Estreia de Dira Paes na direção de longas, Pasárgada foi a principal atração no Palácio dos Festivais nesta terça-feira (13), dentro da mostra competitiva de longas do Festival de Cinema de Gramado. Na tela, Dira Paes assume o papel de Irene, uma ornitóloga que se embrenha em uma área pouco explorada da Mata Atlântica, em busca de uma espécie rara de pássaro - uma jornada que envolve aspectos sombrios, na medida em que ela está envolvida com o tráfico internacional de animais. Pelo caminho, ela acaba tendo contato com Manuel (Humberto Carrão), um guia que tem profunda conexão com os pássaros da região - e essa proximidade faz com que Irene questione seus caminhos até então, em um processo de transformação como profissional, mulher e ser humano. O resultado é um longa no qual a questão sonora assume um aspecto narrativo bastante acentuado, com o canto dos pássaros e as imersões no universo da mata sendo um dos principais fios condutores da trama.
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Concebido e rodado durante a pandemia, Pasárgada nasceu do isolamento de Dira Paes e seu marido Pablo Barão, que passaram o período mais crítico da covid-19 no Arraial do Sana, em Macaé, no Rio de Janeiro. Na realização do longa, eles e a equipe viveram um período de isolamento, com Dira Paes na direção e Barão se encarregando da direção de fotografia. "Quando comecei minha pesquisa sobre os ornitólogos, ouvi de um deles uma frase que me impactou muito: 'para o ornitólogo, ver é ouvir de olhos fechados'", recorda a atriz e diretora. "Os pássaros, durante a pandemia, naquele silencio total, eram barulhentos à beça, e isso já nos deu a dimensão de importância do som do filme", acrescenta, traçando um paralelo entre a imersão nos sons da natureza e o envolvimento do espectador com o universo do longa. "Quando você submerge, o som é amplificado e perde nitidez, e eu queria que o espectador experimentasse a sensação da Irene mergulhando", reforça.
Outro elemento fundamental na estética de Pasárgada, segundo Dira Paes, está na busca de um tempo narrativo desacelerado, coerente com o andamento nas coisas - e das vidas - na Mata Atlântica. "Eu queria mostrar a importância da observação, de como (observar e pesquisar pássaros) exige tempo, deslocamento, suor. A gente é alimentado por filmes que têm essa necessidade de ser provocadores e excitantes o tempo todo, e eu queria uma outra coisa, mais conectada com o que estava vivendo (durante a pandemia)."
A decisão de atuar e dirigir ao mesmo tempo, segundo a realizadora, surgiu de um misto de naturalidade e praticidade. "Eu queria participar de todas as etapas, eu já contei comigo (como atriz) e achei, que contando comigo, eu ia ganhar tempo e economizar um certo orçamento", brinca. "Mas é questão de ter um certo domínio cênico, sou uma atriz acostumada a abstrair a presença da equipe por trás da câmera, então achei que me facilitava. E eu fui meio que dirigida também, a partir das impressões das pessoas que estavam assistindo as cenas", acentua.
A experiência como diretora foi, para Dira Paes, "um sentimento que não foi refreado". "Eu sou atriz, substancialmente, quero ser atriz, mas essa experiência (da direção) foi um transbordamento", descreve. "Não sei ainda (se vou dirigir outros longas), tenho projetos de filme passeando pela minha cabeça, mas tenho roteiros muito interessantes para fazer como atriz, também. Então, agora acho que volto para o meu universo de atriz e, no futuro, vamos ver o que a diretora vai fazer". Pasárgada está com estreia nos cinemas marcada para 26 de setembro.
Concebido e rodado durante a pandemia, Pasárgada nasceu do isolamento de Dira Paes e seu marido Pablo Barão, que passaram o período mais crítico da covid-19 no Arraial do Sana, em Macaé, no Rio de Janeiro. Na realização do longa, eles e a equipe viveram um período de isolamento, com Dira Paes na direção e Barão se encarregando da direção de fotografia. "Quando comecei minha pesquisa sobre os ornitólogos, ouvi de um deles uma frase que me impactou muito: 'para o ornitólogo, ver é ouvir de olhos fechados'", recorda a atriz e diretora. "Os pássaros, durante a pandemia, naquele silencio total, eram barulhentos à beça, e isso já nos deu a dimensão de importância do som do filme", acrescenta, traçando um paralelo entre a imersão nos sons da natureza e o envolvimento do espectador com o universo do longa. "Quando você submerge, o som é amplificado e perde nitidez, e eu queria que o espectador experimentasse a sensação da Irene mergulhando", reforça.
Outro elemento fundamental na estética de Pasárgada, segundo Dira Paes, está na busca de um tempo narrativo desacelerado, coerente com o andamento nas coisas - e das vidas - na Mata Atlântica. "Eu queria mostrar a importância da observação, de como (observar e pesquisar pássaros) exige tempo, deslocamento, suor. A gente é alimentado por filmes que têm essa necessidade de ser provocadores e excitantes o tempo todo, e eu queria uma outra coisa, mais conectada com o que estava vivendo (durante a pandemia)."
A decisão de atuar e dirigir ao mesmo tempo, segundo a realizadora, surgiu de um misto de naturalidade e praticidade. "Eu queria participar de todas as etapas, eu já contei comigo (como atriz) e achei, que contando comigo, eu ia ganhar tempo e economizar um certo orçamento", brinca. "Mas é questão de ter um certo domínio cênico, sou uma atriz acostumada a abstrair a presença da equipe por trás da câmera, então achei que me facilitava. E eu fui meio que dirigida também, a partir das impressões das pessoas que estavam assistindo as cenas", acentua.
A experiência como diretora foi, para Dira Paes, "um sentimento que não foi refreado". "Eu sou atriz, substancialmente, quero ser atriz, mas essa experiência (da direção) foi um transbordamento", descreve. "Não sei ainda (se vou dirigir outros longas), tenho projetos de filme passeando pela minha cabeça, mas tenho roteiros muito interessantes para fazer como atriz, também. Então, agora acho que volto para o meu universo de atriz e, no futuro, vamos ver o que a diretora vai fazer". Pasárgada está com estreia nos cinemas marcada para 26 de setembro.