O Araújo Vianna teve sua natureza de auditório transformada neste sábado (31), quando o cantor e compositor Zeca Pagodinho pisou no palco — como só ele pisa — para comemorar com os fãs seus 40 anos de carreira. Se a plateia, de pé do início ao fim do espetáculo, não pôde se tornar uma grande ‘roda de samba’ devido à configuração arquitetônica, a ‘meia-lua’ e as rodas menores que se formavam nas laterais do espaço, que é um templo da música nacional, fizeram jus ao clima de festa e de amizade na noite de Porto Alegre.
Zeca assumiu seu lugar ao microfone, onde um copo de cerveja e outro de água o esperavam na mesa de apoio, às 21h29min. Ele vestia uma boina de gaúcho e uma camisa azul de botões, traje típico do artista. Sem delongas, iniciou o setlist com "Camarão que Dorme a Onda Leva", composição que lhe conferiu projeção ao ser gravada com Beth Carvalho, uma das homenageadas no telão do palco, ao lado de outros grandes nomes do samba, como Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Alcione e Jorge Aragão.
Nos noventa minutos seguintes de show, o público teve a oportunidade de cantar e dançar os sucessos da carreira do ‘embaixador de Xerém’, que passeiam pelos temas mais caros ao artista, como religiosidade, amizade, boemia e, claro, romance. Com toda a simplicidade que lhe é característica, Zeca engatou em seguida "Pisa Como Eu Pisei". “Chega como eu cheguei, pisa como eu pisei, no chão que me consagrou”, entoou com a força de uma voz que, passados tantos anos, não o abandonou. Ali, antes da música começar, deu uma bebericada na cerveja e fez até passinho. O espetáculo estava oficialmente batizado. A terceira música foi "Ser Humano", uma oração para tudo que, na visão dele, a humanidade pode ser.
Zeca assumiu seu lugar ao microfone, onde um copo de cerveja e outro de água o esperavam na mesa de apoio, às 21h29min. Ele vestia uma boina de gaúcho e uma camisa azul de botões, traje típico do artista. Sem delongas, iniciou o setlist com "Camarão que Dorme a Onda Leva", composição que lhe conferiu projeção ao ser gravada com Beth Carvalho, uma das homenageadas no telão do palco, ao lado de outros grandes nomes do samba, como Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Alcione e Jorge Aragão.
Nos noventa minutos seguintes de show, o público teve a oportunidade de cantar e dançar os sucessos da carreira do ‘embaixador de Xerém’, que passeiam pelos temas mais caros ao artista, como religiosidade, amizade, boemia e, claro, romance. Com toda a simplicidade que lhe é característica, Zeca engatou em seguida "Pisa Como Eu Pisei". “Chega como eu cheguei, pisa como eu pisei, no chão que me consagrou”, entoou com a força de uma voz que, passados tantos anos, não o abandonou. Ali, antes da música começar, deu uma bebericada na cerveja e fez até passinho. O espetáculo estava oficialmente batizado. A terceira música foi "Ser Humano", uma oração para tudo que, na visão dele, a humanidade pode ser.
Uma das ‘rodas de samba’ ao lado direito da plateia era composta por pessoas de diferentes idades, que, aparentemente tendo se conhecido no show, dançavam entre si, cantavam de olhos fechados e dividiam o copo. Aliás, a presença de Zeca no repertório de diferentes gerações e estilos era evidente, sinal da universalidade do sambista. A maioria do público era adulta, mas era possível identificar muitos adolescentes e idosos. Um casal, que dançava agarradinho ao som de "Seu Balancê", usava camisetas de bandas de rock, o que também demonstra a penetração do artista nas diversas tribos. “Conseguiu gravar? Todo mundo tem uma música do Zeca que marca, que quer guardar para sempre”, perguntou uma fã à reportagem durante a canção "Verdade". Na lista, para total emoção do público, constavam ainda "Lama nas Ruas", clássico dele com Almir Guineto, "Quando a Gira Girou", "Faixa Amarela", "Samba Pras Moças", "Coração em Desalinho", "Mais Feliz" e "Não Sou Mais Disso".
Viagem musical apresentou principais sucessos do cantor em 40 anos de carreira
Edu De Ferrari/ Opus/ Divulgação/JC
Fé e boemia
Nas músicas “Minha Fé/ Patota de Cosme/ Ogum”, a plateia, amostra “sincretizada na fé” da história brasileira, pôde observar um Zeca que, em determinado momento, se entregava também ao seu santo, sentado e escutando junto ao público, como se pedisse bênção. “São Jorge sentou praça na cavalaria/ Eu estou feliz, porque eu também sou da sua companhia/ Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge/ Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem/ Tenham mãos e não me peguem, não me toquem/ Tenham olhos e não me enxerguem/ E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal”, ecoava no auditório. Devoto de São Jorge, Orixá Ogum em religiões de matriz africana, Zeca Pagodinho comemora o dia do santo, em 23 de abril, todos os anos.
O sambista iniciou sua carreira nas rodas do subúrbio do Rio de Janeiro, como a lendária roda do Cacique de Ramos. E, como para quem é fiel à boemia desde cedo não poderia faltar "Maneiras" no repertório, uma das músicas mais esperadas pelo público, que cantava a pulmão pleno como uma resposta aos moralistas que condenam a vida noturna, Zeca assumiu a voz embriagada. “Se eu quiser beber, eu bebo. Eu pago tudo o que eu consumo. Com o suor do meu emprego.” A essa altura, um copo com líquido escuro, que poderia muito bem ser Coca-Cola, suco de uva ou vinho, já havia assumido o lugar da gelada no paladar de Zeca.
Para completar a viagem musical, "Deixa a Vida me Levar", hit que extrapolou o nicho do samba e virou um verdadeiro hino da resiliência brasileira, encerrou o espetáculo. “Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez... Só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu”, cantou abanando as mãos em saudação, elevando ainda mais o astral do auditório. “Que bonito, Porto Alegre!”, repetiu algumas vezes o cantor durante o show.
Sem que a plateia precisasse implorar, no entanto, ele, com todo seu carisma habitual, logo retornou ao palco para um bis, uma mistura de "Casal Sem Vergonha" com "Bagaço da Laranja". “Até amanhã, se Deus quiser”, despediu-se ao final o cantor de 65 anos - um dos maiores sambistas do Brasil e defensor incansável da cultura nacional - referindo-se ao show extra que será realizado neste domingo (1º), mais uma oportunidade de estar entre amigos para celebrar o legado de quatro décadas de Jessé Gomes da Silva Filho, o inconfundível Zeca Pagodinho.
O sambista iniciou sua carreira nas rodas do subúrbio do Rio de Janeiro, como a lendária roda do Cacique de Ramos. E, como para quem é fiel à boemia desde cedo não poderia faltar "Maneiras" no repertório, uma das músicas mais esperadas pelo público, que cantava a pulmão pleno como uma resposta aos moralistas que condenam a vida noturna, Zeca assumiu a voz embriagada. “Se eu quiser beber, eu bebo. Eu pago tudo o que eu consumo. Com o suor do meu emprego.” A essa altura, um copo com líquido escuro, que poderia muito bem ser Coca-Cola, suco de uva ou vinho, já havia assumido o lugar da gelada no paladar de Zeca.
Para completar a viagem musical, "Deixa a Vida me Levar", hit que extrapolou o nicho do samba e virou um verdadeiro hino da resiliência brasileira, encerrou o espetáculo. “Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez... Só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu”, cantou abanando as mãos em saudação, elevando ainda mais o astral do auditório. “Que bonito, Porto Alegre!”, repetiu algumas vezes o cantor durante o show.
Sem que a plateia precisasse implorar, no entanto, ele, com todo seu carisma habitual, logo retornou ao palco para um bis, uma mistura de "Casal Sem Vergonha" com "Bagaço da Laranja". “Até amanhã, se Deus quiser”, despediu-se ao final o cantor de 65 anos - um dos maiores sambistas do Brasil e defensor incansável da cultura nacional - referindo-se ao show extra que será realizado neste domingo (1º), mais uma oportunidade de estar entre amigos para celebrar o legado de quatro décadas de Jessé Gomes da Silva Filho, o inconfundível Zeca Pagodinho.