A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH) anunciou o encerramento de suas atividades após 72 anos de história. A decisão foi tomada devido ao corte de repasses da prefeitura daquele município, que inviabilizou a manutenção da orquestra. De acordo com o diretor artístico da OSNH, Gustavo Arthur Müller, além de perderem os empregos, os 34 músicos profissionais e 11 integrantes da equipe de bastidores também estão sem receber pagamento desde janeiro deste ano. "A comunidade perde uma das suas referências em cultura", lamenta Müller. Apenas no ano passado, a OSNH promoveu mais de 20 apresentações.
Em nota, a preitura de Novo Hamburgo afirma que a gestão anterior deixou R$ 200 milhões de despesas não pagas em 2024 e o Executivo precisará adequar integralmente o orçamento de 2025. "Com isso, todas as secretarias, diretorias e departamentos têm menos dinheiro do que o previsto para desenvolver suas ações e programas", diz o texto. A nota ainda afirma que "o Executivo está à disposição para auxiliar a OSNH na captação de recursos junto à iniciativa privada." Além disso, o texto ressalta que a situação "é momentânea devido à escassez de recursos", podendo ser alterada para o próximo ano.
"A prefeitura de Novo Hamburgo reconhece a importância e a relevância da Orquestra de Sopros para a cidade. Porém, diante das dificuldades financeiras enfrentadas pelo Município neste momento, não há condições de manter o convênio com a instituição", reforça a nota.
Segunda orquestra mais antiga do Rio Grande do Sul – e tombada (desde 2008) pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural daquela cidade –, a OSNH mantém projetos sociais de educação musical, e era mantida há 28 anos com os recursos públicos. Os repasses que possibilitavam a rotina de ensaios e a realização da programação artística de concertos da OSNH somavam R$ 1,2 milhão por ano e eram garantidos por conta de um termo de parceria entre o Instituto Arlindo Ruggeri (entidade mantenedora da orquestra, e que leva o nome do criador da OSNH) e o Executivo do município. O dinheiro mantinha, além das atividades da orquestra, também três dos 26 polos do Núcleo de Orquestras Jovens. "Nesse projeto social, estudantes têm acesso gratuito a aulas de instrumentos como violino, violoncelo, contrabaixo e instrumentos de sopro", explica Müller. "Eles ainda recebem os instrumentos por empréstimo, facilitando o aprendizado", emenda.
"Tememos que, com o fim dos repasses, 75 crianças deixem de ser atendidas", sinaliza o diretor artístico da OSNH. Segundo ele, os outros 23 polos seguirão em funcionamento, quatro com recursos da Secretaria Municipal de Educação (cujo convênio está em vigor e assinado) e os demais com verbas captadas junto a empresas patrocinadoras, através da Lei Rouanet. Já a prefeitura de Novo Hamburgo, afirma, na mesma nota, que não será necessário paralisar as atividades dos três núcleos que eram mantidos com os recursos do Termo de Parceria, uma vez que esses "serão regularizados nos próximos dias", por meio de recursos federais destinados à Educação.
O diretor artístico da OSNH afirma que "é louvável" que a prefeitura da cidade se comprometa em garantir a continuidade dos três polos do Núcleo de Orquestras Jovens que eram mantidos com os recursos bloqueados, mas destaca que a orquestra ainda não foi comunicada oficialmente da decisão.