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Publicada em 19 de Agosto de 2024 às 15:20

Silvio Santos, eu, meu pai e os domingos à noite em frente à TV

Silvio Santos marcou gerações ao tornar alegre o final do domingo

Silvio Santos marcou gerações ao tornar alegre o final do domingo

SBT/Divulgação/JC
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Juliano Tatsch
Juliano Tatsch Editor-assistente
Sentado em frente à televisão desligada na noite deste domingo (18), tive um daqueles momentos de nostálgica lembrança, em que a gente se pega emocionado recordando um instante, uma passagem, por mais singela que seja, de nossa vida, e balbucia entre dentes “como eram bons aqueles dias”.
Sentado em frente à televisão desligada na noite deste domingo (18), tive um daqueles momentos de nostálgica lembrança, em que a gente se pega emocionado recordando um instante, uma passagem, por mais singela que seja, de nossa vida, e balbucia entre dentes “como eram bons aqueles dias”.
Aquele era o horário em que sentávamos, meu pai e eu, no sofá da sala e dávamos boas risadas assistindo às tradicionais câmeras escondidas do Topa Tudo por Dinheiro. Ivo Holanda, Gibe, Ruth Romcy, Fernando Benini nos fizeram rir, e isso era muito bom.
Mas, além disso, aquela meia hora em que ficávamos, apenas nós dois, sentados no sofá da sala, com a luz desligada, diante da TV de tubo cinza da Phillips, era um momento de sincronia entre meu pai e eu. Aquelas pegadinhas foram fundamentais no estreitamento dos nossos laços e, também, na criação de memórias afetivas entre nós dois.
Eu nunca vou esquecer do jeito que meu pai ria quando alguém caía nas brincadeiras. Ele gargalhava alto e, do quarto, minha mãe reclamava, pois queria dormir.
Nos dias frios, um chá quente acompanhava a sessão, sempre, é claro, junto com uma bolachinha para enganar o estômago antes de dormir.
Quando o quadro terminava, a TV era desligada, o “boa noite” era dito, e cada um ia para o seu quarto. O domingo havia acabado, com um sorriso. Não se poderia pedir nada melhor.
A morte de Sílvio Santos, no sábado (17), me pegou especialmente por causa disso. Para mim, não morreu apenas o comunicador excepcional, o empresário de sucesso, o personagem inigualável. Morreu o cara que proporcionou aqueles momentos a mim. Serei grato para sempre.
Conversando com meu pai ainda no sábado, falamos rapidamente sobre Silvio Santos. Foi uma daquelas conversas corriqueiras, de como ele já tinha idade avançada, de como o SBT irá se virar sem seu fundador, de como os outros canais de televisão estavam noticiando a sua morte. Encerramos o telefonema com o meu pai dizendo que Silvio “vai fazer falta”.
Vai sim. Silvio vai fazer falta, como fazem falta aquelas noites de domingo no sofá da sala com a luz desligada em frente à TV Phillips vendo as câmeras escondidas do Topa Tudo Por Dinheiro.

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