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Publicada em 23 de Outubro de 2024 às 01:25

Quatro décadas em direção à música brasileira

James Liberato celebra 40 anos de carreira com o show Jazz da Terra, 
que acontece nesta sexta-feira no Teatro Oficina Olga Reverbel

James Liberato celebra 40 anos de carreira com o show Jazz da Terra, que acontece nesta sexta-feira no Teatro Oficina Olga Reverbel

/DANIEL MUSSKOPF/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Vencedor de quatro prêmios Açorianos de Música (1991, 1995, 2004, 2020), James Liberato construiu uma sólida carreira nas últimas quatro décadas. Para celebrar essa trajetória, ele irá realizar um espetáculo que resgata algumas de suas composições, com apresentação única nesta sexta-feira, no Teatro Oficina Olga Reverbel (Praça Mal. Deodoro, s/n). Intitulado Jazz da Terra (mesmo nome do primeiro show do artista, em 1985), o evento musical contará com participações especiais, a exemplo de Anacris Bizarro (vocal), Thiago Colombo (violino) e Pablo Schinke (cello), entre outras surpresas. Os ingressos custam R$ 40,00 (meia-entrada) e R$ 80,00 (inteira), e estão à venda pelo site do Theatro São Pedro.
Vencedor de quatro prêmios Açorianos de Música (1991, 1995, 2004, 2020), James Liberato construiu uma sólida carreira nas últimas quatro décadas. Para celebrar essa trajetória, ele irá realizar um espetáculo que resgata algumas de suas composições, com apresentação única nesta sexta-feira, no Teatro Oficina Olga Reverbel (Praça Mal. Deodoro, s/n). Intitulado Jazz da Terra (mesmo nome do primeiro show do artista, em 1985), o evento musical contará com participações especiais, a exemplo de Anacris Bizarro (vocal), Thiago Colombo (violino) e Pablo Schinke (cello), entre outras surpresas. Os ingressos custam R$ 40,00 (meia-entrada) e R$ 80,00 (inteira), e estão à venda pelo site do Theatro São Pedro.
Além dos convidados, a apresentação contará com a presença da banda parceira de Liberato ao longo de sua trajetória - formada pelos músicos Amauri Iablonovsky (sax e flauta), Ronie Martinez (bateria), Everson Vargas (baixo) e Luis Henrique New (piano). "São meus colegas de vida e de música; participamos de vários trabalhos juntos", comenta o compositor e instrumentista, a respeito do quarteto que irá acompanhá-lo durante o show desta sexta-feira. Ele adianta que o espetáculo terá um repertório de 15 músicas, sendo seis mais recentes, principalmente de seu último álbum, Manacô (2019), onde o artista reflete sobre "uma transição natural como músico e ser humano". "Apesar do nome ser o mesmo (em memória), este será um espetáculo bastante diferente do primeiro que fiz, gerado a partir do marco inicial da minha carreira, ocorrido com uma apresentação no projeto Unimúsica, da Ufrgs, em 1984."
O show começa marcado pela exploração do jazz fusion (com fusão de rock e baladas), característico do que Liberato fazia nos anos 1980. Ele conta que, naquela época, suas influências vinham da música norteamericana, feita por guitarristas como George Benson e Pat Metheny, e pelo trompetista e compositor Miles Davis. "A apresentação vai iniciar com Rain song, composição do meu segundo álbum, Sotaque Brasil, de 1988; depois iremos tocar algumas mais antigas, entre as quais uma composição que foi feita em 1993, Choro torto (do álbum Off road, de 1995), que foi feita em parceria com o produtor Carlos Branco, que na época tocava bandolim", destaca. "Aos poucos, vai perpassando por minha imersão na música brasileira e incorporando ritmos tradicionais como baião e choro, com Baião da Amizade, Litorânea, Espelho D'água, Frevo bandido e Amor e música, essa última que fiz em parceria com a Anacris, que é minha companheira e uma cantora maravilhosa, com composições bem dentro da linha da cultura afro-brasileira", ressalta.
Ao comentar que fez um apanhado das composições que gostaria de tocar nessa celebração de 40 anos de estrada, Liberato sinaliza que seu critério para formatar o setlist também passou por uma "sequência lógica", que ora cresce e ora diminui de intensidade. "Tenho estudado muito a música brasileira nos últimos anos e, no meu trabalho atual, buscado misturar a linguagem do jazz e do instrumental com as raízes da nossa terra", afirma o artista. Segundo ele, tanto nos timbres quanto nos ritmos e instrumentos, existe uma "clara manifestação" da cultura brasileira (que já existia nos trabalhos anteriores em doses menores), sem deixar de lado os improvisos que vêm do jazz.
Manacô é o nome de uma tribo indígena do Sul da Amazônia e reflete a reciprocidade que percebe o outro ser humano, que tem uma visão humana, destaca James Liberato, se referindo ao título seu álbum mais recente. "É isso que a gente tenta refletir através do nosso trabalho...claro que a música instrumental é muito subjetiva, mas trazemos nesse resgate da música brasileira, com elementos dos povos indígenas e dos povos negros que habitam o Brasil e sempre foram colocados em uma posição secundária", reflete. "Depois que descobri Hélio Delmiro (guitarrista e violonista de jazz e de música brasileira, considerado um dos grandes expoentes destes instrumentos no Brasil, e que acompanhou Elis Regina), Hermeto Pascoal (compositor e arranjador) e os guitarristas brasileiros que fazem música de qualidade, passei a olhar mais para isso; eles 'foram me puxando' para a musica brasileira e MPB", observa. 
Formado em violão erudito, o compositor e guitarrista, que consolidou seu nome na música instrumental brasileira e no jazz, explorando diversas formações e estilos, gravou cinco álbuns e participou de diversos projetos como produtor e arranjador. Também costuma tocar com orquestras, acompanhando artistas nacionais e internacionais, e produziu com o grupo Trezegraus, em 1999, um CD de mesmo nome. "Desde lá, eu e o Thiago Colombo (que é professor de Música na UFPel) passamos a 'trocar figurinhas', e agora ele estará conosco nessa apresentação, em um momento de sonoridade próxima do erudito no jazz. Outra felicidade é contar com a presença do Pablo Schinke, que foi meu aluno de violão quando tinha 11 anos, depois residiu na Europa por muitos anos, e hoje é um violoncelista de primeiro mundo e um músico respeitadíssimo", sinaliza o artista.

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