Neste mês, fazem dois anos desde que a estrutura do Teatro do IPE, na capital gaúcha, foi entregue à responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Fechado há duas décadas por danos estruturais, o espaço cultural tem previsão de ser reformado até o final de 2026.
A reabertura do Teatro do IPE é uma demanda antiga dos porto-alegrenses. A Instituição foi palco de centenas de espetáculos teatrais que marcaram a história da cidade de Porto Alegre, como Rádio Esmeralda, Tza Tza Ivstabó e Seriamente cômico, peça na qual surgiu o personagem de sucesso Guri de Uruguaiana.
Quando foi inaugurado, o espaço funcionava como auditório para o Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul (IPE Prev). Com o passar do tempo, no entanto, a instituição começou a exercer a função de teatro e, nos anos 1980, assumiu-a por completo.
Por ter sido fundado com o objetivo de integrar a sede do IPE, desde 1972 o local estava sob a responsabilidade do Instituto. Porém, em 2023, a Sedac assumiu a gestão do teatro através da assinatura de um termo de cessão, válido durante 20 anos.
De acordo com o diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da Secretaria, Eduardo Hahn, o procedimento foi realizado a partir de um entendimento mútuo de que o gerenciamento do espaço teria maior relação com as atividades realizadas pelo órgão cultural. "É uma forma da Sedac apoiar a recuperação dessas instituições, que são importantes para a cultura da cidade e incrementam toda a parte artística de Porto Alegre", comenta Hahn.
Atualmente, o processo de contratação das obras no Teatro do IPE se encontra na fase final da licitação, e está previsto para ser concluído no primeiro semestre deste ano. As reformas, por sua vez, devem ser concluídas até o final do ano que vem, e contam com um investimento de aproximadamente R$ 16 milhões para a sua realização.
O projeto prevê uma reforma geral do espaço, a fim de melhorar sua condição estrutural. Segundo Hahn, serão contempladas demandas antigas, como a ampliação e renovação dos camarins do teatro e a ocupação do andar térreo, que hoje funciona como um depósito. Neste último caso, ainda será preciso que as obras arquem com as marcas deixadas pela enchente de 2024.
Ainda por conta das inundações de maio do ano passado, os dois principais problemas encontrados foram a perda de documentos do IPE Prev e o aparecimento de sujeira e lodo no espaço. Apesar disso, não foram causados danos à parte estrutural da Instituição, afirma Hahn. Ele conta que, além de resolver os problemas decorrentes da deterioração do espaço, o projeto também teve que ser atualizado para contemplar outras questões que garantem o funcionamento efetivo do teatro. "O espaço terá que ser adaptado às necessidades atuais, ligadas principalmente à PPCI, a legislação de prevenção do risco de acidente, e à acessibilidade."
Em busca de suprir essas lacunas, o projeto de reforma do Teatro do IPE prevê, também, modificações que devem garantir a acessibilidade da estrutura, com a instalação de um elevador e construção de novos sanitários, acessíveis para pessoas com deficiência.
Apesar de visar uma melhora no teatro, o diretor do Departamento de Memória e Patrimônio da Sedac explica que a ideia não é abandonar as particularidades da sua estrutura original. "Se trata de um prédio de uma arquitetura modernista brutalista, bem representativo na história da arquitetura de Porto Alegre, com uma linguagem muito interessante da década de 1970", comenta. "Ao longo de todo o trabalho, nós tentamos respeitar e preservar essas características", pontua Hahn.
Para além das obras de recuperação do espaço, também já existem projetos que dizem respeito à futura administração do Teatro. De acordo com o diretor, a ocupação deverá ocorrer através do lançamento de editais, que serão administrados pelo Instituto de Artes Cênicas da Sedac. Ele destaca, ainda, que a reabertura do Teatro do IPE está entre as prioridades atuais da Secretaria, por se tratar de um espaço tão importante para a história cultural da cidade.
"É mais um espaço que vai ser oferecido ao público de Porto Alegre. Isso é um incremento na cultura artística e na economia da cultura. Além de que há uma vontade muito grande por parte do meio cultural de que haja a recuperação dessa casa, por ser um espaço tão representativo e emblemático."