A beleza e a força de um cardume serviu de inspiração para a criação do espetáculo de dança Peixes, que apresenta a vida no mar como metáfora para o mundo atual e o futuro que está sendo construído pela humanidade. Concebida, dirigida e coreografada pela atriz e bailarina Camila Vergara, a montagem será apresentada nesta quarta (18) e na quinta-feira (19), sempre às 20h, no Teatro da Pucrs (av. Ipiranga, 6681 / prédio 40). Os ingressos são gratuitos e devem retirados na bilheteria do teatro, uma hora antes da sessão começar. A classificação é de 14 anos e, por não conter falas, o espetáculo é acessível ao público surdo.
Produção independente, contemplada pelo edital Fumproarte, da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Porto Alegre, Peixes conta ainda com a co-realização da Pucrs. Em cena,
dez artistas com trajetórias diferentes no universo da dança conduzem a plateia em um mergulho metafórico sobre o mundo contemporâneo. Esse é o primeiro trabalho autoral de Camila, que – em seus dez anos de trajetória artística – assinou outras montagens, a exemplo de Cartas honestas a danças duras (direção cênica) e Água redonda e comprida (direção de movimento), que se destacam entre as mais recentes. A bailarina e atriz também é cofundadora do grupo Máscara EnCena, onde respondeu pela a autoria, junto ao coletivo, dos premiados espetáculos Imobilhados e 2068.
dez artistas com trajetórias diferentes no universo da dança conduzem a plateia em um mergulho metafórico sobre o mundo contemporâneo. Esse é o primeiro trabalho autoral de Camila, que – em seus dez anos de trajetória artística – assinou outras montagens, a exemplo de Cartas honestas a danças duras (direção cênica) e Água redonda e comprida (direção de movimento), que se destacam entre as mais recentes. A bailarina e atriz também é cofundadora do grupo Máscara EnCena, onde respondeu pela a autoria, junto ao coletivo, dos premiados espetáculos Imobilhados e 2068.
Em Peixes, ela trabalhou com a dramaturgia corporal para chegar ao resultado do espetáculo, que reúne também composições do próprio elenco, a partir de pesquisas individuais, inseridas no processo criativo. "A montagem é de dança, mas com uma pegada mais teatral, com ênfase nos estados corporais, nos sentimentos e emoções dos bailarinos, para além da qualidade do movimento", observa.
Tendo como "personagem principal" um cardume que se encontra em águas rasas, e, no decorrer da narrativa, vai se aprofundando no mar e se transformando em seres híbridos, a montagem faz uma analogia para a reflexão sobre o presente, o futuro e a força do coletivo em um mundo onde as individualidades são cada vez mais enfatizadas. "Dançar em cardume requer dos bailarinos um estado afinado de escuta em relação ao outro: um jogo de equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo. Enquanto diretora, busquei este mesmo estado ao compreender cada artista como agente criador no desenvolvimento da dramaturgia e da linguagem de movimento do espetáculo. Os discursos representados por cada corpo aproximam as metáforas evocadas na peça às questões sociais", ressalta Camila.
Tendo como "personagem principal" um cardume que se encontra em águas rasas, e, no decorrer da narrativa, vai se aprofundando no mar e se transformando em seres híbridos, a montagem faz uma analogia para a reflexão sobre o presente, o futuro e a força do coletivo em um mundo onde as individualidades são cada vez mais enfatizadas. "Dançar em cardume requer dos bailarinos um estado afinado de escuta em relação ao outro: um jogo de equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo. Enquanto diretora, busquei este mesmo estado ao compreender cada artista como agente criador no desenvolvimento da dramaturgia e da linguagem de movimento do espetáculo. Os discursos representados por cada corpo aproximam as metáforas evocadas na peça às questões sociais", ressalta Camila.
Ela conta que a ideia surgiu em 2020, quando realizou seu projeto de Mestrado em Artes Cênicas na Ufrgs, inspirada nas lembranças de uma experiência pessoal em mergulho com cilindro. "Eu vi um cardume de sardinhas e fiquei encantada com a movimentação delas na água: os deslocamentos, a estética (cores, tamanhos, diversidade); mais tarde pensando nos peixes e de como eles se movem de forma dispersa, repetindo suas ações, comecei a visualizar essa rotina e perceber semelhanças com o ser humano, que nos tempos de hoje tem um estado de presença muito fragmentado por estímulos das redes sociais e publicidade", revela.
Com trama onírica, acompanhada de trilha sonora original (de Caio Amon) e figurinos (Vitor Pedroso) criados especialmente para o espetáculo, "o cardume", enquanto é levado pelo movimento das correntes marítimas rumo a águas profundas, encontra uma rede de pesca e outros objetos humanos evocados pela cenografia (também assinada por Pedroso). "Esses elementos simbolizam a ameaça ambiental e a facilidade de captura da atenção da sociedade, cada vez mais dispersa e cheia de estímulos", adianta a diretora.
"Como não poderia deixar de ser, ao longo do processo, a questão ambiental se tornou um ponto importante da narrativa", admite Camila. "É algo que está aí; então, para além da questão existencial, a montagem também tem esse olhar para o politico e o social, que estão presentes de forma muito metafórica e imagética através dos corpos que escolhemos levar para a cena", destaca.
Ainda que trabalhando principalmente com cenas coletivas, onde a unidade é baseada na dança contemporânea, Peixes apresenta ao público alguns solos de break, dança flamenca, Butoh, entre outros. "Mas nem de longe é um 'show de talentos': buscamos encontrar estabelecer pontos em comum nas bases do movimento do corpo do elenco, que se desloca junto, com solos sutis, em determinados momentos, que foram postos ali para contribuir com a dramaturgia", pondera a diretora.