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Publicada em 14 de Agosto de 2024 às 16:33

Vera Fischer recebe Troféu Cidade de Gramado: "estou com o coração aberto para vocês"

Atriz com cinco décadas de carreira, Vera Fischer recebe homenagem do Festival de Cinema de Gramado nesta quarta-feira (14)

Atriz com cinco décadas de carreira, Vera Fischer recebe homenagem do Festival de Cinema de Gramado nesta quarta-feira (14)

EDISON VARA/PRESSPHOTO/DIVULGAÇÃO/JC
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Igor Natusch
Igor Natusch Editor de Cultura
De Gramado
De Gramado
Com mais de cinco décadas dedicadas à atuação e uma coleção de papeis marcantes no cinema, teatro e televisão, Vera Fischer coleciona motivos para ser lembrada como uma das principais atrizes do País em todos os tempos. Ela recebe, nesta quarta-feira (14), o Troféu Cidade de Gramado, concedido a nomes que contribuíram para a divulgação e crescimento tanto do Festival de Cinema de Gramado, quanto do próprio município. Demonstrando bastante alegria, a atriz concedeu coletiva antes da cerimônia no Palácio dos Festivais, e garantiu estar "muito surpresa e feliz" com o convite.
"A gente achava que não ia ter (a realização do Festival) e, como não frequento há tempos, não esperava (ser lembrada). Ser homenageada por Gramado depois desse tempo, em meio a essa tragédia (enchentes no Estado), é algo que me deixa muito feliz e agradecida, comovida inclusive. Essa edição estar acontecendo é uma demonstração de resistência muito grande, um ato de fé que eu aplaudo. Estou aqui com o coração aberto para vocês", comentou.
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O primeiro papel na telona veio em 1972, com Sinal Vermelho - As fêmeas, de Fauzi Mansur. Um filme que acabou sendo decisivo para todo o cinema nacional, já que garantiu uma ampla carreira a quem, em princípio, nem mesmo desejava ser atriz. "Depois de ter sido miss (Brasil, em 1969), eu queria o impossível: sonhava em ser bailarina clássica e arqueóloga", relembrou, como se risse da própria ingenuidade de menina. "Mas foram surgindo os convites (para atuar) e eu fui fazendo, mas com a certeza absoluta de que eu não era atriz. São coisas que vão te chamando e você tem que dizer sim", refletiu.

A mudança de pensamento sobre a profissão, diz ela, veio a partir do convite para participar de Intimidade (1975), de Perry Salles. Aclamada no papel de Tânia Velasco, ela viu no reconhecimento a certeza de que o caminho não tinha - e nem era para ter - volta. "Foi o filme que fez com que eu me enxergasse como atriz, que fez com que eu dissesse a mim mesma: eu posso fazer, eu consigo fazer, as pessoas gostaram, agora vou direcionar minha vida para isso", recordou.

A partir daí, foi uma trajetória de enorme sucesso, com participações em clássicos como Bonitinha Mas Ordinária (1981), Doida Demais (1986) e Navalha na Carne (1997), além de atuações dirigidas por mestres como Arnaldo Jabor, Sérgio Rezende e Walter Hugo Khoury. A passagem pelas chanchadas também foi marcante - e Vera Fischer faz questão de lembrar desse período de sua trajetória. "Eu tenho orgulho de dizer que fiz pornochanchada", afirma, com firmeza. "Era um cinema muito perseguido, mas que tinha essa proposta de ser um movimento mais alegre, mais aberto contra aquela ditadura tão fechada. Eu fico orgulhosa de ter participado daquele momento, de ter sido parte daquele segmento".
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Outro momento da carreira de Fischer que se viu envolto em polêmica foi o longa Amor Estranho Amor (1982), de Walter Hugo Khoury. O longa teve as cópias recolhidas por iniciativa de representantes da atriz Xuxa Meneghel, que aparece nua em cena e contracena com um menino de 12 anos. "Eu fiquei chateada porque era um filme tão bonito... Várias cenas eram belíssimas, com enquadramentos baseadas na pintura e na escultura, o Walter era um diretor que imprimia cultura nos takes que fazia. Não fiquei chateada com ela (Xuxa), era a estrutura da vida dela que não permitia (aquela exposição no longa). Mas o filme continua bonito, é atemporal", comentou.

Atualmente, a atriz está afastada das telas - em especial as da televisão, onde viveu personagens marcantes como a Helena de Laços de Família, mas um formato do qual ela se sente, hoje em dia, totalmente desconectada. "No momento, tenho mais prazer com o teatro. Em televisão, eu acho que fiz boas coisas na época em que eram boas. Hoje eu não acompanho, mas pelo que me contam há muitos remakes, o que é um sinal de falta de criatividade para coisas novas. Não sinto saudades, não gostaria (de fazer novamente). Séries, sim. E filmes sim, me chama, me chama!", brincou.

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