Lajeadense radicada em São Paulo, Filipe Catto retorna a Porto Alegre neste sábado, para a segunda apresentação de seu último trabalho, o disco Belezas são coisas acesas por dentro. O show acontece às 21h, no Bar Opinião (rua José do Patrocínio, 834), e os ingressos custam a partir de R$ 100,00 e podem ser adquiridos pela plataforma Sympla.
A cantora afirma que voltar ao Rio Grande do Sul - especialmente após as tragédias climáticas que abalaram o Estado em maio - carrega uma carga emocional intensa. "Não consigo dimensionar o peso de tudo o que aconteceu; acho que só quem viveu sabe exatamente o tamanho, o peso. Tenho uma relação muito profunda com Porto Alegre e com as pessoas daqui. É impossível não se emocionar nesse retorno", desabafa Catto.
O álbum Belezas são coisas acesas por dentro é uma homenagem à cantora Gal Costa, falecida em 2022. Catto conta que sua relação de fã com Gal foi fortalecida desde muito cedo, ao escutar em casa, com a família, as músicas da cantora e compositora baiana. "Eu sempre fui muito fã da Gal Costa, desde que comecei a me interessar por música. E esse trabalho foi uma coisa que fiz com todo o coração, uma coisa que nasceu no palco de uma maneira tão visceral, que resolvi gravar o disco um ano depois", explica.
Antes mesmo de pensar na hipótese de produzir o álbum, a artista foi convidada pelo Sesc a fazer uma série de tributos à Gal, que culminou na turnê Catto Canta Gal - Belezas são coisas acesas por dentro, que rodou diversas cidades do Brasil. "Foi uma 'parada' muito espontânea; as melhores ideias vêm de um jeito muito verdadeiro. Quando me chamaram para fazer a homenagem à Gal, num projeto idealizado pelo Sesc - não por mim -, entrou a minha 'personalidade diretora'; eu pensei: vamos fazer um show com baixo, guitarra e bateria - uma coisa elementar do rock. Eu queria falar da Gal Costa não pelos clichês", recorda Catto. E foi assim que ela trouxe aos palcos uma sonoridade sessentista e psicodélica da cantora baiana, que culminou na gravação do LP.
Gal é uma figura central na trajetória de Catto, não apenas como cantora, mas como símbolo de ousadia em contextos extremos. Segundo a gaúcha, a turnê de Belezas... é uma forma de eternizar a arte da compositora e multi-instrumentista e possibilitar às novas gerações uma apresentação da sua obra. "Ela é a maior voz do Brasil, impecável em técnica e emoção. Mas, além disso, tinha um repertório incrivelmente sofisticado, sempre nivelado por uma alta poesia. Ela era transgressora, dentro e fora dos palcos. Mostrou que uma mulher LGBT poderia ocupar esse espaço, mesmo num país conservador e em plena ditadura militar", avalia Catto.
Entre as músicas que compõem o novo álbum, a artista destaca Nada mais como a sua favorita - e a mais marcante. "Acho que eu só fiz esse trabalho por causa dessa música. Ela é tão importante para mim que se tornou uma das mais relevantes da minha carreira. É daquelas que vou cantar pelo resto da vida."
A relação da artista gaúcha com o público durante os shows é igualmente especial. Para ela, cantar Gal Costa é como um "momento de comunhão". "É bonito ver as pessoas se conectando com as músicas, criando uma sensação de familiaridade e generosidade. O Brasil tem passado por tempos difíceis e estar no palco, cantando esse repertório - que inclui Divino, maravilhoso, por exemplo, que é uma música dos anos 1960 que precisa ser cantada para sempre - faz todo o sentido", pontua. No set list do espetáculo, ainda constam outras canções como Vaca profana, Lágrimas negras e Vapor barato.
Quando perguntada sobre projetos futuros, Catto confessa que seu próximo álbum está pronto. "O trabalho em homenagem à Gal nasceu no meio da gravação desse disco novo, que estou produzindo desde 2018. É um trabalho muito, muito íntimo", explica. A cantora afirma que o projeto em andamento ainda não tem nome e diz não ter previsão de data para lança-lo; mas emenda que pretende aproveitar a passagem pela Capital para passar as festas de final de ano com a família e rever amigos. "Quero ficar mais tempo no Estado, exatamente para dar uma geral, conseguir ver as pessoas que eu não vejo há tempo, e dar uma atenção a elas, especialmente depois de tudo o que aconteceu. Quero poder dar um pouco de carinho ao meu povo," conclui.