalho paralelo, insuficiente para garantir o sustento. A maioria complementa a renda com atividades como docência, serviço público e aposentadoria.
Além disso, o perfil dos escritores revela um setor ainda marcado por desigualdades: 65% têm pós-graduação, 5,6% se autodeclaram pretos e 7,6% pardos, o que aponta a necessidade de políticas de inclusão racial no campo literário. A renda média dos agentes gira em torno de cinco salários mínimos, o que também indica a dificuldade de acesso de pessoas de baixa renda à profissão.
As editoras também enfrentam obstáculos importantes. A pesquisa apontou que 60% delas têm a distribuição como seu maior desafio, e 32,3% faturam menos de R$5 mil mensais. A produção editorial concentra-se nos grandes polos urbanos, especialmente Porto Alegre, e a maioria das casas publicadoras tem catálogo reduzido. As enchentes de maio de 2024 agravaram a situação: 64,6% das editoras foram afetadas, mas a maioria não recebeu auxílio público.
As livrarias, muitas com mais de uma década de existência, também precisaram se reinventar. Embora 64,8% delas atuem há mais de 10 anos, apenas 28% faturam acima de R$50 mil por mês. Para enfrentar a concorrência de grandes varejistas online, muitas apostam em curadorias especializadas e eventos culturais presenciais, buscando se consolidar como espaços de encontro e debate. O estudo ainda revelou que 79,6% das livrarias trabalham com editoras que promovem temas raciais, de gênero ou sociais, reforçando o papel das livrarias como agentes de transformação cultural.
Outro pilar do cenário são as feiras literárias, que mostraram tradição e resiliência: 63,1% já realizaram mais de 15 edições. No entanto, 69,6% dos organizadores apontam a falta de patrocinadores como o principal desafio para a continuidade dos eventos. As catástrofes climáticas recentes impactaram fortemente as feiras — quase metade foi afetada pelas enchentes de 2024 —, reforçando a necessidade de políticas de apoio emergencial.
Segundo João Ricardo Xavier, presidente do Clube dos Editores do RS, a pesquisa confirma a força do setor, mas também evidencia a urgência de incentivo público: “É necessário que o poder público veja o setor como importante para a economia e incentive cada vez mais a abertura de livrarias e editoras”. Rafael Gloria, organizador do projeto, reforça: “O levantamento legitima o trabalho literário e mostra que literatura é trabalho — e, como tal, precisa de estrutura, reconhecimento e investimento”.
O mapeamento, realizado com financiamento da Lei Paulo Gustavo, é considerado um marco para o fortalecimento do mercado editorial gaúcho e será ferramenta estratégica para políticas públicas de cultura no estado, pode ser acessado através do site: https://www.nonada.com.br/mapeandors/
Com mais de 450 agentes entrevistados — entre escritores, editoras, livrarias e feiras literárias —, o levantamento mostrou que a sustentabilidade financeira ainda é um dos principais entraves para o setor. Entre os dados mais expressivos, 93% dos escritores afirmaram que a escrita é um trabalho paralelo, insuficiente para garantir o sustento. A maioria complementa a renda com atividades como docência, serviço público e aposentadoria.
Além disso, o perfil dos escritores revela um setor ainda marcado por desigualdades: 65% têm pós-graduação, 5,6% se autodeclaram pretos e 7,6% pardos, o que aponta a necessidade de políticas de inclusão racial no campo literário. A renda média dos agentes gira em torno de cinco salários mínimos, o que também indica a dificuldade de acesso de pessoas de baixa renda à profissão.
As editoras também enfrentam obstáculos importantes. A pesquisa apontou que 60% delas têm a distribuição como seu maior desafio, e 32,3% faturam menos de R$5 mil mensais. A produção editorial concentra-se nos grandes polos urbanos, especialmente Porto Alegre, e a maioria das casas publicadoras tem catálogo reduzido. As enchentes de maio de 2024 agravaram a situação: 64,6% das editoras foram afetadas, mas a maioria não recebeu auxílio público.
As livrarias, muitas com mais de uma década de existência, também precisaram se reinventar. Embora 64,8% delas atuem há mais de 10 anos, apenas 28% faturam acima de R$50 mil por mês. Para enfrentar a concorrência de grandes varejistas online, muitas apostam em curadorias especializadas e eventos culturais presenciais, buscando se consolidar como espaços de encontro e debate. O estudo ainda revelou que 79,6% das livrarias trabalham com editoras que promovem temas raciais, de gênero ou sociais, reforçando o papel das livrarias como agentes de transformação cultural.
Outro pilar do cenário são as feiras literárias, que mostraram tradição e resiliência: 63,1% já realizaram mais de 15 edições. No entanto, 69,6% dos organizadores apontam a falta de patrocinadores como o principal desafio para a continuidade dos eventos. As catástrofes climáticas recentes impactaram fortemente as feiras — quase metade foi afetada pelas enchentes de 2024 —, reforçando a necessidade de políticas de apoio emergencial.
Segundo João Ricardo Xavier, presidente do Clube dos Editores do RS, a pesquisa confirma a força do setor, mas também evidencia a urgência de incentivo público: “É necessário que o poder público veja o setor como importante para a economia e incentive cada vez mais a abertura de livrarias e editoras”. Rafael Gloria, organizador do projeto, reforça: “O levantamento legitima o trabalho literário e mostra que literatura é trabalho — e, como tal, precisa de estrutura, reconhecimento e investimento”.
O mapeamento, realizado com financiamento da Lei Paulo Gustavo, é considerado um marco para o fortalecimento do mercado editorial gaúcho e será ferramenta estratégica para políticas públicas de cultura no estado, pode ser acessado através do site: https://www.nonada.com.br/mapeandors/