Quando o cantor e ator Tony Tornado fez o gesto do punho cerrado em protesto contra o racismo, no Festival Internacional da Canção de 1971, ele saiu do palco escoltado pela polícia e preso. Mais de 50 anos depois, o ícone do movimento preto nacional é a estrela do “Encontro Black”, evento promovido pelo Museu da Cultura Hip Hop RS em comemoração ao Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), em Porto Alegre.
Impossibilitado de participar da coletiva de imprensa pela manhã por um problema de saúde, o artista de 94 anos foi representado pelo filho Lincon Tornado. O também ator e músico relembrou a importância do seu pai na luta pela representatividade.
"Quando aparece aquele cara com cabelo black power, roupa caqui e, de repente, ele dança. Não tinha isso naquela época. Você imagina o Tom Jobim botando violão no pedestal e dançando? E aí vem esse cara, com um plus, ele é preto azulado, na escala de preto é o tom 7. Que choque para alguns. Mas para a negrada, era o grande representante".
A partir das 5h20, Tony e a banda Funkessencia (da qual Lincon faz parte) se apresenta no evento para encerrar a programação da tarde, que conta também com a apresentação de artistas importantes do cenário black gaúcho, como com Cristal, D´Moreno, J.Clip e Big Boys.
Para o fundador e coordenador da Museu, Rafa Rafuagi, a agenda é uma oportunidade de levar adiante as pautas antirracistas. "Agora no encontro do G20, foi lançada a 18º ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), de igualdade racial, uma proposta que o presidente Lula apresentou na cúpula da ONU. Então, eu acho que o Museu, por ter 10 mil itens de acervo, ajuda a sociedade se reeducar".
O ingresso é gratuito, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível. A organização do evento estima arrecadar 3 toneladas de doações.