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Publicada em 06 de Novembro de 2024 às 20:10

Mateus Solano promove "comédia do desespero" em monólogo O Figurante

Mateus Solano apresenta seu primeiro monólogo, 'O figurante', em curta temporada no Theatro São Pedro

Mateus Solano apresenta seu primeiro monólogo, 'O figurante', em curta temporada no Theatro São Pedro

Dalton Valerio
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Primeiro monólogo do ator Mateus Solano, o espetáculo O figurante cumpre curta temporada no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/n) nesta sexta-feira (8), às 20h; e também no sabado, às 18h (sessão extra) e às 20h; e no domingo, às 18h. Dirigida por Miguel Thiré, a peça é uma comédia dramática que joga luz sobre a invisibilidade encontrada entre pessoas de todos os segmentos da sociedade, que nem sempre se percebem apagadas dentro de um coletivo, seja ele profissional ou pessoal.
Primeiro monólogo do ator Mateus Solano, o espetáculo O figurante cumpre curta temporada no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/n) nesta sexta-feira (8), às 20h; e também no sabado, às 18h (sessão extra) e às 20h; e no domingo, às 18h. Dirigida por Miguel Thiré, a peça é uma comédia dramática que joga luz sobre a invisibilidade encontrada entre pessoas de todos os segmentos da sociedade, que nem sempre se percebem apagadas dentro de um coletivo, seja ele profissional ou pessoal.
Escrito por Isabel Teixeira, o texto da montagem é assinado também por Solano e Thiré, e conta a história de Augusto, um figurante dedicado, experiente e acostumado a servir em produções audiovisuais. "Ele constrói os personagens e ensaia em casa, mas quando chega no set de filmagem, tudo que faz é ficar parado e aparecer o mínimo possível", comenta o ator. "A gente usa a profissão do figurante para falar de uma invisibilidade nossa e de nós mesmos, deixando nossos desejos, nossa vida e nossa liberdade para se encaixar em uma função social, famliiar, etc.", emenda. 
Segundo o artista, o espetáculo se propõe, em parte, a falar sobre a busca por um lugar de autossuficiência, onde o indivíduo consiga se sentir bem e inteiro em sua rotina. "Não gosto muito de definir a peça, porque 'bate' de forma diferente em cada pessoa", pondera. "Mas posso definir como uma comédia do desespero." No decorrer da história de Augusto, outros personagens surgem, à medida que ele improvisa viver cada um deles em seu trabalho. "Assim, ele tambem vai falando de assuntos diferentes, como é o caso de quando ensaia ser um idoso que se questiona sobre ter vivido realmente ou não; ou quando representa uma adolescente de 13 anos, que acredita que 'tudo pode ser' quando estamos abertos. Cada personagem traz uma questão para reflexão", pontua Solano.
Em cena, usando uma linguagem chapliniana, Augusto se expressa de forma doce, meiga e inocente, destaca o artista. "Quem percebe essa invisibilidade dele é o público, pois ele em nenhum momento se dá conta que o que aproveitam dele nos sets é muito aquém do que pode oferecer", observa Solano. "Mas ele pode terminar a peça percebendo a importância de ser quem ele é", revela.

O ator conta que a construção da dramaturgia surgiu a partir do processo Escrita na cena , desenvolvido por Isabel, através do qual vários espetáculos já foram criados. "Consiste em improvisar um texto, com fluxo narrativo de 40 min ou uma hora. Depois, ela transcreve esse material e faz uma devolutiva com um áudio com as avaliações dela, estimulando para um segundo ritmo narrativo. No caso de O figurante foram sete idas e vindas, até chegarmos em um dossiê do Augusto. Aì, fizemos o prototexto, depois fomos ensaiar, e ainda fomos mudando muito ao levar para a cena, então com as impressões do Miguel", conta Solano. "Fizemos seis finais diferentes, e até hoje, mesmo depois de estrear, o texto segue se desdobrando e ganhando profundidade".

Com esta peça, Solano e Thiré celebram seu quinto trabalho em parceria, entre os quais o espetáculo Selfie, espetáculo que lotou os teatros do Rio de Janeiro e São Paulo entre 2014 e 2016. Também Isabel já havia trabalhado recentemente com o ator, na novela Elas por elas, da TV Globo.
O figurante ainda dá continuidade à pesquisa de linguagem desenvolvida há anos por Thiré e Solano: uma encenação essencial, que se vale basicamente do corpo e da voz como balizas do jogo cênico. No palco nu, o ator dá vida ao protagonistas e demais personagens através do trabalho mímico – tudo é desenhado por ele na cena.
"Sempre acreditei em um teatro que debate direto com a sociedade, que toca o público. O que queremos dizer? Como vamos dizer? Neste quinto trabalho juntos, a proposta é fazer este personagem não imprimir, estar fora de foco, ser quase parte da mobília", explica o diretor. Esta é a primeira vez que Solano se apresenta no Theatro São Pedro. "Estou empolgado para pisar nesse palco emblemático", afirma.

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