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Publicada em 14 de Julho de 2024 às 19:11

Dança-teatro 'BIXA', de Jeferson Cabral, traz arte como manifesto contra o preconceito

Jeferson Cabral retrata sua luta contra a homofobia desde criança com dança, teatro, performance e música no Teatro do SESC Alberto Bins

Jeferson Cabral retrata sua luta contra a homofobia desde criança com dança, teatro, performance e música no Teatro do SESC Alberto Bins

JULIA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
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Maria Eduarda Zucatti Repórter
O espetáculo de dança-teatro BIXA, de Jeferson Cabral, estreia com apresentação única nesta sexta-feira (19), às 19h, no Teatro do Sesc Alberto Bins (av. Alberto Bins, 665). Os ingressos antecipados custam entre R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 50,00 (inteira) e estão disponíveis para compra no site EntreAtos Divulga. As entradas também podem ser adquiridas na bilheteria do teatro, a partir de 1h antes da apresentação. Neste caso, os valores passam para R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira). A montagem da Mimese Companhia de Dança Coisa é o primeiro espetáculo solo de Cabral, e expõe o preconceito de uma sociedade machista e misógina.
O espetáculo de dança-teatro BIXA, de Jeferson Cabral, estreia com apresentação única nesta sexta-feira (19), às 19h, no Teatro do Sesc Alberto Bins (av. Alberto Bins, 665). Os ingressos antecipados custam entre R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 50,00 (inteira) e estão disponíveis para compra no site EntreAtos Divulga. As entradas também podem ser adquiridas na bilheteria do teatro, a partir de 1h antes da apresentação. Neste caso, os valores passam para R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira). A montagem da Mimese Companhia de Dança Coisa é o primeiro espetáculo solo de Cabral, e expõe o preconceito de uma sociedade machista e misógina.
O show nada mais é do que um retrato da vida do artista convivendo com a homofobia diariamente, desde sua infância no bairro Cohab Cavalhada, na Zona Sul de Porto Alegre, até o seu tempo atual, adulto. Além de ser autor do texto, Jeferson assina também a concepção, o figurino, a composição e a direção cênica do espetáculo. Ele explica que a ideia principal do trabalho é reencontrar a sua criança interior. "As experiências que movem o início do trabalho vão numa direção de tentar fazer as pazes, né? E encontrar essa criança, hoje adulto, tendo a certeza de que ela faz parte de mim ainda."
Para criar sua atmosfera sonora e incentivar a expressividade do artista durante a performance, a obra explora o universo pop, utilizando uma trilha que relembra grandes sucessos musicais dos anos 1990 e 2000, responsáveis por formar a infância de Jeferson. "A música sempre foi o meu lugar de paz na infância. De pensar com conforto, de pensar amores, de imaginar outros lugares de existência."
O ator conta que, desde pequeno, foi acalentado por diversas figuras femininas em sua trajetória, e que isso lhe deu forças e compreensão de que ele não era anormal, muito menos errado em querer ser quem é. "Eu tinha só uma vizinha menina, e junto com a minha mãe e as mães dos outros meninos do condomínio eu sentia que podia ser eu mesmo, e que não havia nada de errado em ser gay", rememora. Ele completa contando que, depois que cresceu, amigos e companheiros de dança lhe mostraram que a vida pode ser simples e feliz, "abraçando, beijando e se divertindo com quem eu quiser".
O título da representação também diz muito sobre as experiências vividas e agora encenadas por Cabral no palco. "Uma das perguntas que me fiz foi: 'como fazer esse xingamento se tornar um memorial meu, a partir do meu olhar sobre o mundo?' E então eu comecei a escrever". O termo BIXA, então, serve como um ato de protesto, de ressignificação do insulto tão comum na sociedade homofóbica brasileira.
Em cena, o ator-bailarino utiliza de técnicas que defendem a ideia do ato de narrar a si como uma ferramenta de autoconhecimento, a exemplo de conceitos teóricos defendidos pela socióloga e antropóloga Marie Christine Josso. "Na performance, tem esse lugar de poder falar em primeira pessoa, de não precisar exercer um personagem. Porque durante todo o tempo da peça eu falo como Jeferson".
O ator-bailarino promete entregar um show que mistura dança, teatro, performance e música em uma apresentação intimista, vulnerável e singular. Cabral relata que, com o show, espera mostrar para o público que "a comunidade LGBT existe e produz arte". Além disso, expondo assuntos e vivências tão íntimas de uma pessoa da comunidade, o espetáculo quer "trazer para cenas nossas vozes e falar dos nossos corpos, como um ato de luta contra o conservadorismo, tanto na arte quanto na vida e na sociedade".
Além de agir como uma fusão entre diversos âmbitos de arte em um só show, BIXA representa um grito de liberdade, nas palavras de Jeferson, que "serve como um ato político, para tocar dentro de cada um dos espectadores e trazer essa autocrítica sobre si mesmo e sobre o modo como vivemos nossa vida".
 

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