O rock serve para muitas coisas: para extravasar emoções reprimidas, fazer pensar, relembrar o passado, para fazer comentários sobre a vida, o universo e tudo o mais. Mas talvez seja possível resumir tudo dizendo que o rock existe, antes de tudo, para divertir - e foi essa máxima aparentemente simples, mas cheia de nuances, que The Offspring seguiu à risca na última terça-feira (11), em sua quarta apresentação em Porto Alegre. Com um setlist que foi uma verdadeira coleção de sucessos, a banda californiana teve o Pepsi On Stage na mão o tempo todo (cerca de cinco mil pessoas, segundo números da assessoria do espetáculo) e garantiu entretenimento de alta qualidade para quem estava sedento por punk rock.
A abertura da noite ficou com as competentíssimas mexicanas do The Warning, banda que vem crescendo de forma visível no cenário contemporâneo. Com um rock enérgico e pesado (por vezes flertando com o heavy metal), mas que jamais abre mão das melodias e do apelo pop, o power trio das irmãs Daniela (guitarra), Alejandra (baixo) e Paulina Villarreal (bateria) - todas elas revezando vocais durante o show - mostrou-se adequado para a missão de abrir a noite, entregando um show dinâmico e bem humorado. Parte da plateia, aliás, já estava familiarizada com o som das mexicanas, respondendo entusiasticamente a todas as músicas. Para quem não conhecia, foi uma ótima oportunidade, e dá para dizer sem medo que as garotas saíram com vários novos fãs desta noite em Porto Alegre.
A noite começou divertida, portanto, e o nível de diversão só fez crescer dali para frente. Em uma ideia simples e inteligente, a banda principal promoveu uma espécie de 'show do intervalo' nos telões: enquanto os técnicos trocavam equipamentos e deixavam tudo pronto para a atração principal, o público se distraía com pequenos vídeos (alguns imitando antigos jogos de videogame) e curiosidades sobre o Offspring, em formato quiz - tudo entremeado por um relógio que surgia de tempos em tempos, aumentando a expectativa. Quando tudo estava pronto, uma animação com a caveira eletrificada que ilustra a capa do novo álbum Supercharged surgiu, ao som de Thunderstruck (AC/DC) - e o relógio contava cada vez menos tempo para o show começar, elevando a ansiedade do público a um nível próximo da explosão. Até que os telões subitamente se apagassem, e a voz do cantor e guitarrista Dexter Holland surgisse com o refrão inconfundível:
"Yah, yah, yah, yah, yah"
Era o início de All I Want, um dos hits mais energéticos da banda - e foi a senha para o Pepsi On Stage entrar em ebulição. Era impossível ficar parado: ou você pulava pelo próprio entusiasmo, ou era impulsionado pela empolgação alheia, já que a pista virou uma enorme onda humana durante a curta e explosiva canção. Na sequência, Come Out and Play (um dos primeiros hits radiofônicos da banda) manteve a vibração nas alturas, seguida pela ligeiramente menos intensa, mas igualmente celebrada Want You Bad. Pouco mais de seis minutos de pura diversão - e ainda havia muita coisa pela frente.
Embora a noite não tenha sido planejada para exercícios saudosistas, o fato é que a banda norte-americana preparou um setlist sob medida para agradar os fãs de longa data. Do novo trabalho, o bom Supercharged, apenas duas músicas foram executadas - uma delas, Come To Brazil, uma singela homenagem aos fãs brasileiros e que teve cenas captadas para um futuro videoclipe. De resto, praticamente só sucessos - incluindo um bem-humorado medley no meio do show, no qual o guitarrista Noodles puxou riffs de clássicos do rock como Smoke On the Water (Deep Purple), Iron Man (Black Sabbath) e até In the Hall of the Mountain King, composição clássica de Edvard Grieg que ficou famosa como trilha sonora de desenhos animados. A brincadeira encerrou com um cover direto e reto de Blitzkrieg Bop, dos Ramones, bastante festejada pelo público.
Tudo na apresentação dos californianos era pensado e quase coreografado para garantir a diversão. Em algumas músicas, explosões de papel picado e serpentinas aumentavam a empolgação, e grandes bolas infláveis foram arremessadas sobre o público em Why Don't You Get a Job?, combinando perfeitamente com o clima deliberadamente bobinho (no bom sentido) da canção. Os bate-papos entre Dexter e Noodles eram igualmente cômicos, repletos de elogios ao público ("não poderíamos encerrar essa turnê em lugar melhor", disse Dexter a certa altura), com duração na medida para dar tempo do público respirar antes da próxima música. Aliás, mesmo que Todd Morse (baixo), Brandon Pertzborn (bateria) e Jonah Nimoy (guitarra e percussão) cumpram seus papeis à perfeição, é muito claro que o comando do show está na dupla principal, que domina o palco com absoluta naturalidade e competência.
A abertura da noite ficou com as competentíssimas mexicanas do The Warning, banda que vem crescendo de forma visível no cenário contemporâneo. Com um rock enérgico e pesado (por vezes flertando com o heavy metal), mas que jamais abre mão das melodias e do apelo pop, o power trio das irmãs Daniela (guitarra), Alejandra (baixo) e Paulina Villarreal (bateria) - todas elas revezando vocais durante o show - mostrou-se adequado para a missão de abrir a noite, entregando um show dinâmico e bem humorado. Parte da plateia, aliás, já estava familiarizada com o som das mexicanas, respondendo entusiasticamente a todas as músicas. Para quem não conhecia, foi uma ótima oportunidade, e dá para dizer sem medo que as garotas saíram com vários novos fãs desta noite em Porto Alegre.
A noite começou divertida, portanto, e o nível de diversão só fez crescer dali para frente. Em uma ideia simples e inteligente, a banda principal promoveu uma espécie de 'show do intervalo' nos telões: enquanto os técnicos trocavam equipamentos e deixavam tudo pronto para a atração principal, o público se distraía com pequenos vídeos (alguns imitando antigos jogos de videogame) e curiosidades sobre o Offspring, em formato quiz - tudo entremeado por um relógio que surgia de tempos em tempos, aumentando a expectativa. Quando tudo estava pronto, uma animação com a caveira eletrificada que ilustra a capa do novo álbum Supercharged surgiu, ao som de Thunderstruck (AC/DC) - e o relógio contava cada vez menos tempo para o show começar, elevando a ansiedade do público a um nível próximo da explosão. Até que os telões subitamente se apagassem, e a voz do cantor e guitarrista Dexter Holland surgisse com o refrão inconfundível:
"Yah, yah, yah, yah, yah"
Era o início de All I Want, um dos hits mais energéticos da banda - e foi a senha para o Pepsi On Stage entrar em ebulição. Era impossível ficar parado: ou você pulava pelo próprio entusiasmo, ou era impulsionado pela empolgação alheia, já que a pista virou uma enorme onda humana durante a curta e explosiva canção. Na sequência, Come Out and Play (um dos primeiros hits radiofônicos da banda) manteve a vibração nas alturas, seguida pela ligeiramente menos intensa, mas igualmente celebrada Want You Bad. Pouco mais de seis minutos de pura diversão - e ainda havia muita coisa pela frente.
Embora a noite não tenha sido planejada para exercícios saudosistas, o fato é que a banda norte-americana preparou um setlist sob medida para agradar os fãs de longa data. Do novo trabalho, o bom Supercharged, apenas duas músicas foram executadas - uma delas, Come To Brazil, uma singela homenagem aos fãs brasileiros e que teve cenas captadas para um futuro videoclipe. De resto, praticamente só sucessos - incluindo um bem-humorado medley no meio do show, no qual o guitarrista Noodles puxou riffs de clássicos do rock como Smoke On the Water (Deep Purple), Iron Man (Black Sabbath) e até In the Hall of the Mountain King, composição clássica de Edvard Grieg que ficou famosa como trilha sonora de desenhos animados. A brincadeira encerrou com um cover direto e reto de Blitzkrieg Bop, dos Ramones, bastante festejada pelo público.
Tudo na apresentação dos californianos era pensado e quase coreografado para garantir a diversão. Em algumas músicas, explosões de papel picado e serpentinas aumentavam a empolgação, e grandes bolas infláveis foram arremessadas sobre o público em Why Don't You Get a Job?, combinando perfeitamente com o clima deliberadamente bobinho (no bom sentido) da canção. Os bate-papos entre Dexter e Noodles eram igualmente cômicos, repletos de elogios ao público ("não poderíamos encerrar essa turnê em lugar melhor", disse Dexter a certa altura), com duração na medida para dar tempo do público respirar antes da próxima música. Aliás, mesmo que Todd Morse (baixo), Brandon Pertzborn (bateria) e Jonah Nimoy (guitarra e percussão) cumpram seus papeis à perfeição, é muito claro que o comando do show está na dupla principal, que domina o palco com absoluta naturalidade e competência.
E convenhamos, repertório não falta ao Offspring. Qualquer um que tenha sintonizado as rádios rock ou assistido a MTV nos anos 1990 ou no começo da década seguinte carrega ao menos algumas músicas da banda no seu imaginário, e todas elas estiveram no show. Gotta Get Away, Bad Habit, Pretty Fly (For a White Guy) (realçada pela presença de cômicos bonecões de posto nas laterais do palco), The Kids Aren't Alright - todas estiveram lá, e todas deixaram o público em completo êxtase. No bis, as últimas energias da plateia foram requisitadas por You're Gonna Go Far, Kid e Self Esteem, deixando todos exaustos, suados, cobertos de papel colorido, mas certamente felizes de terem participado de uma noite de pura diversão.
"Por que demoramos oito anos para voltar para cá?", perguntou Dexter a certa altura. "Porque antes tínhamos empresários horríveis!", respondeu Noodles, arrancando risadas até da própria banda. Bom, se o agenciamento da banda for minimamente esperto, vai arranjar rapidinho um pretexto para trazer o Offspring de volta ao Brasil, já que por aqui o sucesso - e a diversão, tanto do público quanto da própria banda - está mais do que garantido.