Ei, você, que ainda não está com a vida ganha! Já parou pra pensar em quanto ela poderia ser mais leve? E que, em algumas (talvez muitas) circunstâncias, depende apenas de você mesmo? Falo isso porque, esses tempos, co-protagonizei uma mudança de humor em pleno balcão dos pêssegos no supermercado.
Vou contar essa breve história, de uma forma ainda mais breve.
Estava eu circulando na seção dos hortifruti no mercado aqui perto de casa. Era final de tarde, eu voltando pra casa depois de um dia daqueles no trabalho. Então entrei no estabelecimento já meio contrariado, apressado. Mercado cheio. Pessoal disputando a cebola mais bonita, a berinjela mais firme e o pimentão mais vermelho, entre outros itens do setor.
E eu ali, dividido entre vencer a concorrência e responder mentalmente com um desaforo à minha hoje ex-chefe. Fernanda, à época, eu nem trabalhava no JC, ok?
Enfim, era eu, com humor contaminado pelo descontentamento de uma conversa mal-acabada. E louco pra chegar em casa.
Saio da ala das cebolas e me dirijo ao espaço das frutas. Um rapaz de seus 30 e poucos anos acabara de pegar um saco plástico e começava a escolher pêssegos brancos para comprar. O que conto a seguir aconteceu em, talvez, um intervalo de dois segundos.
Um furo no fundo da sacola fez a primeira fruta que ele guardou deslizar, cair no chão e se esconder em algum lugar que nem valia a pena procurar. Eu estava a um passo dali e vi a expressão do homem, que já parecia raivosa, ficar ainda mais fechada.
E foi aí que tudo aconteceu. Cheguei e, ato contínuo, peguei um saquinho e estendi o braço pra entregar a ele. O possível vizinho teve uma primeira reação de surpresa. Mas na fração seguinte, começou a rir. Então, rimos juntos por alguns instantes, pela situação inusitada.
Depois, peguei um saquinho plástico e fui à luta também pelos meus próprios pêssegos. “Agora é cada um por si”. Encerramos ali a convivência. E saímos ilesos do campo de batalha.
Completei as compras e fui pra casa. Contei à minha mulher que havia feito a minha boa ação do dia.
E percebi ali, naquela experiência, o quanto a gente pode descomplicar e distensionar o dia ao dar a cada situação o peso e a importância que elas realmente têm. Ou, ainda, amenizar os problemas dos outros.
E percebi ali, naquela experiência, o quanto a gente pode descomplicar e distensionar o dia ao dar a cada situação o peso e a importância que elas realmente têm. Ou, ainda, amenizar os problemas dos outros.
Se prestar atenção, aposto que vai encontrar algumas sacolas rasgadas no seu caminho. Mas, e daí? Experimente dar de ombros, respirar fundo e partir pra outra, íntegra.
Sim, eu sei! Às vezes é um desafio gigantesco. Uma missão hercúlea.
Mas vá lá! Arrisque-se!
E, se quiser, me conte como foi. Pra rirmos também.